Katherine Rivas

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Reportagem

Saiba quais são as 7 queridinhas do Itaú BBA para dividendos em 2025

Cada dia que passa, nos convencemos de uma coisa: 2025 será um ano extremamente complexo para as empresas da Bolsa brasileira. Se em 2024 virou quase um moda se apresentar como uma ação 'boa pagadora de dividendos', 2025 pode ser o ano das revelações. Só vai aguentar, quem tiver couraça para tal.

No Itaú BBA, a visão é realista: as empresas devem apresentar dificuldade em pagar dividendos, não por conta de reduzir seu payout (parcela do lucro destinada a proventos), mas sim porque os lucros das companhias serão consideravelmente menores, pressionando assim a remuneração dos acionistas.

E não era de se esperar menos diante das projeções que a instituição possui, tais como juros chegando a 15% em 2025, inflação em 5% no próximo ano e o dólar alcançando R$ 5,70 tanto em 2025 quanto em 2026. Quase um show de horrores.

Nunca o arroz com feijão fez tanto sentido nas carteiras de dividendos. Assim como outras instituições do mercado financeiro (veja entrevista aqui), as preferências do Itaú BBA para 2025 passam por setores tradicionais como energia elétrica, bancos e seguros. Como ninguém é de ferro, a instituição acrescentou uma pitada de risco, ao escolher também empresas dos setores de commodities e construção civil.

"Mas a nossa visão é um pouco diferente do mercado. Buscamos ações que além de entregar proventos garantam que o investidor também vai lucrar com a valorização dos papéis, mesmo que o dividend yield (retorno em dividendos) seja um pouco menor do que o praticado por concorrentes", adverte Victor Natal, estrategista de ações para pessoa física do Itaú BBA, em entrevista a esta coluna.

Confira a seguir quais as preferências do Itaú BBA para quem quer viver de renda em 2025:

Por que as empresas vão pagar menos dividendos em 2025?

Victor Natal apresenta alguns fatores que devem ser responsáveis pela redução de dividendos das empresas da bolsa. O primeiro é que diante dos juros elevados, o custo das dívidas das companhias aumenta e o resultado é menos geração de caixa e um lucro menor para distribuir.

O segundo motivo está relacionado a desaceleração da economia no país. Juros altos freiam a inflação, mas também a economia. Então aquelas despesas fixas que as empresas tinham, começam a pesar mais no balanço delas. Com isso, o lucro pode se tornar menor e, em consequência, teremos uma redução natural dos proventos.

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"De maneira geral, as empresas vão enfrentar dificuldades. Isso não significa necessariamente um payout (parcela do lucro destinada a proventos) menor. Pode ser que elas mantenham a proporção dos lucros distribuídos, mas como o lucro será consideravelmente menor, os dividendos serão mais baixos", explica Natal.

Apesar disso, quando o assunto é investir em ações, o estrategista destaca que estar exposto a pagadoras de dividendos, pode ser o melhor dos caminhos na bolsa, porque são empresas resilientes e geradoras de caixa.

Recorde de dividendos cancelado

Para o Itaú BBA, não existe a mínima chance de ter um ano recorde em distribuições de dividendos em 2025. Pelo contrário, a perspectiva é desanimadora.

Do ponto de vista internacional, Natal destaca que a China deve ter um crescimento abaixo do esperado, com impactos negativos respingando no Brasil. Já nos Estados Unidos, os cortes de juros podem demorar a acontecer. Até mesmo Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, banco central americano, comentou recentemente que a inflação pode levar até dois anos para alcançar a meta de 2%. Haja coração!

Já no Brasil, a combinação de juros muito altos com um risco fiscal latente também não ajuda, impedindo que a distribuição de dividendos seja pujante. "Não vejo um cenário em que o pagamento de dividendos seja mais interessante do que 2024", pondera Natal.

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Setores preferidos para dividendos

Entre os setores mais interessantes para dividendos, Natal enumera o de energia elétrica, com destaque para o segmento de transmissão e distribuição. Outros queridinhos são bancos e seguros.

