Trabalha 30h/semana, viaja 6 vezes ao ano e não tem dívida; qual o segredo?
A psicóloga Luciane Couto Cunha, 43, de Contagem (MG), diz que trabalha apenas 30 horas por semana e mesmo assim consegue viajar três vezes ao ano para o exterior, três vezes dentro do Brasil e não tem dívidas. Carolina Andrade, 25, sócia de uma fintech, e Diego Nunes, 31, desenvolvedor, vivem viajando e já moraram em 17 cidades brasileiras, Qual o segredo deles?
Todos são adeptos do minimalismo, uma proposta de vida simples, possuindo poucos bens materiais e comprando apenas o mínimo necessário. Essa filosofia não foi pensada como uma estratégia para cortar gastos, mas tem potencial de gerar maior equilíbrio financeiro e fazer sobrar mais dinheiro no fim do mês. Conheça mais abaixo algumas pessoas que adotaram essa forma de viver.
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"O principal objetivo desse estilo de vida é reduzir as coisas que não são necessárias para ter mais tempo livre, mais energia e até muito mais dinheiro para investir nas coisas que são realmente importantes para você", afirma Rafael Seabra, educador financeiro e autor do livro "Quero Ficar Rico".
Ele diz que conheceu o minimalismo quando foi morar na Tailândia por cinco meses, no final de 2014, e decidiu viajar com apenas uma mala de mão. "Quando retornei de lá, descobri que conseguia viver com muito menos roupas, entendi que o carro era apenas um meio de transporte."
Quantos pertences é ideal possuir?
Não existem regras que definam a quantidade de pertences que uma pessoa deve ter para ser considerada minimalista, mas existem alguns parâmetros. O principal dele é manter apenas as coisas que têm propósito real na vida do indivíduo.
Os autores do documentário "Os Minimalistas", Joshua Millburn e Ryan Nicodemus, disponível na Netflix, dão como referência a regra 90/90, segundo a qual os itens que não foram usados nos últimos 90 dias nem serão utilizados nos próximos 90 dias podem ser descartados.
Outro critério é manter apenas os itens que trazem alegria para o dono, enquanto todo o resto pode ir embora, segundo a orientação de outra referência no assunto, a autora japonesa Marie Kondo, autora do best-seller "A Mágica da Organização".
Ela consegue trabalhar pouco e viajar muito
Luciane Couto Cunha afirma que, mesmo trabalhando só 30 horas por semana, consegue juntar dinheiro para viajar seis vezes por ano -dentro e fora do país.
Ela não tem carro, utiliza o transporte público para ir ao trabalho, vai ao cinema nos horários mais baratos e evita gastar com supérfluos. "Estou numa fase de não somar nada e, se algo estraga, eu avalio se realmente preciso repor."
Para conseguir baixar o custo, Luciane monitora preços de passagens e adota um estilo de vida minimalista onde estiver, alugando apartamentos que permitam cozinhar em casa e também usando o transporte público. "As pessoas ficam admiradas porque não ganho superbem, mas consigo viajar muito sem me endividar", relata.
Este casal tem só 2 mochilas e já morou em 17 cidades
O casal Carolina Andrade e Diego Nunes dispensa montar toda a estrutura de uma casa própria. Vivendo juntos desde 2016, eles não têm local fixo de residência e já moraram em 17 cidades brasileiras, carregando apenas duas mochilas com roupas e itens eletrônicos. Segundo Carolina, montar uma casa "nem passou pela cabeça".
"Escolhemos alugar apartamentos mobiliados de um quarto só pelo Airbnb", declara Carolina. Atualmente, o casal vive no Rio de Janeiro em uma casa que contém apenas um colchão, uma mesa de escritório e uma cômoda.
Na cozinha, além de geladeira, fogão e armários embutidos, existem apenas três garfos, três facas, quatro colheres, cinco pratos de tamanhos diferentes, duas xícaras e dois copos.
"Ter pouca louça ajuda a não deixar acumular louça suja, e nos deixa espaço para organizar melhor as coisas e ter tudo sempre à mão", diz Nunes. Ambos trabalham em home office e utilizam uma moto como meio de transporte.
Eles compartilham seu estilo de vida no blog Desraíze.
Enxoval sem berço, e tudo por R$ 300
Viver com pouco não é exclusividade de quem está sempre viajando ou não tem filhos. Um exemplo disso é a youtuber Rosana Radke, de Itajaí (SC), que compartilha com quase 30 mil seguidores a sua filosofia de vida. Quando seu filho Felipe nasceu, ela optou por montar um enxoval muito compacto para o bebê e calcula ter gasto apenas R$ 300.
"Consegui ir contra a corrente e montar um enxoval bem enxuto." Itens como berço, carrinho de bebê e até mesmo banheira ficaram de fora da lista. "Também não tenho pratos, talheres de bebê nem mamadeira."
Outra mãe que segue o caminho minimalista é a bancária Naiane Souza, que atualmente se dedica integralmente ao filho, de um ano e três meses. Ela diz que não fez quarto de bebê. "Peguei emprestado um miniberço que usamos até ele fazer quatro meses e depois comprei um berço portátil de segunda mão. Agora ele já está se adaptando em uma cama normal", afirma.
Para Naiane, o estilo de vida minimalista permite que apenas o marido (um analista financeiro) continue trabalhando para sustentar a família, enquanto ela se dedica ao filho. "Minimalismo também é economia de tempo, é não ter um monte de coisa para limpar, ter mais tempo para ficar com a família", afirma Naiane, que mora em Barueri (30 km a oeste de São Paulo).
Comprar pouco, mas com qualidade
Embora o minimalismo possa transmitir uma imagem de economia a qualquer custo, nem sempre é assim. Pela lógica do minimalismo, muitas vezes compensa ter menos quantidade de itens, porém com qualidade maior, pois terão mais durabilidade.
"A palavra-chave é qualidade. Eliminar as coisas que não mudam minha vida e investir pesado no que realmente é importante", declara o autor Rafael Seabra. Em outras palavras, descobrir quais são as suas prioridades e colocá-las, para valer, em primeiro lugar.
(Edição de texto: Armando Pereira Filho)
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