Bolsa da China tomba quase 8% após dez dias fechada por temores sobre vírus
As Bolsas de Valores da China despencaram nesta segunda-feira, no primeiro dia de negócios após o feriado do Ano Novo chinês. Os mercados ficaram fechados por dez dias, desde 23 de janeiro, devido à disseminação do coronavírus, que já matou 361 pessoas no país.
A Bolsa de Valores de Xangai tombou 7,7%, na maior baixa percentual diária em mais de quatros anos. Em apenas um dia, investidores tiraram o equivalente a US$ 393 bilhões (cerca de R$ 1,7 trilhão) da Bolsa chinesa. Com a queda, o principal índice da China fechou a 2.746,61 pontos, o menor nível desde agosto.
Segundo a agência de notícias Bloomberg, apenas 162 das quase 4.000 ações das Bolsas chinesas registraram ganhos. As demais começaram a cair com força logo após a abertura do mercado e chegaram a recuar até o limite permitido pelas regras das Bolsas chineses. Ações de empresas do setor de saúde foram algumas das poucas a subir nesta segunda, com especulações de que possam se beneficiar do surto de coronavírus.
A queda era previsível. Durante os dez dias em que as Bolsas da China permaneceram fechadas, os mercados mundiais também caíram, preocupados com as consequências da epidemia no crescimento da China, a segunda economia mundial, onde a atividade permanece paralisada pelo surto.
A moeda chinesa caiu 1,5% e ficou abaixo do limite simbólico de sete yuans por dólar.
Injeção de US$ 175 bilhões no mercado
O temor de que a epidemia provoque uma desaceleração na economia chinesa permanece mesmo após o banco central do país prometer injetar US$ 175 bilhões (R$ 750 bilhões) para combater impactos do coronavírus na atividade econômica, a maior injeção de dinheiro desde 2004.
A instituição também reduziu a taxa preferencial aplicada aos bancos comerciais para empréstimos de curto prazo em 2,4% (comparado a 2,5% até agora). É uma medida que poderia "aliviar a pressão sobre os bancos", reduzindo seus custos de financiamento, segundo Julian Evans-Pritchard, da consultoria Capital Economics.
No entanto, "essa queda é muito marginal para reduzir substancialmente os danos à atividade econômica", acrescentou o analista.
Bolsas da Ásia
A Bolsa do Japão também fechou em queda (-1,01%), afetada pela queda da Bolsa chinesa.
Veja como fecharam as principais Bolsas da Ásia e da Austrália nesta segunda:
- China: -7,72%
- Austrália: -1,34%
- Japão: -1,01%
- Taiwan: -1,22%
- Cingapura: -1,19%
- Coreia do Sul: -0,01%
- Hong Kong:+0,17%
Cotações de commodities também despencam
Os mercados de commodities (matérias-primas) na China também despencaram, com diversos contratos futuros chegando ao limite diário de queda por temores sobre o impacto do coronavírus na demanda do maior consumidor global de commodities.
Os contratos mais ativos do cobre na Bolsa de futuros de Xangai, do minério de ferro em Dalian e do petróleo na Bolsa internacional de energia recuaram aos limites diários de baixa logo na abertura, com o cobre perdendo 7% e o minério de ferro e o petróleo, 8%.
Produtos agrícolas na Bolsa de Dalian incluindo óleo de soja, óleo de palma e ovos também despencaram.
Analistas disseram que o impacto da epidemia sobre os preços das commodities foi maior do que durante o surto de Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave), entre 2002 e 2003, que também teve origem na China e levou a quase 800 mortes.
"A China responde por uma parcela muito maior da demanda por commodities agora em relação a 2003, se estivermos comparando ao impacto do Sars. O impacto é mais agudo em termos de desempenho da demanda", disse o analista Vivek Dhar, do Commonwealth Bank da Austrália.
"A outra questão a considerar é quanto tempo durarão as férias prolongadas [devido ao vírus] para os mercados físicos. A demanda por reabastecimento está muito fraca. Isso desempenha um papel maior em setores movidos pelo mercado físico, como minério de ferro e carvão", disse ele.
Embora os mercados financeiros tenham reaberto nesta segunda-feira, outras partes da economia seguem fechadas, com muitas províncias e empresas ampliando folgas por mais uma semana.
(*Com informações de Reuters e AFP)
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