Em exportadores de commodities, o estrategista de ações prefere optar pela escolha de empresas específicas e não do setor como um todo. Ele enumera nomes como Petrobras (PETR4), Vale (VALE3), Gerdau (GGBR4) e Klabin (KLBN11). Na construção civil, não deixa de lado a Direcional (DIRR3).

Mas adverte que é preciso entender a perspectiva para cada uma das empresas e se as companhias vão pagar dividendos ordinários ou existe potencial para distribuições extraordinárias, que engordem os rendimentos dos investidores.

As ações favoritas do Itaú BBA para dividendos em 2025

Mesmo fazendo menção a vários segmentos e empresas, o Itaú BBA tem bem claras as suas preferências para dividendos em 2025.

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Em bancos, Natal cita que a ação favorita é o Santander (SANB11), que vem apresentando uma melhora considerável do seu Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE). A perspectiva é de continuidade desta recuperação operacional em 2025. "A desvantagem é que se trata de uma ação menos líquida, então quando uma posição grande de ações é vendida acaba gerando volatilidade para o preço dos papéis", comenta.

Questionado sobre se o cenário macroeconômico desafiador poderia vir a aumentar a inadimplência do banco e prejudicar as carteiras de crédito, Natal lembra que tudo vai depender de para quem a instituição empresta dinheiro. No Santander, contudo, não enxerga isso como um problema.

"Vemos o Santander com uma percepção de longo prazo, investindo de forma razoável, mantendo as suas provisões para devedores duvidosos em níveis adequados. Caso algum problema ocorra, o Santander tem capital suficiente para evitar um grande impacto", avalia o estrategista.

Nas ações SANB11, o dividend yield (retorno em dividendos) esperado pelo Itaú BBA é de 8,2% para 2025.

Ainda no setor financeiro, Natal cita a B3 (B3SA3), a ação da bolsa brasileira, para a qual é esperado um dividend yield de 10% em 2025.

Em seguros, a ação preferida é Caixa Seguridade (CXSE3), para a qual o Itaú BBA enxerga dividendos de cerca de 8,5% em 2025. A justificativa é que a empresa passar por um bom momento operacional, com crescimento do lucro nos próximos anos graças à exposição a setores resilientes como o imobiliário, ganhos de eficiência nas operações e a elevada taxa de juros, que deve beneficiar seu resultado financeiro.

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Recentemente, a Caixa Seguridade comentou a esta coluna que pretende dar continuidade ao programa de dividendos trimestrais em 2025. Antes, a empresa pagava dividendos semestralmente em maio e novembro, mas passou a remunerar os investidores trimestralmente a partir de maio de 2024. A seguradora adota como estratégia distribuir 90% do seu resultado em dividendos todo ano.

No setor elétrico, a preferência é por transmissoras, mesmo que estas empresas sejam consideradas caras por alguns agentes de mercado. A ação favorita é a ISA Energia (ISAE4), com dividend yield projetado para 2025 de 9,2%.

Natal destaca que normalmente os contratos de transmissoras são reajustados por índices de inflação, como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M). Por conta disso, há uma previsibilidade muito grande na receita dessas companhias e resiliência nos lucros. "Isso faz com que estes segmentos sejam bons pagadores de dividendos", opina.

Como é um setor resiliente e que provavelmente blindará as carteiras dos investidores em 2025, Natal acredita que é natural que as ações de transmissoras não estejam baratas, porque acabam atraindo muitos acionistas. O importante, segundo ele, é enxergar as transmissoras com um olhar de longo prazo, no qual compensa ter as ações para receber bons dividendos.

Em commodities, a principal escolha de Natal é pela Petrobras (PETR4), para a qual enxerga potencial de se tornar uma das maiores pagadoras de dividendos da bolsa em 2025. O dividend yield esperado para o próximo ano está no patamar de 14%, considerando um barril de petróleo de US$ 77. Nesta projeção, o Itaú BBA espera dividendos ordinários de 12% (US$ 10,7 bilhões) e proventos extraordinários de 2% (US$ 1,7 bilhão).

