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OPINIÃO

Opinião: Cresce temor de intervenção em preços da Petrobras

José Mauro Ferreira Coelho ficou só 40 dias no cargo - Valter Campanato/Agência Brasil
José Mauro Ferreira Coelho ficou só 40 dias no cargo Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil

Rafael Bevilacqua

24/05/2022 09h17

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Após apenas 40 dias, José Mauro Coelho foi destituído do cargo de presidente da Petrobras (PETR4) pelo novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida. Para ocupar a posição, foi indicado o secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital no Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade.

Com a demissão precoce —e difícil de justificar—, Coelho, que havia sido indicado pelo ex-ministro Bento Albuquerque, se tornou o presidente que por menos tempo ocupou a função desde a criação da estatal.

A destituição de Coelho ocorre em meio às duras críticas do presidente Jair Bolsonaro à política de preços vigente na Petrobras, bem como aos lucros reportados pela estatal nos últimos trimestres.

Atualmente, a Petrobras segue a política de paridade internacional de preços, o que significa que os preços praticados pela companhia acompanham a variação do preço do barril de petróleo no mercado internacional.

Esse é o modelo adotado pela maior parte das petrolíferas ao redor do mundo, mesmo as estatais, uma vez que evita o risco de desabastecimento dos combustíveis em decorrência do descasamento entre os preços praticados no mercado interno e no exterior.

Diante da disparada dos preços no exterior, a Petrobras se viu forçada a reajustar os preços dos combustíveis comercializados nas refinarias, o que tem contribuído para a alta da inflação e provocado descontentamento entre a população —e entre a ala política do governo.

Com as eleições se aproximando e sem sinais de recuo do preço do petróleo, cresce o receio com a possibilidade de intervenção governamental na política de preços da companhia. Mas mexer na política de preços da Petrobras não é algo simples, e pode acabar trazendo mais problemas do que soluções.

No curto prazo, é preciso se atentar à votação da proposta que impõe um limite à alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) dos combustíveis, bem como às discussões acerca da criação de um fundo de estabilização dos preços financiado com os dividendos pagos pela petrolífera à União.

Ainda assim, caso tais medidas não saiam do papel ou não surtam efeito até o momento das eleições, os acionistas da estatal podem vir a ser prejudicados.

Leia no 'Investigando o Mercado' (exclusivo para assinantes do UOL Investimentos): informações sobre os melhores setores da Bolsa para quem quer investir pensando em receber dividendos.

Um abraço,

Rafael Bevilacqua
Estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante

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