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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Veja como ganhar com títulos públicos além do Tesouro Direto

Getty Images
Imagem: Getty Images
Valter Police

17/04/2023 04h00

Alguns dos investimentos mais conhecidos e utilizados pelos brasileiros são os títulos do Tesouro Direto. São um empréstimo do investidor para o governo federal e são remunerados com juros prefixados, atrelados à inflação ou pós-fixados, corrigidos pela taxa Selic.

Esses títulos podem ser comprados pelo investidor de forma direta, por meio do programa Tesouro Direto, feito em parceria com a B3, ou de forma indireta, quando se investe por meio de fundos e estes, por sua vez, compram títulos públicos.

Um dos principais motivos que faz os investidores gostarem desse investimento é a segurança. Ao emprestar o dinheiro para o governo, o investidor, na prática, não corre o risco de crédito, ou seja, de tomar um calote do devedor.

Ele ainda incorre no que chamamos de risco de mercado. Sofre oscilação no valor do investimento antes de seu vencimento, embora na data de seu vencimento as condições acordadas no início serão sempre respeitadas.

Além disso, eles possuem risco de liquidez, ou seja, de não se conseguir resgatar o dinheiro no momento em que se deseja. Mas nesse caso esse risco seja muito pequeno, em especial quando falamos do título Tesouro Selic.

O que muito pouca gente sabe é que existe uma outra forma de ser credor do governo, mas com um retorno que costuma ser muito maior do que o dos títulos públicos tradicionais. Caso você não conheça, vou explicar como funcionam os precatórios.

Imagine que o governo (federal, estaduais, municipais ou mesmo autarquias) deve algum dinheiro para alguém, seja porque pagou salários ou pensões a menor do que deveria, seja por qualquer outro motivo. Nesse caso, a pessoa cobra, mas não recebe. Daí, entra na Justiça e ganha, mas o governo recorre e fica nessa disputa judicial até que a pessoa ganha em última instância e não há mais como o governo recorrer. Nesse momento o governo deveria pagar, mas como não tem verba disponível no Orçamento, é emitido um precatório, que funciona como um título de dívida do governo. É como um cheque pré-datado. Ele vale aquele dinheiro, mas a pessoa só vai receber no futuro.

Existe uma parte indesejada nesse processo: a incerteza quanto à data de recebimento, porque o precatório entra em uma fila, e isso pode levar muitos anos até que se receba o dinheiro. Tem a ver com aquele risco de liquidez que eu citei acima, embora o valor do precatório seja reajustado pela Selic, o que costuma ser muito mais do que a inflação.

Mas, por causa disso, grandes oportunidades surgem. Muitas pessoas têm esses títulos, possuindo direitos de receber o dinheiro no futuro, mas por diversos motivos não podem ou não querem esperar. Pode ser para pagar dívidas, colocar a casa em ordem ou mesmo para antecipar alguns sonhos e objetivos.

Assim, os detentores dos precatórios vendem esses direitos para investidores, que podem e querem esperar, sabendo que o valor será corrigido pela Selic.

Nessa negociação existe um desconto sobre o valor do título. Ou seja, o investidor compra um título de determinado valor, digamos R$ 1 milhão, pagando bem menos por ele, como R$ 700 mil, R$ 500 mil ou mesmo R$ 300 mil, lembrando ainda que o valor original (nesse caso R$ 1 milhão) é corrigido pela Selic. Assim, o título acaba pagando Selic mais um retorno, que dependerá do prazo no qual será recebido e do desconto negociado no ato da compra.

Os retornos tendem a ser muito altos, e o risco de crédito (calote) é equivalente ao dos títulos do Tesouro. Quer dizer, desprezível. O que se abre mão é da liquidez: o investidor, na prática, não corre o risco de não receber, mas pode demorar um pouco mais, ou um pouco menos, para receber com relação à data esperada inicialmente.

Esse mercado vem crescendo muito, dadas essas características de alto retorno e baixo risco de calote, mas, para aumentar as chances de sucesso, como em qualquer investimento, é fundamental ser bem assessorado. Assim, caso você pense em vender seu precatório porque precisa dos recursos, ou queira investir nesse mercado, procure por empresas idôneas, com um histórico que demonstre boa reputação, e talvez grandes negócios possam ser gerados para você.

E, claro, ao investir, sempre siga seu perfil como investidor e entenda como os investimentos individuais acrescentam características desejadas à sua carteira.

Boas escolhas!

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