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José Paulo Kupfer

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Encerrado o ciclo de deflação, previsão é de altas moderadas até fim do ano

11/10/2022 13h55

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Projeções confiáveis sinalizam o fim do ciclo de deflações no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), depois do recuo dos preços, no índice, em setembro e nos dois meses anteriores. Mas seriam moderadas as altas previstas para o último trimestre do ano.

Nas estimativas do economista Fabio Romão, experiente especialista em acompanhamento de preços da LCA Consultores, a inflação, medida pelo IPCA, apontará altas nas vizinhanças de 0,25%, em outubro, e de 0,3%, em novembro, com um pulo mais forte em dezembro, quando poderia subir 0,8%. "Preços de alimentos podem subir um pouco mais no último trimestre, mas dentro da sazonalidade prevista, o que não vinha acontecendo nos últimos anos", prevê Romão.

Com esses resultados, dos 7,17% de avanço no acumulado em 12 meses até setembro, a inflação recuaria a 6,1% em outubro e a 5,4% em novembro, fechando o ano em 5,5%. Apesar do recuo acentuado — até julho a variação estava acima de dois dígitos —, seria o segundo ano consecutivo de estouro do teto da meta de inflação. Para 2022, o centro da meta está fixado em 3,5%, com intervalo de tolerância entre 2% e 5%.

Em setembro, conforme divulgou o IBGE nesta terça-feira (11), a inflação recuou 0,29%, depois de quedas de 0,68% em julho e 0,36% em agosto. Também em setembro, como em julho e agosto, cortes nos preços dos combustíveis predominaram na deflação. O leite longa vida, devolvendo altas excessivas anteriores foi o segundo item com maior peso na puxada da inflação para baixo.

A deflação de setembro se deveu, mais uma vez, ao corte de impostos, que atinge com mais intensidade os preços administrados, mas também influencia alguns preços livres, segundo o economista José Francisco de Lima Gonçalves, do Banco Fator. Nestes, a contribuição para a variação do IPCA de setembro seria de 0,2%, e não de 0,02%. No caso dos administrados, em lugar de queda, haveria alta de 0,13%.

Sem considerar combustíveis — gasolina e etanol —, em lugar da deflação em setembro, a variação de preços apontaria elevação de 0,22%. "A não ser por alimentos no domicílio, em que fatores sazonais ou voláteis pesaram, recuos ou alívio em preços de serviços e industriais decorreram de mudanças em impostos, não de custos, nem de demanda", avalia Gonçalves.