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Um avião consegue ser mais rápido que um míssil para fugir dele?

Um dos maiores riscos para um avião em situações de conflito é ser atingido por um míssil. Embora seja uma situação que costuma ocorrer apenas com aviões militares, aviões civis já foram derrubados por mísseis.

Seria possível que um avião, que voa a milhares de quilômetros por hora, fugisse de um míssil apenas acelerando para longe dele?

Aeronaves espiãs até conseguiam

A partir da década de 1960, os Estados Unidos passaram a desenvolver novos modelos de aviões para espionar outros países. Um deles, o A-12, voava a cerca de 3.560 km/h.

Na década seguinte, o A-12 deu espaço para o SR-71 Blackbird, que atingia velocidade bem próxima, e era difícil de ser detectado por radares inimigos. À época, um míssil disparado a partir do solo dificilmente conseguiria atingir a velocidade desse avião.

Um míssil disparado de outro avião a partir do ar também teria dificuldade em acertar algumas dessas aeronaves. Isso se devia ao fato de que não havia muitos aviões de caça que conseguiam se aproximar dessas aeronaves espiãs devido à sua velocidade.

Um dos mísseis mais avançados da época, o AIM-9 Sidewinder, também não tinha velocidade suficiente para atingir o Blackbird (e nem precisaria, já que ambos foram desenvolvidos pelo governo dos EUA). Ele atinge Mach 2,5, isto é, duas vezes e meia a velocidade do som, que gira em torno de 1.224 km/h no nível do mar.

Avião militar SR-71 Blackbird, que voava a mais de 3.500 km/h, em exposição no Museu Nacional do Ar e Espaço
Avião militar SR-71 Blackbird, que voava a mais de 3.500 km/h, em exposição no Museu Nacional do Ar e Espaço Imagem: Dane Penland/Smithsonian Institution

Quando necessário, o Blackbird atingia 3,2 Mach, ou seja, conseguia fugir desse míssil apenas acelerando ao máximo. Também havia a dificuldade em detectar o Blackbird nos radares, já que ele possuía tecnologia que o tornava praticamente invisível aos equipamentos.

Hoje em dia, já existem mísseis hipersônicos, que ultrapassam os 6.000 km/h, tornando praticamente impossível fugir deles. Entretanto, a tecnologia de utilizar aviões espiões caiu em desuso, com imagens sendo feitas via satélite ou drones, que apresentam um custo bem menor de operação e menos riscos.

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Avião civil não consegue escapar

Para um avião civil, é tecnicamente nula a chance de fugir acelerando de um míssil. Inicialmente pelo fato de que essas aeronaves não são equipadas com radares para a detecção de possíveis ameaças.

Junto a isso, não possuem velocidade suficiente para desviar ou manobrar para enganar os mísseis. Em janeiro de 2020, um avião ucraniano foi abatido por dois mísseis iranianos.

O governo do Irã assumiu que derrubou o avião com 176 passageiros a bordo por engano. Ele havia decolado minutos antes de Teerã, capital do país.

Alguns aviões comerciais que operam em Israel possuem sistemas de defesa contra mísseis que possam ser lançados a partir do solo em baixas altitudes. Esse sistema, entretanto, é apenas uma tentativa de proteção, não sendo, necessariamente, eficientes contra alguns mísseis mais avançados.

Medidas para despistar

Mais do que acelerar e fugir de um míssil, um avião pode contar com medidas para enganar os sensores dessas ameaças. Uma delas são dispositivos conhecidos como flares, que se assemelham a fogos de artifícios.

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Quando uma ameaça é detectada, o piloto pode disparar esses flares, que queimam como bolas de fogo e confundem o sistema dos mísseis inimigos. Eles atrapalham oss sistemas que seguem o calor dos motores dos aviões.

Ao se aproximarem dos flares, os mísseis acreditam que chegaram ao avião, e acabam explodindo longe do seu alvo.

Para mísseis guiados por radar, há outro jeito de enganar seus sistemas, utilizando os chaffs. Eles são constituídos por milhões de pequenas tiras de alumínio ou outros materiais que confundem os sistemas teleguiados.

Quando são lançadas no ar, essas tiras passam a ser identificadas como alvo pelo radar do míssil, enquanto o avião consegue fugir em segurança (ou quase).

Fonte: José Eduardo Mautone Barros, professor do curso de Engenharia Aeroespacial da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais)

*Com reportagem de janeiro de 2022

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