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Os atuais candidatos à presidência da República se confrontaram pela primeira vez em debate promovido pelo UOL junto com Band, Folha de S.Paulo e TV Cultura, no domingo (28), com participação do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), e do ex-presidente Lula (PT).
Como se fossem jogadores de futebol com suspeita de lesão às vésperas de uma importante partida, os dois candidatos mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto eram dúvida para o primeiro debate da campanha, devido a declarações nas quais tanto Bolsonaro quanto Lula informaram que poderiam ficar de fora dos debates televisionados.
Contudo, ambos marcaram presença no evento e se tornaram alvos para os demais candidatos, principalmente para a senadora Simone Tebet (MDB) e para o ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
Apesar de acalorado, o debate trouxe poucas propostas concretas e muitos ataques pessoais, como era de se esperar em meio ao clima de polarização que tomou conta do país.
Muito se falou sobre propostas com viés mais eleitoreiro, principalmente no que diz respeito ao Auxílio Brasil e à possível manutenção do valor de R$ 600 por beneficiário - o que ainda não está incluso na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023 -, mas pouco foi dito sobre a delicada situação das contas públicas, e menos ainda sobre propostas para resolver esse problema.
Para 2023, o Brasil pode ter que arcar com uma conta de até R$ 430 bilhões em decorrência apenas de despesas não cobertas pelo Orçamento que estão sendo debatidas e adotadas neste ano, de acordo com economistas do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas).
Nessa conta, entram medidas como a manutenção do valor atual do Auxílio Brasil, reajustes ao funcionalismo público, desonerações e uma correção da tabela do Imposto de Renda, dentre outros.
Tendo em vista o alto risco de novos aumentos dos gastos públicos em 2023, ao mesmo tempo em que existe uma possibilidade real de diminuição da arrecadação, não é absurdo projetar um déficit ainda maior do que os R$ 40 bilhões projetados na LDO próximo ano.
Dessa forma, mesmo que o Brasil obtenha um superávit primário neste ano, sustentado pelo bom desempenho das estatais, a tendência é de retomada da trajetória de déficits e aumento da dívida pública já no próximo ano.
Enquanto os candidatos à Presidência se perdem em discussões triviais, ataques pessoais e promessas pouco realistas, o Brasil sofre com a deterioração das contas públicas, que ameaça constantemente o futuro de milhões de brasileiros.
A cada ano, os gastos obrigatórios do governo aumentam, pressionando cada vez mais o Orçamento e reduzindo a capacidade do Estado de investir em setores essenciais, como educação, saúde e infraestrutura.
Além de reduzir a capacidade de investimento do Estado, essa situação pode desencadear uma severa crise econômica no futuro, caso a dívida pública continue crescendo e chegue a um nível insustentável, como ocorre atualmente na Argentina.
Quando um governo não consegue arcar com seus gastos, ele tende a emitir mais moeda, provocando uma disparada da inflação, ou a aumentar os impostos, estrangulando os cidadãos e provocando uma maciça fuga de capital para o exterior.
Em suma, o debate da véspera evidenciou que nada mudou na forma como os políticos enxergam o eleitorado. Com um discurso simplista, raso e descolado da realidade, políticos tentam vender promessas irreais para um eleitorado desiludido, sem abordar soluções tangíveis para os problemas que afligem a população.
Leia no 'Investigando o Mercado' (exclusivo para assinantes UOL, que têm acesso integral ao conteúdo de UOL Investimentos): informações sobre as perspectivas para o setor de construção civil após as eleições.
Um abraço,
Rafael Bevilacqua
Estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante
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Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.
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