A visão do Itaú BBA é muito positiva para a empresa, por uma combinação de fundamentos sólidos e governança aprimorada. Além disso, é esperado um crescimento de produção nos próximos anos, enquanto os preços do petróleo e margem de refino ainda estão elevados.

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A expectativa é que a geração de caixa seja sólida nos próximos trimestres, equilibrando investimentos e dividendos.

Natal lembra ainda que a Petrobras possui uma reserva de capital, onde estão provisionados dividendos. Para ele, existe a possibilidade de pelo menos 50% dessa reserva seja distribuída em 2025, o que poderia potencializar ainda mais o dividend yield da petroleira.

Em siderurgia e mineração, Natal prefere a Gerdau (GGBR4), mesmo com um retorno em dividendos baixo, de 4,5% para 2025. Enquanto a Vale (VALE3) deve entregar um dividend yield de 7,5%.

Ele destaca que o dividend yield da Gerdau não inclui potencial pagamento de proventos extraordinários. Além disso, Natal acredita que as ações GGBR4 possam valorizar após os resultados do 4° trimestre de 2024, que devem ser publicados apenas no primeiro trimestre de 2025. Desta forma, o investidor ganharia também com a valorização dos papéis. "Estruturalmente, vale mais a pena estar posicionado na Gerdau do que na Vale", avalia.

Para o Itaú BBA, a Gerdau é preferida por conta da exposição da empresa aos Estados Unidos e a independência do preço do minério de ferro, que pode cair em 2025 com menor produção de aço na China.
Apesar dos desafios no mercado brasileiro, o Itaú BBA espera ver importantes reduções de custos na Gerdau em 2025. Já no mercado norte-americano, a Gerdau vai se beneficiar da economia mais protecionista no próximo ano. As ações estariam baratas.

Por último, no setor de construção civil, a queridinha é a Direcional (DIRR3), que atua no segmento da baixa renda com o programa Minha Casa, Minha Vida. Com forte geração de caixa, é esperado um surpreendente retorno em dividendos de 20% em 2025. O dividend yield pode ainda saltar para entre 23% e 27% com possível venda de uma fatia da Riva, incorporadora e subsidiária da empresa que atua com média renda.

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Natal explica que os juros elevados acabam prejudicando mais construtoras focadas nos segmentos de média e alta renda. Mas em companhias de baixa renda como a Direcional, a dinâmica de venda de imóveis permanece sólida, por conta do déficit habitacional no Brasil.

Já entre os riscos, que poderiam pressionar dividendos, estaria a inflação de custos, que deterioraria o lucro da companhia. Embora, Natal enxergue essa possibilidade como remota, dado que a alta dos juros deve conter a escalada inflacionária no Brasil.

"A Direcional é uma empresa com operacional bom. A gestão sabe o que está fazendo. É uma companhia menor considerando o valor de mercado, mas que gera caixa e está blindada do ambiente macroeconômico desafiador", pontua Natal.

Gratas surpresas

Fora do radar de preferências, Natal acredita que a Eletrobras (ELET6) possa surpreender positivamente os investidores com dividendos robustos. Contudo, ele acha que o incremento nas remunerações dos acionistas deva acontecer mais para o final de 2025 ou em 2026.

"Se a Eletrobras não tiver que fazer investimentos em energia nuclear, pode se tornar uma boa pagadora de dividendos em algum momento", comenta o estrategista.

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Para o Itaú BBA, a Eletrobras vai conseguir equilibrar com sucesso o aumento dos investimentos em transmissão de energia, com o pagamento de dividendos atraentes no curto e médio prazo. Com endividamento baixo e fluxo de caixa livre positivo, a Eletrobras poderia superar os 9% de dividend yield em 2026, desde que distribuísse 100% do seu lucro.

A Eletrobras informou recentemente que iniciou um estudo da sua estrutura de capital, com o objetivo de começar a pagar dividendos intercalares trimestrais.

Já em relação a empresas estatais, Natal acredita que o Banco do Brasil (BBAS3) também continue entregando dividendos robustos em 2025.

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