Qual é a chance de perder todo meu dinheiro quando faço uma aplicação?
Quem poupa está fazendo um sacrifício, adiando um prazer imediato para obter uma recompensa futura: seja a compra de uma casa, fazer a viagem dos sonhos ou se aposentar com tranquilidade. Por isso ninguém gosta de correr riscos quando se trata de dinheiro.
Mas será que você já se perguntou se existe o risco de perder todo o seu dinheiro ao fazer uma aplicação? Quais são as garantias que o investidor tem para não perder todo o dinheiro?
Segundo os especialistas Fabio Gallo, professor de Finanças da FGV-SP e PUC, e Clemens Nunes, professor da Escola de Economia da FGV-SP, quando se fala de risco de crédito, que é a chance de não receber o dinheiro investido por inadimplência ou quebra, o investimento menos arriscado é o Tesouro Direto.
“O risco é próximo de zero”, diz Gallo. Já as ações são o investimento mais arriscado, com possibilidade de perder todo o dinheiro investido.
Não existe investimento sem risco
Segundo o professor Gallo, o risco do Tesouro é praticamente zero, pois quem garante os títulos do Tesouro Direto é o Tesouro Nacional, ou seja, o governo. “O Tesouro nunca deu calote na dívida interna; além disso, o governo tem a possibilidade de imprimir moeda caso precise”, diz. “Mas nenhum ativo financeiro é completamente isento de risco”, diz Gallo.
Já a poupança tem a mesma garantia de outros investimentos como CDBs, LCIs, letras hipotecárias e até mesmo do dinheiro que o cliente mantém na conta.
Essa garantia é dada pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
Garantia máxima de R$ 250 mil
O FGC garante a devolução de até R$ 250 mil por pessoa em cada banco que ela investir. Acima desse valor, o investidor perde o dinheiro.
Se a pessoa tem mais dinheiro, a saída é aplicar em diferentes bancos: podem ser R$ 250 mil na poupança do banco A e mais R$ 250 mil no CDB do banco B, por exemplo. O limite total é de até R$ 1 milhão por pessoa.
Só algumas aplicações têm esse seguro do FGC:
- Depósitos à vista
- Depósitos de poupança;
- Letras de câmbio (LC);
- Letras imobiliárias (LI);
- Letras hipotecárias (LH);
- Letras de crédito imobiliário (LCI);
- Letras de crédito do agronegócio (LCA);
- Certificado de Depósito Bancário (CDB)
Ações, fundos, previdência privada
Os fundos de investimento têm um CNPJ próprio e são garantidos pelos ativos que o compõem. Assim, se um banco quebra, o fundo não necessariamente quebra junto. “Por isso é importante avaliar em que papéis o fundo está investindo”, diz Gallo.
O risco de crédito de um investimento em previdência privada é o da seguradora que o mantém e também dos ativos que compõem a carteira do plano.
Já as ações, segundo Nunes, são o investimento mais arriscado que existe, pois caso uma empresa quebre, o acionista será o último da fila a receber. "Primeiro recebem os empregados da empresa, depois, o governo recebe os impostos. Os acionistas recebem depois de todo mundo, se sobrar algum dinheiro, mas quase nunca sobra”, diz.
Como diminuir o risco
A dica para diminuir o risco dos investimentos é diversificar. “Vale a dica da vovó: nunca coloque todos os ovos em uma única cesta”, diz Gallo.
Quem investe em ativos cobertos pelo FGC (caso da poupança, LCI, LCA, CDBs, por exemplo), deve tomar o cuidado de dividir as aplicações entre diferentes instituições, lembrando ainda que os investimentos vão render juros. Assim, não adianta investir R$ 250 mil na poupança de um banco, pois se esse quebrar, os juros da aplicação ficarão de fora da cobertura.
Também não adianta ter conta-corrente, poupança e CDB em uma mesma instituição em valores que ultrapassem R$ 250 mil, pois, em caso de quebra, a restituição será de R$ 250 mil, não importando quantos produtos o cliente tenha no banco.
Para evitar problemas com investimentos em ações, a dica é não investir em um único papel, mas em uma carteira de ações ou mesmo num fundo, caso não tenha muita intimidade com a avaliação de risco das empresas.
Quando for investir em fundos, procure se informar sobre os papéis que integram a carteira.
Atenção ao Tesouro Direto
Mesmo no Tesouro Direto, que é considerado o de menor risco de crédito, há chance de o investidor perder dinheiro.
Isso acontece porque o risco de crédito não é o único que o investidor deve considerar, mas também o risco de mercado, que é a possibilidade de o ativo perder valor por conta de variações dos indicadores do mercado.
Esse risco está presente em todos os investimentos. No caso das ações, é o risco do preço do papel se desvalorizar, por exemplo. No caso do Tesouro, as taxas de juros é que influenciam o papel.
Os títulos Prefixado e IPCA+, disponíveis na plataforma do Tesouro Direto, sofrem reajuste diário para trazer a valor presente o preço das cotas que serão pagas na data prometida, daqui a alguns anos, num processo conhecido como marcação a mercado.
Assim, quando as taxas de juros sobem ou descem, o investidor que quiser sacar o dinheiro antes do prazo do vencimento pode ter prejuízo, dependendo da data em que comprou o papel. A única maneira de ter certeza do valor que receberá em juros será esperar o vencimento do papel.
Por isso é aconselhável investir somente o dinheiro que poderá retirar no prazo, no caso desses dois títulos. O Tesouro Selic não sofre com a marcação a mercado.
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