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ANÁLISE

Com problemas, Netflix divulga detalhes sobre assinatura que terá anúncios

Rafael Bevilacqua

16/09/2022 08h55

Talvez seja hora de fazer uma revelação que pode ser chocante para o grande público: o modelo de negócio da Netflix (Nasdaq: NFLX) não funciona. Tal afirmação pode soar ridícula em um primeiro momento, uma vez que estamos falando de uma empresa com presença global e cujas produções alcançam centenas de milhões de pessoas. Mas calma, vou explicar melhor.

Confira a seguir o comentário de Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento, sobre o tema. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e avaliações de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimento. Este conteúdo é acessível para os assinantes do UOL. O UOL tem uma área exclusiva para quem quer investir seu dinheiro de maneira segura e lucrar mais do que com a poupança. Conheça!

Os chamados serviços de streaming puros são ótimos para os consumidores, mas não para os investidores. A Netflix, antes vista pelo mercado como o futuro do entretenimento, tem dado sinais de esgotamento e perdido assinantes nos últimos trimestres. A companhia apresentou um crescimento exponencial em seus primeiros anos, mas a plataforma não consegue mais manter o ritmo de crescimento de outrora com a ascensão da concorrência.

É amplamente sabido que a empresa busca, há algum tempo, desenvolver um serviço suportado por anúncios, caminho semelhante ao que tomaram os mercados de videogames e esportes ao vivo. Na quarta-feira (14), de acordo com o "The Wall Street Journal", a empresa anunciou que espera que seu próximo plano de assinatura suportado por anúncios atinja cerca de 40 milhões de espectadores em todo o mundo até o terceiro trimestre de 2023.

A notícia se baseia em documento compartilhado com compradores de anúncios obtido pelo jornal. A Netflix espera que 4,4 milhões de "espectadores únicos" em todo o mundo se inscrevam para o novo nível até o fim do ano, com 1,1 milhão vindo dos Estados Unidos. Adicionalmente, parece que a Netflix também não planeja, inicialmente, ter uma empresa independente para fornecer medição ou verificação de que os anunciantes estão obtendo a exposição pela qual pagaram.

Em comunicado, a empresa disse que "ainda está nos primeiros dias no processo de decisão para lançar um nível, mais barato e suportado por anúncios, e que nenhuma decisão foi tomada".

O streaming para fins gerais de entretenimento ainda está tentando se provar financeiramente. Como negócio único, o streaming pode ter dificuldades em se manter longevo. Isso fica mais claro à medida que Netflix, Hulu, Disney e o resto dos players do setor sofrem com a rotatividade de base de assinantes, quando os clientes se inscrevem e cancelam depois de assistir ao último programa do momento.

Anos atrás, a Netflix parecia destinada a ser vendida para um player maior e mais diversificado. Talvez estejamos voltando a esse assunto novamente. A escolha da Microsoft (MSFT) pela Netflix para desenvolver sua plataforma de anúncios é vista como um caminho para uma possível fusão com a gigante do software, ilustrando o dito acima: mais uma oferta, dentro de um pool de serviços. Não obstante, é justamente essa a abordagem adotada tanto por Apple (AAPL) quanto por Amazon (AMZN).

Talvez haja ainda saída para uma Netflix independente e relativamente pouco diversificada, agora que outros concorrentes estão recuando na guerra do streaming e tentando diversificar seus modelos de negócios. Nos parece que o grande talento da Netflix é produzir uma grande oferta de conteúdo bom o suficiente para todos.

A Netflix ainda pode aspirar a ser o grande destaque do streaming, mais sofisticado, em meio a uma infinidade de concorrentes bons o suficiente. Seja por meio de uma compra/fusão, seja por meio de anúncios, seja por meio de avanço na qualidade, definitivamente o momento da empresa é delicado. Não importa qual seja, a única certeza é que todos os caminhos serão tortuosos.

Na quinta-feira (15), as ações da Netflix tiveram alta de 5,02%, cotadas a US$ 235,38.

Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.