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Gigante dos céus: como está reconstrução do Antonov um ano após seu fim
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Faz um ano que o maior avião do mundo, o cargueiro Antonov An-225, foi destruído em meio à guerra na Ucrânia. Agora um novo exemplar está sendo construído em local secreto.
O que aconteceu nesse período?
- Dias após a sua destruição, pedaços do An-225 começaram a ser retirados do local.
- O principal comandante do avião, Dmytro Antonov, defendeu a conclusão de um segundo exemplar da aeronave.
- Funcionários da empresa e o próprio Dmytro acusaram a companhia de não ter removido o avião do aeroporto a tempo, já que os ataques à região eram previstos.
- A fábrica da Antonov, que abrigava até então a estrutura não concluída de um segundo Antonov, também foi atacada.
- O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, chegou a pedir ajuda para a Turquia para construir o segundo exemplar, mas não conseguiu o dinheiro.
O An-225 também é chamado de Mriya, que significa sonho ou inspiração em ucraniano. Ele ainda é conhecido pela designação de Cossaco, dada pela Otan.
Segundo exemplar avança
No final de 2022, a fabricante confirmou que iniciou a reconstrução do avião em um local secreto. Segundo o presidente da empresa, Eugene Gavrylov, esse segundo exemplar deve custar cerca de 500 milhões de euros (cerca de R$ 2,744 bilhões), mas ainda seria muito cedo para estimar um valor exato.
Em novembro, 30% dos materiais disponíveis para a fabricação do novo avião estavam prontos. Diversos projetos estão buscando captar dinheiro para concluir a aeronave, como a venda de objetos temáticos relacionados ao avião, feita no aeroporto alemão de Leipzig/Halle, local frequentado constantemente pelo gigante.
Jogo da Microsoft ajuda na construção
Em alusão ao primeiro ano sem o avião, a Microsoft disponibilizou no mês passado a venda de um modelo virtual do An-225 para o jogo Flight Simulator. Todo o lucro obtido será revertido para a fabricante construir o segundo exemplar. Adquirir o avião para o jogo custa US$ 19,99, ou R$ 105.
Segundo exemplar incompleto
A fabricante do avião iniciou a produção de uma segunda unidade ainda na década de 1980, mas o projeto tinha sido abandonado. O esqueleto desse novo exemplar permanecia guardado na fábrica da Antonov, em Kiev.
Na década passada, a construção quase foi retomada. O projeto seria realizado em parceria com a China, mas não evoluiu.
Um dos impeditivos à época foi o alto custo para isso, devido ao fato de o modelo ser antigo e precisar passar por uma modernização. O avião precisará de partes redesenhadas para se adaptar às inovações tecnológicas mais recentes
Carga pesada
O An-225 era considerado o maior avião em operação em todo mundo, com peso máximo de decolagem de 640 toneladas, o que inclui o peso da própria aeronave somado ao combustível e à carga transportada.
Sua capacidade o coloca à frente até mesmo do Airbus A380 e do Boeing 747. Esses são os maiores aviões de passageiros do mundo na atualidade, com peso máximo de decolagem de até 572 toneladas e 447,7 toneladas, respectivamente.
Ele perdia apenas em envergadura para o avião americano Stratolaunch. Enquanto o modelo ucraniano possuía uma distância de ponta a ponta da asa de 88 metros, o Stratolaunch possui 117 metros de envergadura, mas um peso máximo de decolagem de cerca de 590 toneladas.
Para conseguir sair do chão, o An-225 contava com seis motores. Seus trens de pouso tinham 32 pneus (quatro no trem dianteiro e 28 no trem principal).
Histórico
O Mriya foi desenvolvido a pedido do governo da então União Soviética na década de 1980. Foi usado para o transporte do Buran, o ônibus espacial russo, e do foguete propulsor Energia.
O primeiro voo do AN-225 ocorreu em dezembro de 1988. Foi apenas em maio de 1989 que ele levou sua principal carga, o Buran.
A espaçonave foi acoplada na parte superior para ser transportada. Para isso, o projeto da cauda do avião teve de ser adaptado e passou a ter um estabilizador vertical duplo, já que o fluxo de ar causado pela carga na parte de fora poderia dificultar o controle em voo nos modelos tradicionais.
Sua tarefa, inicialmente, era de transportar as várias partes do ônibus espacial. Essas peças foram produzidas em diversos locais da então União Soviética, para o cosmódromo de Baikonur, o maior do mundo, localizado no Cazaquistão (então pertencente ao bloco de países comunistas).
Entretanto, com o fim do financiamento do programa espacial, o avião deixou de voar em 1994 e ficou parado até 2001, quando voltou como cargueiro comercial após passar por uma modernização.
Curiosidades
- Em 2016, o avião transportou um transformador de São Paulo para o Chile, com o peso total de 182 toneladas. Segundo o fabricante, foi a segunda maior peça transportada por via aérea no mundo e a mais pesada entregue por meio de uma aeronave na América do Sul.
- O trem de pouso tem 32 pneus (quatro no trem dianteiro e 28 no trem principal). Por ser um modelo único, tem de transportar pneus reservas em cada voo caso ocorra algum problema.
- O avião tem um guindaste interno para a movimentação de cargas.
- A vida útil do avião poderia ir até, pelo menos, 2033, quando completaria 45 anos de serviço e poderia ter operado 20 mil horas em 4.000 voos.
- Recorde de aeronave mais pesada de todos os tempos: O avião conseguia decolar com um peso total de 640 toneladas. Seu projeto inicial conseguia sair do chão com até 600 toneladas, mas, após a reforma entre os anos de 2000 e 2001, sua capacidade foi aumentada.
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