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ANÁLISE

Construção volta a sofrer com juros e custos altos, após 2 anos de alívio

Rafael Bevilacqua

20/05/2022 09h21

Hoje comentaremos a deterioração das perspectivas para o setor de construção civil diante do cenário difícil de aumento dos custos e juros em alta.

Confira a seguir o comentário de Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento, sobre o tema. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e avaliações de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimento. Este conteúdo é acessível para os assinantes do UOL. O UOL tem uma área exclusiva para quem quer investir seu dinheiro de maneira segura e lucrar mais do que com a poupança. Conheça!

Juros altos e custos maiores

O setor de construção civil brasileiro enfrentou uma profunda crise entre os anos de 2013 e 2018, período durante o qual a deterioração da economia brasileira fez com que os juros subissem e a demanda por novos empreendimentos caísse. Além disso, a operação Lava Jato revelou que uma série de empreiteiras estavam envolvidas em escândalos de corrupção bilionários, o que minou a confiança internacional no setor.

Passada a crise, após a falência de muitas construtoras e incorporadoras, parecia que o vento tinha mudado de direção. Nem mesmo a pandemia do coronavírus conseguiu reduzir o ímpeto do setor diante da queda das taxas de juros e da retomada da demanda por novos empreendimentos.

Contudo, após dois anos de alívio, os efeitos da crise sanitária finalmente alcançaram as construtoras, e colocaram um fim à tendência positiva para o setor.

Na conjuntura atual, a construção civil sofre com a inflação, que corrói o poder de compra da população e aumenta consideravelmente os custos de produção, e com o aumento da Selic, que encarece o financiamento e diminui a disponibilidade de crédito para a população.

Até o momento, o primeiro trimestre de 2022 foi marcado por uma desaceleração do crescimento da receita líquida das companhias do setor, que ficou abaixo da inflação acumulada nos últimos 12 meses. Além disso, o endividamento das construtoras cresceu muito, saindo de R$ 4,4 bilhões no primeiro trimestre de 2021 para quase R$ 8,0 bilhões de reais nos três primeiros meses deste ano - alta de mais de 80%.

Com um aumento tímido na receita, os custos explodindo e a dívida aumentando, o lucro líquido do setor caiu em média 14% em comparação com o primeiro trimestre do ano passado, e a perspectiva de curto prazo não é animadora.

Isso porque as incorporadoras esperavam uma estabilização dos custos em 2022, mesmo que em patamares elevados, mas a guerra na Ucrânia fez com que os preços dos insumos utilizados na construção civil disparassem.

Concomitantemente, a disparada da inflação forçou o Banco Central a elevar a Selic a um patamar muito acima do que era projetado inicialmente, e a perspectiva é de que os juros se mantenham em alta ao menos até o final de 2022.

A Tenda (TEND3) foi o destaque negativo do trimestre, alegando que para manter a rentabilidade vai renunciar ao volume vendido, mesmo que signifique diminuir o tamanho da operação.

Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.