O dólar comercial fechou nesta quinta-feira em alta de 1,94%, cotado a R$ 4,899.
Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), encerrou a sessão em queda de 0,23%, aos 120.585,77 pontos.
Cenário interno:
O mercado reagia ao corte da Selic, taxa básica de juros, em 0,5 ponto percentual. Parte dos investidores acreditava em uma queda de 0,25 ponto percentual, o que fez a redução de 0,5 parecer agressiva. Além disso, o Copom sinalizou a intenção de promover novos cortes de 0,50 ponto percentual em suas próximas reuniões.
Com a Selic em trajetória de queda, a aplicação em títulos no Brasil fica menos atrativa, o que afeta o fluxo de dólares para o país. Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho, disse que o corte mais acentuado que parte do mercado esperava colabora para a desvalorização do real, uma vez que torna o país menos atrativo ao capital internacional.
A leitura do mercado foi de que, com juros menores no Brasil e maiores nos EUA, o diferencial de juros brasileiro está diminuindo. E a expectativa é que diminua ainda mais. O Itaú revisou a sua projeção de taxa Selic ao final do ano para 11,75% e avaliou ainda que" não é possível descartar que ocorra aceleração ao final do ano, ou antes".
Além do Copom, o mercado de câmbio foi influenciado pelo exterior, onde o dólar também subiu ante outras moedas.
A decisão do Copom significa menos fluxo de capital para o Brasil, porque lá fora os juros estão subindo ainda, para níveis restritivos, e não há previsão de um início de corte. Então temos pressão forte no real.
Wagner Varejão, especialista em investimentos e sócio da Valor Investimentos
Cenário externo:
Dados de hoje mostraram que a retração na atividade empresarial da zona do euro piorou em julho mais do que se pensava inicialmente. Preocupações com o crescimento econômico mundial nos Estados Unidos e incertezas sobre novas altas de juros por lá também têm deixado investidores estrangeiros com maior aversão a riscos.
Depois que a agência Fitch rebaixou na terça-feira (1º) a nota de crédito dos EUA, se intensificou a alocação de recursos para outros mercados. Um deles é o Japão, que subiu os juros. "Com o rebaixamento da classificação de risco, os mercados aumentaram as apostas em uma manutenção da taxa de juros pelo Banco Central americano na reunião de setembro, reforçando as preocupações com a sustentabilidade das altas recentes das bolsas americanas", escreveu Antonio Sanches, analista da Rico.
O foco dos mercados deve ficar agora sobre um relatório de empregos dos Estados Unidos, a ser divulgado nesta sexta. O dado pode ajudar investidores a entender se o Federal Reserve já encerrou ou não seu intenso ciclo de aperto monetário.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial (saiba mais clicando aqui). Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
(Com Reuters)
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