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3 cuidados ao investir o seu dinheiro durante o novo governo Lula

                   - NELSON ALMEIDA / AFP
Imagem: NELSON ALMEIDA / AFP

01/11/2022 04h00

Depois das eleições, é natural surgir a dúvida: existe algum cuidado especial que eu preciso tomar com os meus investimentos?

Sim. Ao longo dos governos petistas, ocorreram ao menos três grandes fatos que mexeram diretamente com os mercados e, a meu ver, têm chances de se repetir.

Na coluna de hoje vou relembrar quais foram esses acontecimentos e o que o investidor pode fazer para se precaver ou mesmo aproveitar as oportunidades que podem surgir.

Quedas da Bolsa por motivo político podem virar oportunidades

A principal lição que eu carrego sobre o impacto da eleição de Lula sobre o mercado financeiro foi o erro de previsão da maioria dos investidores sobre como seria um governo do PT.

Em 2002, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, despencou 36% de janeiro a outubro, mês da eleição. Havia no mercado o temor de uma guinada à esquerda muito forte na economia.

Nos meses seguintes, no entanto, conforme Lula anunciava o seu ministério, a Bolsa foi se recuperando, até zerar as perdas em maio de 2003. Cinco anos depois, o Ibovespa acumulou uma alta de 457%.

Basicamente, o que ocorreu foi que o governo Lula adotou uma política econômica minimamente alinhada com interesses de mercado e o país ainda se beneficiou de uma forte alta dos preços das commodities no mercado internacional.

O que podemos tirar disso? Que, às vezes, os investidores superestimam as chances de um governo petista fazer uma guinada antimercado.

É possível que, em alguns momentos, uma situação estilo 2002 se repita, ainda que em menor grau. Ou seja, que os preços das ações caiam de forma generalizada, conforme as notícias políticas.

Se isso ocorrer, pode ser a oportunidade de comprar a preço mais baixo ações de companhias privadas bem administradas.

PT defende papel social em empresas estatais

Em governos petistas (mas não só), as empresas estatais acabam tendo funções sociais e não são orientadas apenas por critérios de mercado.

A Petrobras foi usada para impedir um aumento do preço dos combustíveis em diversos momentos dos governos petistas, o que, naturalmente, aumentou as despesas da companhia e provocou quedas no lucro e aumentos de prejuízo. Vale dizer que no governo Bolsonaro a estatal também foi utilizada para o mesmo fim.

Por conta disso, repito aqui o que já afirmei em posts anteriores: eu, particularmente, não invisto em estatais por conta do risco político.

Sei que existem oportunidades nessas empresas, mas, a meu ver, elas não compensam a incerteza provocada pelo fato de elas serem controladas pelo governo.

Ficar de fora das estatais, portanto, é o cuidado que eu sempre tomo ao investir, independente de quem seja o presidente da República.

Ajuda estatal pode inflar preço das ações

Nos governos do PT, havia a ideia de que o Estado poderia ajudar determinadas empresas brasileiras a se expandirem no mercado interno e externo. A intenção era criar companhias "campeãs nacionais", preparadas para lidar com a forte competição com gigantes mundiais.

O problema é que essa estratégia não vingou. Um caso emblemático é o da empresa de telecomunicações Oi. Em 2008, o governo facilitou a fusão da Telemar (dona da marca Oi) com a Brasil Telecom, com o objetivo de criar uma grande empresa brasileira capaz de concorrer com companhias de capital internacional que atuavam no país.

O resultado, no entanto, foi desastroso. Oito anos depois, em junho de 2016, a empresa acumulava R$ 65 bilhões em dívidas e entrou com pedido de recuperação judicial.

A fantástica receita de R$ 41 bilhões que a empresa tinha no momento da fusão chamou atenção. Porém, quem investiu na companhia naquele momento perdeu quase todo o dinheiro. Nos quatro anos que antecederam o pedido de recuperação, o preço da ação caiu 98%.

Não me surpreenderá se o governo repetir o erro. Na carta divulgada pelo PT durante a campanha, o partido afirma que vê os bancos públicos, especialmente o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) como "indutores do crescimento".

Mas não ficou claro de que forma essas instituições serão usadas. Uma coisa seria o BNDES ajudar pequenas e médias empresas dando um empurrão inicial. Outra seria o banco emprestar dinheiro para gigantes nacionais selecionados. Se este segundo caso ocorrer novamente, é possível que os resultados das empresas contempladas fiquem inflados de forma não sustentável a longo prazo.

Alguma dúvida?

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