Conteúdo publicado há 7 meses

Dólar cai a R$ 5,031 com incertezas sobre a guerra; Bolsa também recua

O dólar terminou a sexta-feira (20) em queda de 0,43%, vendido a R$ 5,031, em meio a incertezas sobre a extensão da guerra entre Israel e Hamas. Desde segunda (16), a moeda americana acumulou perdas de 1,12% frente ao real. Já no ano, a queda é de 4,71%.

Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), caiu 0,74% e chegou aos 113.155,28 pontos. Na semana, o indicador recuou 2,25%.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial (saiba mais clicando aqui). Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, a referência é o dólar turismo, e o valor é bem mais alto.

O que aconteceu

Avanço da guerra no Oriente Médio preocupa investidores. Na quinta (19), Israel arrasou um distrito ao norte de Gaza, depois de dar aos moradores um alerta com apenas meia hora de antecedência ao ataque. Segundo o grupo extremista Hamas, o bombardeio atingiu uma igreja cristã ortodoxa onde pessoas estavam abrigadas.

Tropas israelenses estão reunidas na fronteira com Gaza, aguardando invasão. O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse a soldados que em breve eles verão o território palestino "de dentro", segundo comunicado divulgado ontem. Vocês veem Gaza agora à distância, mas logo a verão de dentro. A ordem virá. Se organizem e estejam prontos", avisou.

Mercado teme que conflito se espalhe para outros países, como o Líbano. Desde o último dia 7, os confrontos na fronteira entre Israel e Líbano deixaram quase 20 mortos, em sua maioria combatentes, além de um jornalista da agência Reuters e dois civis. Do lado israelense, ao menos três pessoas morreram. "
"O maior medo dos investidores e eu diria que do mundo, é este conflito se espalhar para outros países e ampliar a frente de combate com o grupo Hezbollah, abrindo dois frontes para Israel combater", diz Gustavo Biserra, analista da Nova Futura Investimentos.

Juros nos EUA acompanham momento. "Com essa tensão no ar vimos o ouro renovar máximas e os títulos americanos de 30 anos superarem os 5%, além de acompanhar o Ibovespa recuar mais de 2%", afirma Biserra. Como os títulos americanos são uns dos investimentos mais seguros do mundo, fundos de todo o mundo retiram o dinheiro de lugares mais arriscados - como a Bolsa brasileira - e levam para os EUA. "O investidor tem a possibilidade de ganhar em dólar mais de 5% ao ano com os títulos do tesouro, teoricamente, mais seguros do mundo", afirma ele.

O papel da Petrobras caiu 1,28%. A estatal anunciou aumento do preço do diesel (R$0,25) e um leve desconto no preço da gasolina (R$0,12), fato que fez o papel da estatal recuar.

Continua após a publicidade

Outro destaque que ajudou na queda da Bolsa foram as ações da Vale. O minério de ferro caiu, e a empresa reportou um recuo de 3,9% na sua produção, o que (86,2 milhões de toneladas métricas de minério de ferro) sobre o terceiro trimestre de 2022. Assim, as ações recuaram 2,70%. Como Vale e Petrobras têm uma participação forte no Ibovespa, ajudaram na queda do índice.

Na minha visão, o que pesa mais para essa aversão ao risco hoje são, de fato, o receio com a piora da guerra entre Israel e Hamas e as incertezas em relação à invasão terrestre [de Gaza]. A gente não sabe ainda o quanto o conflito pode impactar as relações internacionais ou o petróleo, nem se novos países podem se envolver.
Dierson Richetti, sócio da GT Capital, ao UOL

(*Com AFP, Deutsche Welle e Reuters)

Deixe seu comentário

Só para assinantes