Dólar cai a R$ 4,875 com sinais positivos da inflação; Bolsa também recua

O dólar emendou hoje sua segunda queda consecutiva, esta de 0,34%, e fechou o dia vendido a R$ 4,875. No mês, porém, a moeda americana ainda acumula ganhos de 0,46% frente ao real.

Já o Ibovespa caiu 0,15%, chegando aos 130.648,75 pontos. É o terceiro pregão seguido de baixa para o principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), que já recuou 2,64% em janeiro.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial (saiba mais clicando aqui). Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, a referência é o dólar turismo, e o valor é bem mais alto.

O que aconteceu

EUA têm inflação acima do esperado em dezembro e em 2023. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) acelerou para 0,3% em dezembro, depois de subir 0,1% no mês anterior. Já o acumulado de 2023 ficou em 3,4%. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,2% no mês e de 3,2% na comparação anual.

Inflação no Brasil também surpreendeu, mas ficou dentro da meta. O IPCA ficou em 0,56% em dezembro, ante 0,28% no mês anterior. Com isso, a inflação ao consumidor terminou 2023 com alta acumulada de 4,62%, voltando a ficar abaixo do teto da meta — 4,75% — depois de dois anos seguidos.

Alta dos preços impacta os juros básicos. Sinais de que a inflação americana não está totalmente controlada podem levar a um adiamento, por parte do Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA), do início dos cortes nos juros. No Brasil, em contrapartida, a inflação dentro da meta deve contribuir para que o BC mantenha o atual ritmo de reduções na Selic, hoje em 11,75% ao ano.

Juros menores nos EUA costumam beneficiar o real e a Bolsa. Isso acontece porque, com juros elevados, os investidores redirecionam recursos para o mercado de renda fixa americano, considerado muito seguro. Por outro lado, sinais de que o Fed vai começar a reduzir as taxas em breve tendem a impulsionar moedas mais arriscadas, porém mais rentáveis, como o real.

O mês de dezembro tem uma pressão dos alimentos e houve também uma pressão das passagens aéreas. Imagina-se que a moderação inflacionária no Brasil mantenha o seu curso a partir do mês de janeiro, de forma que não interfira na estratégia do Banco Central de continuar os cortes da taxa Selic [no atual ritmo de 0,5 ponto percentual].
Leonel Mattos, analista da StoneX, à Reuters

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