BRF (BRFS3): analistas veem balanço do 1T24 "acima do esperado", mas pregam cautela; ações disparam no Ibovespa
A BRF (BRFS3) registrou um lucro líquido de R$ 594 milhões no primeiro trimestre de 2024 (1T24). Segundo os analistas, os resultados da companhia evidenciam uma trajetória de melhora, mas ainda é necessário ter cautela. Mas o balanço animou investidores: as ações da BRF saltaram 11%, a R$ 18,51.
"A BRF apresentou resultados do 1T24 mais fortes do que o esperado. O Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da BRF no 1T24 ficou em R$ 2,1 bilhões, 17% acima do nosso e 28% à frente do consenso, principalmente impulsionado pelos resultados sólidos da unidade internacional", afirma o Santander.
Na mesma linha, a Genial Investimento diz que a companhia entregou um trimestre forte, com resultados da BRF pouco abaixo das expectativas em termos de receita, devido a menores volumes, mas bastante acima de nossas projeções de margem Ebitda (+4,1p.p) as quais se encontravam apenas -0,2p.p. abaixo do consenso.
Segundo o Santander, durante o 1T24 da BRF, a empresa se beneficiou de ventos favoráveis nos custos, bem como de preços robustos e execução sólida da unidade internacional. Essa forte performance foi principalmente devido à forte presença da BRF no Oriente Médio, possibilitando ganhos de participação de mercado em meio a interrupções logísticas no Mar Vermelho.
"No futuro, acreditamos que a BRF deve continuar aproveitando sua mixagem mais rica de produtos (ou seja, exposição ao Halal), traduzindo-se em um prêmio sobre os preços médios de exportação", acrescenta o banco, que tem recomendação neutra para os papéis, com preço-alvo de R$ 16.
No entanto, alguns fatores levam a Genial a ter um posicionamento conservador em relação aos papéis da companhia, como o histórico da BRF de consumir significativamente seu caixa pós captações; o acirramento da competição no mercado interno brasileiro com a Seara e players regionais; a incerteza em relação a manutenção do atual patamar saudável de alavancagem da companhia e que parte relevante do benefício da queda dos grãos e da captura de eficiências com os programas BRF+ 1.0 e 2.0 já estejam precificados.
Desse modo, a Genial tem recomendação de manter, com preço-alvo de R$ 16 para as ações da BRF.
BRF continua sendo uma ação de proteína forte em momentum de ganhos, diz BTG
Segundo o BTG, a BRF é um "negócio cíclico, e separar o que é cíclico do que é estrutural pode ser complicado, especialmente quando a empresa está no meio do que parece ser um processo de turnaround."
"No 1T24, acreditamos que houve uma combinação de ambos, mas não podemos ignorar o quão predominante o ciclo de commodities parece ter sido. Outra forma de ver isso são os volumes", diz o BTG.
Com uma queda de 2% na base anual, o BTG avalia que a BRF ainda não possui um caminho de recuperação de participação/volume que possa provar que essas margens tão altas são sustentáveis a longo prazo.
"Dito isso, vemos potencial para aumentar nossa previsão atual de margem de Ebitda de longo prazo de 13% com base no processo de turnaround em andamento e na nossa percepção de que as ineficiências pós-2017 estão sendo abordadas. O dilema entre momento e valuation persiste", comenta o BTG.
Dessa forma, diz o BTG, a BRF continua sendo a ação de proteína mais forte do Brasil do ponto de vista do momentum de ganhos. "Com base na taxa de execução dos resultados no 2T24, acreditamos que há potencial de alta para nossas expectativas de Ebitda de 2024."
"Considerando seu comportamento pro-cíclico, isso deve continuar a ser favorável para o preço das ações no curto prazo. Mas algo que a história dos ciclos passados nos ensinou é que sempre que os spreads estão saudáveis como estão, é uma questão de tempo antes que os suprimentos aumentem novamente e as margens convirjam para níveis mais normalizados", conclui o BTG, que tem recomendação neutra e preço-alvo de R$ 16,18.
BRF reverte prejuízo e tem lucro de R$ 594 milhões no 1T24
A BRF registrou um lucro líquido de R$ 594 milhões no primeiro trimestre de 2024 (1T24), conforme balanço trimestral. A empresa também anunciou um programa de recompra de ações.
O resultado da BRF mostra uma reversão do prejuízo líquido de R$ 1,024 bilhão registrado no primeiro trimestre de 2023, ou seja, mesmo período do ano anterior.
O lucro da BRF foi impactado pelo resultado operacional, com destaque para evolução de rentabilidade do portfólio regular no mercado doméstico e da evolução de preços da proteína in natura em diversos mercados internacionais, além da redução das despesas financeiras.
As receitas líquidas da empresa de frigoríficos totalizaram R$ 13,378 bilhões no primeiro trimestre de 2024, com leve alta de 1,5% sobre o faturamento registrado no mesmo período do ano anterior, que foi de R$ 13,178 bilhões.
Outros resultados da companhia
O novo balanço da BRF também mostra um Ebitda ajustado de R$ 2,117 bilhões, que representa lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização da companhia. No primeiro trimestre de 2023, o montante registrado foi de R$ 607 milhões, ou seja, o crescimento anual foi de 248,8%.
Já a margem Ebtida ajustada foi de 15,8%, com aumento de 11,2 pontos percentuais (p.p.) em relação à margem de 4,6% observada no 1T23.
O lucro bruto da companhia foi de R$ 3,224 bilhões no 1T24, correspondente a um avanço de 92,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o valor reportado foi de R$ 1,673 bilhões.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.