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O CDI afeta seus investimentos; saiba usá-lo a seu favor

Epaminondas Neto

Do UOL, em São Paulo

27/03/2013 06h00Atualizada em 19/05/2015 13h14

Você está insatisfeito com o rendimento de suas aplicações? Existem algumas estratégias para melhorar esses ganhos.

Uma delas é prestar atenção ao CDI, uma de taxa de juros muito usada pelas bancos, e que tem impacto direto nas aplicações financeiras mais conservadoras.

Devido ao movimento regular de retiradas e depósitos, alguns bancos têm sobra de caixa ao final do expediente e outros têm falta. Para não deixar o dinheiro dormindo sem rendimento, os bancos fazem empréstimos de apenas um dia.

Porque o CDI importa

O CDI é a taxa de juros usada pelos bancos nas operações de empréstimos entre si
CDBs e fundos DI usam essa taxa de mercado como referência para os rendimentos, em geral, uma parcela abaixo de 100% do CDI
O CDI acompanha a taxa básica de juros do país; um descolamento entre os dois piorou o rendimento da taxa de mercado recentemente
Para obter um ganho melhor na renda fixa, o investidor precisa negociar o rendimento para suas aplicações, no mínimo, acima de 90% do CDI
O rendimento da aplicação melhora quanto maior o valor aplicado e maior o prazo do depósito; Acima de R$ 5 mil já é possível obter taxas mais favoráveis em comparação com a poupança
Depósitos mantidos por um prazo acima de 12 meses já fazem uma diferença importante nos ganhos, devido ao impacto menor do IR

O CDI, portanto, é uma taxa de juros para operações de curtíssimo prazo, mas que, com o passar do tempo, virou um índice de referência para diversas operações financeiras, entre elas, o rendimento de vários aplicações.

 

Se você tem dinheiro aplicado em um CDB ou em um fundo de investimento com a sigla “DI” na denominação o CDI importa bastante. Com toda a certeza, o seu dinheiro está rendendo o equivalente a uma “parcela” dessa taxa de juros de mercado, provavelmente menos de 90% da taxa total.

CDI x Selic

Uma das características do CDI é acompanhar de perto os ajustes da taxa básica de juros do país, conhecida como a taxa Selic, fixada a cada 45 dias pelo Banco Central, nas reuniões do Copom.

Até recentemente, as taxas do CDI e da Selic estavam em níveis muito similares. Mas desde o final do ano passado, pelo menos, a distância entre essas duas taxas aumentou e de maneira desfavorável para os investimentos de renda fixa.

As duas taxas são estabelecidas diariamente. O CDI é determinado pelas trocas de dinheiro feitas entre os bancos. E a taxa Selic, pelas trocas de dinheiro feitas entre os bancos e o BC, que usa como referência a meta estabelecida pelo Copom.

Por que o ganho da renda fixa piorou

Até novembro do ano passado, a taxa CDI era equivalente a um rendimento de 7,11% ao ano ante 7,14% da taxa Selic “real” (estabelecida nas operações feitas pelo BC e os bancos).

Em dezembro, a taxa do CDI caiu para um patamar abaixo de 7%. Desde então, segue sem recuperar os níveis anteriores enquanto a taxa Selic ainda varia entre 7,11% e 7,14%.

Não há uma explicação única para esse distanciamento. O excesso de dinheiro em circulação no sistema financeiro e a concentração das operações em torno de poucos bancos são algumas das justificativas.

A combinação de muita oferta e pouca procura, em tese, derrubou o CDI muito abaixo da Selic, uma taxa determinada não totalmente pelas leis de mercado, mas também por fatores políticos, na ótica de alguns especialistas.

“Com as características atuais do mercado, eu não vejo esse distanciamento diminuindo muito no curto prazo”, afirma Sílvio Paixão, professor de Finanças da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras, de São Paulo).

O que fazer

Pela lógica, valeria mais a pena buscar investimentos atrelados à taxa Selic do que à taxa CDI, mas há poucas opções.

No programa Tesouro Direto, o investidor pode procurar as LFTs, que têm seu rendimento colado à taxa Selic. À semelhança dos CDBs, também sofrem o impacto do Imposto de Renda sobre os ganhos, além da taxa de serviço cobrada pelos bancos.

Negocie uma fatia maior do CDI

Permanecer em investimentos atrelados à taxa CDI ainda vai ser a opção de muitos.

A saída é negociar uma parcela mais gorda dessa taxa de mercado.

Especialistas concordam que não vale a pena manter um CDB que pague menos que 90% do CDI, já considerando o impacto do IR sobre o rendimento e na pior das hipóteses (depósitos abaixo de seis meses).

A alíquota do IR é tanto maior quanto mais curto o prazo do depósito. Abaixo de seis meses, a mordida do Leão é de 22,5%. Acima de dois anos, cai para 15%.

Fundos DI (que usam o CDI como referência), em geral, rendem 90% da taxa. Para valerem a pena, precisam ter uma taxa de administração (cobrada pelo banco sobre o valor aplicado) inferior a 1%.

As LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) são isentas do IR. Caso uma dessas Letras pague 80% do CDI, o rendimento já é melhor que o da poupança.

Planeje e fique de olho na inflação

“O investidor tem de se planejar a respeito de pelo menos dois fatores. Primeiro, o objetivo da aplicação; segundo, o prazo da aplicação”, diz Fabiano Guasti Lima, pesquisador do Instituto Assaf, especializado no setor financeiro.

O professor da FGV-SP Fábio Gallo afirma que o investidor não deve se esquecer de monitorar os efeitos da inflação. “O CDI continua a ser um parâmetro importante. Mas o investidor não pode deixar de levar os dois fatores em consideração”.