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ANÁLISE

EUA: O que o mercado de trabalho diz sobre a economia e o risco de recessão

Getty Images
Imagem: Getty Images

Rafael Bevilacqua

08/08/2022 09h33

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Nos últimos meses, investidores de todo o mundo têm olhado para dois dados: a inflação e a taxa de desemprego nos Estados Unidos. São esses os dois dados que mais influenciam a tomada de decisões dos membros do Federal Reserve, mais conhecido como Fed, o banco central norte-americano.

Na última sexta-feira (5), foi divulgado o relatório de emprego dos EUA referente ao mês de julho, e os números vieram muito mais fortes do que o esperado.

Foram criados 528 mil empregos na maior economia do planeta no mês passado, mais do que o dobro do que indicavam as projeções, o que fez com que a taxa de desemprego recuasse para 3,5%, de 3,6% no mês anterior.

Com os dados revelando uma surpreendente resiliência do mercado de trabalho norte-americano, diminui o receio dos investidores com a recessão, o que tenderia a trazer alívio para os mercados em tempos de normalidade.

Contudo, é aí que entra em campo o outro fator relevante que precisa ser levado em consideração: a inflação.

O banco central dos EUA tem um mandato duplo, ou seja, deve prezar ao mesmo tempo pelo combate ao desemprego e à alta da inflação. Contudo, as medidas que o Fed pode adotar para combater a inflação tendem a gerar mais desemprego, enquanto as medidas que viabilizam a redução do desemprego tendem a provocar a alta da inflação.

Dessa forma, o BC dos EUA anda sempre na corda bamba, tendo que manter o equilíbrio entre esses dois elementos inconciliáveis.

Tendo em vista a disparada da inflação nos últimos meses, o Fed tem adotado medidas com o intuito de perseguir a estabilidade dos preços, aproveitando o bom desempenho do mercado de trabalho desde a reabertura econômica. A mais relevante dentre essas medidas é a alta dos juros, que tem se intensificado conforme os preços não dão sinais de recuo.

A alta dos juros tende a reduzir o consumo e a atividade econômica, provocando a desaceleração da inflação e o consequente desaquecimento do mercado de trabalho.

Portanto, quanto menor o desemprego e mais fortes os dados trazidos pelo relatório de emprego, maiores são as chances de o banco central dos EUA manter ou acelerar o ritmo de alta dos juros ao longo das próximas reuniões —e isso não é bom para as Bolsas de Valores.

Leia no 'Investigando o Mercado' (exclusivo para assinantes UOL, que têm acesso integral ao conteúdo de UOL Investimentos): informações sobre o resultado do segundo trimestre do banco Bradesco.

Um abraço,

Rafael Bevilacqua
Estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante

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Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.