MRV (MRVE3): mesmo pessimista para balanço, banco mantém 'compra'; confira
Em seu relatório mais recente sobre a MRV (MRVE3), o Safra trouxe perspectivas pessimistas para a companhia no quarto trimestre de 2023, puxadas por menores margens e perda financeira acima do esperado. Mesmo assim, manteve a recomendação de 'compra' para as ações.
No relatório, os analistas Rafael Rehder, Luiza Mussi e Luiz Peçanha, do Safra, reduziram a estimativa de resultados da MRV em 45% para 2024 e 2% em 2025, para R$ 310 milhões e R$ 814 milhões, respectivamente.
Segundo o Safra, a perspectiva pessimista para os resultados da MRV no curto prazo deriva da margem bruta mais lenta que o esperado.
"Para melhorar seu fluxo de caixa, acreditamos que a MRV começou a atrasar as obras de alguns empreendimentos para melhorar seu desempenho de vendas, diminuindo assim o consumo inicial de caixa. Estimamos uma participação de 20% dos empreendimentos legados na margem bruta da MRV em 2024", pontua o banco.
Um outro fator, de acordo com o Safra, se refere à perda financeira acima do esperado com vendas recorrentes de recebíveis. "Prevemos um adicional de R$ 1,3 bilhão em vendas de recebíveis ao longo do ano, gerando R$ 229 milhões em juros sobre cessões de crédito, gerando assim um prejuízo financeiro líquido de R$ 346 milhões, bem acima de nossa estimativa anterior de R$ 108 milhões.
O banco possui, também, estimativas mais baixas para as vendas da Resia - subsidiária da MRV nos Estados Unidos - em 2024 e 2025, seguindo o ambiente ainda baixista no mercado do país. "Desta forma, prevemos um lucro líquido moderado de R$ 16 milhões em 2024E, melhorando para R$ 111 milhões em 2025E", acrescenta.
O Safra estima um P/L atraente de 5,1 vezes para 2025, 24% abaixo da média de 6,7 vezes de seus pares, ao mesmo tempo em que destaca a melhoria contínua no desempenho operacional da companhia nos últimos trimestres, o que deverá beneficiar seus resultados futuros.
"No entanto, 2024 ainda deve ser um período de transição, pois nem todos os desenvolvimentos lançados durante o aumento da inflação (2020-1º semestre de 2022) foram entregues, o que ainda pode pressionar o fluxo de caixa e a rentabilidade da MRV ao longo do ano", ressalta.
O Safra manteve a classificação 'outperform', equivalente a 'compra', para as ações da MRV, com preço-alvo a R$ 11,80. A MRV divulga o balanço completo do quarto trimestre de 2023 no próximo dia 29 de fevereiro.
MRV (MRVE3) reverte lucro e tem prejuízo de R$ 136,5 milhões no 3T23
A MRV teve prejuízo líquido consolidado de R$ 136,5 milhões no terceiro trimestre de 2023. O resultado representa uma piora na comparação com o lucro de R$ 2 milhões registrado no mesmo período de 2022. Os dados consideram o resultado líquido atribuível aos acionistas da controladora.
O que pesou no 3T23 da MRV foi o resultado financeiro (saldo entre receitas e despesas financeiras), que gerou uma despesa de R$ 128,8 milhões, contra uma receita de R$ 113,8 milhões de um ano antes.
Esta linha do balanço da MRV foi afetada por itens considerados não recorrentes. Entram aí a operação de recompra de ações da companhia via derivativos, ou equity swap, (R$ 34,6 milhões) e a marcação a mercado de dívidas (R$ 55 milhões). Além disso, houve perda na venda de terreno em Curitiba (R$ 20,2 milhões), cujo zoneamento passou de residencial para comercial, portanto, saindo do foco da companhia.
A receita operacional líquida da MRV consolidada totalizou R$ 1,973 bilhão, crescimento de 16,4% na mesma base de comparação anual, impulsionada pelo volume recorde de venda de imóveis. A margem bruta consolidada foi a 23,3%, melhora de 4 pontos porcentuais na comparação anual. Já as despesas consolidadas do grupo foram de R$ 436,2 milhões, aumento de 5,5%.
Todas as operações da MRV&CO tiveram prejuízo no terceiro trimestre do ano: MRV (R$ 87,6 milhões), Urba (R$ 25,9 milhões), Luggo (R$ 8,9 milhões) e Resia (R$ 14,0 milhões).
MRV: lucro ajustado
Sem contar os itens não recorrentes do resultado financeiro, a MRV passa a mostrar um lucro líquido ajustado de R$ 22 milhões no terceiro trimestre de 2023, o que representa melhora frente ao prejuízo de R$ 51 milhões do mesmo período de 2022.
A margem bruta da MRV foi a 23,4%, alta de 4,5 pontos porcentuais. A receita operacional líquida atingiu R$ 1,926 bilhão, alta de 17,7%.
Conforme já divulgado nas prévias operacionais, os lançamentos do braço de incorporação subiram 2,9% no terceiro trimestre de 2023 em relação ao mesmo período de 2022, chegando a R$ 1,811 bilhão. As vendas cresceram 54,5%, para R$ 2,213 bilhões, ajudadas pela melhora nas condições do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV).
A dívida líquida do grupo no Brasil (excluindo a Resia, que atua nos Estados Unidos) foi a R$ 2,61 bilhões, alta de 10,7% na comparação anual. A alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida e patrimônio líquido) bateu em 43,4%, recuo de 1 ponto porcentual. Os recursos disponíveis em caixa eram de R$ 2,5 bilhões no fim de setembro.
Já a dívida líquida da Resia chegou a R$ 2,68 bilhões, aumento de 53,3% na comparação anual. A alavancagem foi a 170,4%, salto de 64 pontos porcentuais. O dinheiro em caixa somava R$ 149 milhões, aponta balanço da MRV.
Desempenho das ações de MRV
Perto das 11h30 desta quinta-feira (8), as ações de MRV caíam 7,30%, cotadas a R$ 6,86, segundo o Status Invest.
*Com informações de Estadão Conteúdo
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