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Quer ganhar mais? Dá para apostar em ações no exterior com alguma garantia

Vinicius Pereira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/05/2018 04h00

Com a redução da taxa básica de juros (Selic) de 14,25% ao ano para os 6,5% atuais, o rendimento de muitos investimentos de renda fixa que a acompanhavam, como Tesouro Direto ou o Certificado de Depósito Bancário (CDB), passou a ser menor.

Com isso, investidores começaram a buscar outros produtos para obter um rendimento considerado satisfatório novamente. Uma das opções que ganharam força é o Certificado de Operações Estruturadas (COE), que tenta somar certa segurança da renda fixa com os bons rendimentos da renda variável.

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O COE pode ser definido como uma cesta que contém diversas aplicações de renda variável (como ações, moedas, commodities, inflação, juros e índices internacionais), mas possui ferramentas financeiras para proteger o dinheiro -algo mais característico da renda fixa.

"O COE nada mais é que uma cesta com características bem definidas usada para atender mais investidores", diz Rafael Giovani, diretor comercial da Concórdia Corretora.

Apostar na alta ou baixa de algum indicador

O investidor compra essa cesta apostando na alta (ou até na baixa) de algum indicador e ganha com isso. Caso ele erre, o montante investido não corre risco de virar pó.

Por exemplo, o investidor pode apostar que algumas ações de empresas petrolíferas listadas na Bolsa dos EUA irão subir. Caso elas subam, ele ganha um percentual predeterminado pela corretora. Se elas caírem, o capital se mantém (mas sem correção) e, ao fim do contrato, será devolvido ao investidor. Assim, tanto ganhos, quanto perdas são limitadas.

É para quem tem perfil moderado ou agressivo

O investidor que se interessar pelo produto, no entanto, deve ter o perfil moderado ou agressivo e, principalmente, ter noção do que se trata o investimento.

"Ele tem que entender o que ele está fazendo, não vale simplesmente achar legal. Tem que se fazer uma lição de casa, conseguir explicar para alguém o que está fazendo. Aí sim, o investimento se torna importante na diversificação", afirma Caio Villares, presidente da Ancord (Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias).

Cada COE é único e desenhado de acordo com as apostas das corretoras. Há COEs que usam o dólar como referência, ações de empresas de tecnologia ou ainda de bancos internacionais. O rendimento, portanto, vai variar de acordo com o andamento desses papéis e da aposta do investidor.

Esse tipo de investimento é a versão brasileira das chamadas notas estruturadas, produto comum nos EUA e na Europa -onde os juros são menores e os investidores mais acostumados a correr risco para obter ganhos relevantes.

Quanto rende?

A grande vantagem do COE é que o pequeno investidor pode obter rendimentos que só a renda variável poderia oferecer, mas sem correr tanto risco. Há também uma previsibilidade nos ganhos (e na perda).

Diferentemente das demais rendas variáveis, o investidor sabe previamente o quanto ganhará se acertar na aposta ou o quando deixará de receber se o pitaco não der certo.

Isso porque geralmente o COE trabalha com um limitador. Por exemplo, o investidor compra um COE ligado à alta do ouro. Caso o metal suba realmente, ele receberá uma parte previamente combinada dessa alta.

Esse COE de ouro teria capital garantido e teto de ganho em 13%, por exemplo. Se no caso hipotético a cesta com produtos ligados ao ouro subir 30%, o investidor irá ganhar apenas os 13% previstos,e não os 30%. Se cair, o cliente mantém o montante.

De qualquer forma, como é considerado uma cesta, a vantagem para o investidor é poder comprar vários tipos de investimento por um valor relativamente baixo, já que dificilmente conseguiria produtos com essas características com pouco dinheiro.

Dá para perder dinheiro?

Na publicidade das corretoras, o COE é vendido como um produto no qual o investidor não perde. Está aí uma meia verdade.

A maioria das corretoras no país trabalha com os COEs chamados de 'capital garantido' ou 'valor nominal protegido', ou seja, caso a aposta se mostre errada, ao fim do contrato, o investidor terá o montante investido de volta.

Mas, como os prazos são longos, o investidor pode deixar de ganhar (mesmo que seja só o rendimento da poupança). Lembre-se que R$ 5.000 hoje irão valer menos do que R$ 5.000 daqui a cinco anos, por causa da inflação.

"Não existe almoço grátis. Se perder, não perde tudo, mas perde [dinheiro]. Ou no possível rendimento ou na desvalorização pela inflação. O investidor não pode cair nessas facilidades do marketing", diz Villares.

Há também o COE de valor nominal em risco, no qual não há garantias sobre o dinheiro investido, mas esse produto não é muito comum por aqui.

Não tem garantia do FGC, como poupança e CDB

O risco do COE é de a instituição financeira quebrar. Por isso, é indicado analisar quem está fornecendo o produto. Ele não tem garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que assegura os investimentos na poupança ou CDB, por exemplo.

O investimento inicial necessário varia. Mas, geralmente, começa entre R$ 2.000 e R$ 5.000 e vai até R$ 15 mil iniciais.

A liquidez (ou quando você pode retirar o dinheiro investido) fica entre dois e cinco anos. O investidor deve ter certeza de que não irá precisar do dinheiro já que não há possibilidade de sacar o montante antes do prazo.

No Brasil, bancos e corretoras já ofertam o COE há algum tempo. Mas, é sempre importante lembrar que o investidor deve estudar o produto para não haver contratempos nas finanças.

O que é

COE (Certificado de Operações Estruturadas) é uma cesta de investimentos que busca ganhos da renda variável (colocando o dinheiro em ações, dólar, juros, commodities etc), mas com garantia de que, caso o mercado não ande como o esperado, o capital do investidor seja devolvido.

Riscos

O COE de capital protegido garante que, em caso de erro no palpite, o valor investido será devolvido ao final da aplicação. Cuidado, pois o produto tem liquidez com prazos longos (dois a cinco anos), e o dinheiro deve se desvalorizar até lá.

O COE também não tem garantia do FGC. Portanto, o risco é de o banco/corretora quebrar. Por isso, o interessado deve analisar bem o veículo que irá utilizar para a aplicação.

Vantagens

Ao aplicar no COE, o investidor pode obter ganhos mais próximos aos da renda variável sem correr tanto risco. O investidor também conhece os ganhos e as perdas previamente.

Impostos e taxas

As corretoras e bancos geralmente não cobram taxas nesse produto. O Imposto de Renda é cobrado na fonte e possui taxação regressiva. Vai de 22,5% a 15%, a depender do prazo de resgate do dinheiro.

Onde investir?

No Brasil, corretoras e grandes bancos já oferecem o COE aos clientes. Nas corretoras, o investidor precisa se cadastrar no site da instituição escolhida, transferir o valor desejado e optar por alocar o dinheiro nesse produto.

Nos grandes bancos, o COE está disponível apenas para clientes de alta renda, mas não é necessário o cadastro em nenhuma corretora. A própria instituição bancária oferece o produto.