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Sem carteira assinada? Saiba ter benefícios como férias e aposentadoria

Getty Images/iStockphoto/RomoloTavani
Imagem: Getty Images/iStockphoto/RomoloTavani

Juliana Elias

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/05/2018 04h00

Quem foi demitido e não conseguiu se recolocar com carteira assinada perde não só renda, mas também benefícios como férias remuneradas, aposentadoria, licenças ou até coisas mais simples, como saber quanto dinheiro terá no mês seguinte.

Mas isso não significa que quem trabalha como autônomo -provisória ou definitivamente- não possa conseguir também essas vantagens. A diferença é que será necessária uma dose extra de planejamento e organização financeira.

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Guardar 30% dos ganhos para criar fundo de apoio

“Todas as pessoas precisam poupar e ter uma reserva para emergências, mas para o autônomo isso é ainda mais essencial, porque ele não tem estabilidade", diz o especialista em finanças pessoais Reinaldo Domingos, presidente da Dsop Educação Financeira.

O ideal, segundo ele, é guardar cerca de 30% da renda líquida (descontados os impostos) ao longo do ano para criar uma espécie de fundo de apoio. “É um dinheiro que ele terá não só para as emergências, mas também para coisas mais simples, como tirar férias.”

O que fazer se não sobra nada para poupar?

“Se estiver ganhando menos e não conseguir poupar, então é hora de rever os custos fixos e equilibrar as contas”, diz a consultora de marketing digital freelancer Luciane Costa, autora do blog “Vivendo de Freela", em que dá dicas de como cuidar das finanças.

Veja a seguir maneiras de se organizar e criar para si ao menos as condições mínimas para não ficar descoberto em benefícios que os colegas contratados têm automaticamente:

Saiba no que gasta e estipule metas por mês

Diferentemente de alguém com emprego e salário fixos, o trabalhador avulso tem uma renda que varia com os serviços. Se não tiver clareza da média do que ganha e do que gasta, pode ficar descoberto nos momentos de baixa.

Domingos, da Dsop, recomenda botar as contas na ponta do lápis ao menos uma vez por ano, para saber como estão evoluindo.

“Durante três meses, sente com a família a cada 30 dias e anote tudo o que ganham e o que gastam”, diz, mencionando desde aluguel e contas até a gasolina ou a padaria. “Isso ajuda a saber onde se gasta mais e o que pode ser ajustado.”

Luciane, do Vivendo de Freela, sugere guardar todo o dinheiro recebido em uma conta separada da pessoal e estipular um valor fixo mensal que será equivalente ao seu salário. Esse salário, então, será “pago” para você todo mês de uma conta para a outra. “Nos meses em que eu ganho acima do que defini, eu guardo mais e, naqueles em que ganho abaixo, saco mais.”

Conheça a conta para conseguir tirar férias

Como cada dia sem trabalhar é um dia sem receber, fazer uma poupança ao longo do ano é essencial para aqueles que esperam poder tirar uma temporada de descanso no ano.

Domingos, da Dsop, recomenda reservar esse dinheiro assim que o receber. “Recebeu R$ 100 de um serviço, já tira R$ 30 para colocar em um lugar separado, porque se deixar para depois a pessoa acaba não fazendo”, diz.

Além disso, é útil separar o que será gasto com cada item, colocando em contas ou aplicações diferentes, por exemplo. “Tem que deixar claro: esse dinheiro é o das férias, esse da aposentadoria, esse para a reserva de emergência...”, diz o educador.

Divida as férias em períodos menores ao longo do ano

Férias de 30 dias seguidos costumam ser difíceis para quem trabalha por conta. Além de ser muito tempo para ficar sem receita, há também o risco de se afastar demais dos clientes e acabar os perdendo.

O recesso do freelancer tem mais a cara de pequenos períodos, de cinco a 15 dias, espalhados ao longo do ano, de preferência aproveitando emendas de feriado e os períodos de menor movimento.

Pague INSS para aposentadoria e auxílio-doença

A contribuição ao INSS tem muitos benefícios além da aposentadoria que são importantes, como pensão para os familiares e auxílio em caso de doença, maternidade e invalidez.

Sem o desconto em folha, o autônomo pode fazer o recolhimento voluntário como contribuinte individual. Para isso, é necessário cadastrar-se no INSS e pagar as guias mensais, que variam de R$ 47,70 a R$ 1.129,16 (na tabela de 2018), de acordo com os ganhos.

Aqueles que abrirem uma empresa como MEI (microempreendedor individual) já pagarão uma taxa fixa de impostos (de R$ 48,70 a R$ 53,70 ao mês em 2018) que embute o INSS. A aposentadoria máxima, neste caso, será de um salário mínimo.

Em qualquer situação, o ideal é ter em paralelo uma conta privada também. “O INSS é só um suporte, precisa de um complemento”, afirma Domingos. “Pode ser um plano de previdência privada propriamente dito, mas pode também ser um dinheiro que a pessoa poupe regularmente e invista em títulos públicos ou outras opções.”

Como ter um plano de saúde

São poucas as operadoras que ainda oferecem convênios médicos individuais, o que torna necessário associar-se ao sindicato ou entidade de classe de sua profissão para conseguir contratar uma das opções corporativas.

Se pesar no bolso, uma alternativa para não ficar sem a cobertura particular é buscar versões mais enxutas dos planos, que oferecem acomodação em enfermaria ou lista de médicos credenciados menor, por exemplo.

Além disso, cresceu nos últimos anos o modelo de clínicas populares, que realizam exames e consultas a preços acessíveis. “Se preferir cancelar o plano de saúde, a pessoa pode pesquisar um bom hospital público em sua cidade, porque eles existem, e complementar com as redes de consultas populares”, diz Domingos, da Dsop.

Como garantir uma renda se ficar doente

Diversos imprevistos podem afastar o profissional de sua atividade, desde uma gripe até um problema de saúde mais grave. No caso das mulheres, a gravidez e o nascimento do bebê também são eventos que concorrem com as horas de trabalho remuneradas.

É especialmente para situações como essas que possuir uma reserva em dinheiro é importante. Domingos fala em uma poupança com o suficiente para bancar ao menos três meses de contas e gastos sem precisar trabalhar.

Luciane, do Vivendo de Frila, juntou o equivalente a seis meses de seus ganhos médios para isso. “É o que dá segurança”, afirma. “Se eu tiver um problema de saúde ou um problema na família, sei que posso pegar mais leve, porque tenho esse dinheiro guardado.”

Se não sabe responder a estas 5 questões, será muito difícil ficar rico

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