Por que as Bolsas do Brasil, Europa e EUA subiram, e a da China despencou?
Era madrugada no Brasil quando a Bolsa de Valores da China fechava, nesta segunda-feira (3), com uma queda de quase 8%, a maior em mais de quatros anos, em meio à disseminação do coronavírus. Esse resultado afetou um pouco as demais Bolsas da Ásia e alguns dos principais índices da região fecharam em baixa —mas nada comparado ao tombo chinês.
Na contramão, as principais Bolsas da Europa, bem como a Bolsa brasileira e as Bolsas dos EUA tiveram um dia positivo, apesar dos temores envolvendo a doença. O que explica esse movimento?
Bolsa da China estava fechada
A Bolsa da China havia ficado fechada por dez dias, desde 23 de janeiro, devido ao feriado de Ano Novo Chinês, mais alguns dias adicionais por causa do coronavírus. Por isso, investidores não tinham como vender as ações chinesas, pois não havia negociação por lá. Precisaram esperar até hoje, quando as operações foram retomadas.
"Essa queda acentuada se dá muito pelo feriado. Então, no primeiro dia de mercado financeiro, o ajuste veio mais forte", disse Fernando Bergallo, diretor de Câmbio da FB Capital.
"Essa queda do mercado chinês é normal. O mercado ficou fechado enquanto várias coisas ruins aconteciam", disse Jefferson Laatus, estrategista-Chefe do Grupo Laatus.
O resultado: cerca de US$ 393 bilhões (cerca de R$ 1,7 trilhão) foram retirados apenas hoje da Bolsa chinesa. Segundo a agência de notícias Bloomberg, só 162 das quase 4.000 ações das Bolsas chinesas subiram. Ações de empresas do setor de saúde estão entre as poucas a subir, com especulações de que possam se beneficiar do surto de coronavírus.
Segundo Bergallo, a recuperação dos mercados chineses pode levar mais tempo, já que hoje foi o primeiro dia da Bolsa chinesa, o impacto foi grande e o país ainda não teve tempo suficiente para se recompor. "Na China, a recuperação deve demorar algum tempo por conta do vírus, o impacto foi condensado e ainda não teve tempo suficiente para amenizar."
Bolsas pelo mundo já haviam caído
Nesse meio tempo, as Bolsas ao redor do mundo estavam operando —e caindo. Nesses locais, investidores já haviam vendido as ações na semana passada para fugir do risco.
Por exemplo, o principal índice da Bolsa brasileira perdeu quase 4% só na semana passada e terminou janeiro com queda acumulada de 1,63%. As ações da Europa tiveram sua pior semana em seis meses. Nos EUA, foi a pior semana em pelo menos quatro meses.
Como essas Bolsas caíram até sexta-feira (31), alguns investidores enxergaram uma oportunidade para comprar ações mais baratas, o que ajudou a gerar o movimento de alta nesta segunda-feira (3). Afinal, quando muitas ações são vendidas, as Bolsas caem, e quando muitas ações são compradas, as Bolsas sobem.
Fatores locais também influenciam
Os desdobramentos relacionados ao coronavírus na China continuam no centro da atenção dos investidores, mas outros fatores regionais também influenciaram as Bolsas na Europa, EUA e Brasil.
No Brasil, por exemplo, o mercado financeiro aguarda a decisão sobre os juros nesta quarta-feira (5). Investidores estavam de olho, ainda, no retorno do Congresso Nacional, com muitas decisões econômicas em pauta, em particular a reforma tributária. Também influenciou o mercado a divulgação de balanços de empresas.
Na Europa, houve uma fusão corporativa de bilhões de euros (entre Ingenico e Worldline) e dados encorajadores sobre a indústria.
Nos EUA, ajudaram o mercado a alta nas ações de Amazon e Nike e a atividade industrial dos EUA mostrando uma recuperação surpreendente.
(Com agências de notícias)
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