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ANÁLISE

Bradesco lucra R$ 7 bilhões no 2º tri, mas balanço é levemente negativo

Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
Imagem: Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Rafael Bevilacqua

08/08/2022 09h21

O banco Bradesco (BBDC4) divulgou seus resultados do segundo trimestre na noite de quinta-feira (4), com números ambíguos. Enquanto o lucro cresceu, impulsionados por efeitos não recorrentes, a margem financeira apresentou uma pequena retração.

Confira a seguir o comentário de Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento, sobre o tema. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e avaliações de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimento. Este conteúdo é acessível para os assinantes do UOL. O UOL tem uma área exclusiva para quem quer investir seu dinheiro de maneira segura e lucrar mais do que com a poupança. Conheça!

O lucro líquido do trimestre foi de R$ 7 bilhões, um crescimento de 3,2% em relação ao primeiro trimestre de 2022 e de 11,4% em comparação ao mesmo período do ano anterior, e acima das projeções.

No entanto, tal performance só foi possível devido a fatores não recorrentes, como menores gastos em despesas com comercialização de cartões e sinistros, em função da redução de perdas com fraudes no período e dos ganhos com a venda da MerchantE pela Cielo, empresa na qual o Bradesco possui participação.

A margem financeira apresentou uma queda de 4,1% na comparação com primeiro trimestre, finalizando o período em R$ 16,3 bilhões, prejudicada principalmente pela margem com o mercado. Esta apresentou reversão de tendência e finalizou o trimestre negativa em R$ 587 milhões, reflexo do aumento do CDI (Certificado de Depósito Interbancário).

A carteira de crédito expandida do banco apresentou um forte crescimento de 18% na comparação com o segundo trimestre de 2021, totalizando R$ 855 bilhões. O crescimento da carteira foi acompanhado de uma maior exposição ao risco, uma vez que o banco passou a ceder empréstimos e financiamentos a clientes com perfis um pouco mais arriscados, mas que têm como contrapartida a cobrança de juros mais altos.

Em relação aos parâmetros qualitativos da carteira, a inadimplência acima de 90 dias cresceu 0,3 ponto percentual na comparação com o primeiro trimestre, chegando a 3,5%.

Como resultado do crescimento da carteira e do perfil mais arrojado desta, a despesa com Provisão de Devedores Duvidosos (PDD), ou seja, provisões para arcar com possíveis calotes, totalizou R$ 5,3 bilhões, um crescimento trimestral de 9,9%.

Em suma, o balanço pode ser visto como levemente negativo, uma vez que o êxito na linha de lucro líquido pode ser atribuído a efeitos majoritariamente não recorrentes. O banco está conseguindo apresentar uma boa evolução no segmento de seguros, além de resultados mais sólidos na digitalização de seus produtos e serviços.

No entanto, o resultado da margem e o descompasso entre PDD e aumento da inadimplência pode estar influenciando na melhoria dos lucros de curto prazo, mas arriscando a rentabilidade de médio da instituição.

As ações preferenciais do Bradesco fecharam em alta de 1,2% na sexta-feira, cotadas a R$ 18,50.

Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.