Com cerveja cara, dona de Skol e Brahma pode perder 16% de valor em um ano

Só existe uma coisa caindo de preço no universo das cervejas: a ação da Ambev (ABEV3).

Em 12 meses, a bebida já subiu 8,41% conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho, divulgado hoje. Dentre os insumos que fazem parte da fabricação do produto, o trigo acumula alta de 30,8% neste ano, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o alumínio, das latinhas, vem batendo recordes histórico desde a invasão da Ucrânia por parte da Rússia, terceiro maior produtor mundial.

Por isso, três grandes bancos internacionais, o Goldman Sachs, o Morgan Stanley e o UBS estão com recomendação de venda para as ações da fabricante das cervejas Skol, Brahma e Stella Artois. "Com o aperto dos juros, a alta da inflação, a maior parte da população está reduzindo o consumo, e isso afeta as vendas da Ambev", diz Charo Alves, especialista da Valor Investimentos.

A empresa, segundo ele, tem que enfrentar agora a alta dos custos de seus insumos, como o trigo e o alumínio, além das menores vendas. Esse cenário mais amargo se reflete nas ações.

Hoje, até por volta das 13h, os ativos estavam sendo negociados em alta de 0,49%, a R$ 14,30. No ano, porém, a queda já é de 6,72%. Em 12 meses, a baixa acumulada é de 17%.

Inverno frio não ajuda

E os analistas apostam que a ação deve continuam perdendo valor. O Goldman Sachs prevê que a ação da cervejeira deve cair para R$ 12 nos próximos 12 meses. Ou seja, uma desvalorização de 16%.

Nem o tempo está ajudando. A previsão de um inverno com dias mais frios também afasta os consumidores. Os meteorologistas preveem que, na região Sudeste, haverá, nessa estação, entradas de massas de ar frio, podendo ocorrer formação de geadas.

Tanto é que já em maio, conforme dados de produção industrial divulgados esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume fabricado de bebidas alcoólicas caiu 1,7% em maio com relação ao mesmo mês de 2021. E cerca de 90% dessa produção se refere à fabricação de cerveja.

É hora de vender?

Para o BTG, porém, ainda não é caso de vender a ação. Mas sim de manter (neutro). Isso porque a inflação de cerveja para os consumidores permanece mais baixa que os 11,86% do IPCA de junho, relativo aos últimos 12 meses.