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Americanas perdem R$ 8,4 bilhões em um dia depois de rombo

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/01/2023 20h03

Com as ações cotadas agora a R$ 2,72, queda de 77,33%, a companhia passou de R$ 10,82 bilhões para R$ 2,45 bilhões em valor de mercado. Ou seja, ela perdeu R$ 8,37 bilhões em valor na Bolsa em um dia, segundo a TradeMap, depois de divulgar um rombo de R$ 20 bilhões em seu ultimo balanço.

O que está acontecendo?

As ações das Americanas (AMER3) perderam 77,33% de valor na Bolsa de Valores nesta quinta-feira. Quem tinha na quarta-feira (11) R$ 1.000 reais aplicados em AMER3 hoje tem apenas R$ 226,70.

Numa conferência organizada pelo BTG Pactual e transmitida online para número limitado de participantes, o ex-presidente-executivo da Americanas, Sergio Rial disse que não acredita que a companhia seja "tóxica". Ele pediu demissão do cargo ontem após o anúncio do rombo.

Ele lamentou as perdas dos pequenos acionistas.

É dramático para o acionista que comprou (ativos da Americanas). Mas a empresa é grande o suficiente para ser redesenhada
Sergio Rial, ex-presidente da Americanas

O que aconteceu com a empresa?

Quando uma empresa varejista compra algo de um forncedor, ela dá a ele duas opções de pagamento: depois de um certo período, geralmente um ano, mas com acréscimo, ou à vista, pelo valor normal. Só que nesse caso, quem paga não é a Americanas, mas sim o banco.

Os R$ 20 bilhões, segundo explicou Rial aos analistas, são a soma dessa dívida com bancos durante sete anos.

Qual é o problema disso?

A dívidas que a empresa disse que tinha em seu balanço na verdade são maiores, explica Larissa Quaresma, analista de investimentos da Empiricus.

"O patrimônio líquido por sua vez está superestimado, porque tudo que foi pago em juros no passado não foi abatido dos lucros, sendo assim, a conta lucros acumulados está superestimada", diz ela.

Quando o investidor comprou ação da empresa, com base nas informações de balanço, ele acreditava estar adquirindo um papel com chance de se valorizar e crescer - sem saber que a empresa tinha problemas financeiros.

O que pode acontecer com a empresa?

"Assim como a fraude de provisão encontrada na Via Varejo em 2019, com impacto de mais de R$ 2 bilhões ao longo de 2020, o caso Americanas reacendeu o alerta sobre as auditorias contábeis das empresas abertas", disse o presidente da Legaltech Pact, Lucas Pena, sobre o desvio contábil encontrado na Americanas. Na avaliação dele, o caso demonstra a dificuldade de transparência na gestão das companhias brasileiras.

Mas para Rial, a empresa tem saída.

"O que é importante agora é manter a empresa funcionando. A empresa tem R$ 9 bilhões em caixa. Não vejo um impacto de curto prazo no caixa. A não ser que os bancos resolvam acelerar a dívida e aí a história é uma história judicializada", disse Rial aos analistas na conferência.

Perguntado sobre porque ele deixou o cargo e sobre sua relação com Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira, que formam a 3G Capital junto a João Paulo Lemann, a maior acionista da companhia, Rial disse:

"Claramente houve erros na trajetória deles. E seria imaginável que esses erros não existissem, seja pela audácia ou pela agressividade deles. Mas nunca pela falta de transparência. Agora eles têm um novo dissabor. As vozes mais negativas remetem: 'ah, eles não foram bem na ALL (América Latina Logística)? Ah, acabei de lembrar aqui: eles também não tiveram um problema na Heinz?' — mas nunca se deixou de reportar, de dizer e endereçar os problemas que existiram."

O que diz a Americanas?

Em comunicado publicado hoje, a companhia diz:

"Neste momento, não é possível determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da Companhia. Somente com a conclusão de trabalhos de apuração e dos trabalhos a serem realizados pelos auditores independentes, após o que será possível determinar adequadamente todos os impactos que tais inconsistências terão nas demonstrações financeiras da Companhia."

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferente do informado na versão anterior do texto, a Americanas passou de R$ 10,82 bilhões para R$ 2,45 bilhões em valor de mercado, e não para R$ 2,45 milhões. A informação foi corrigida.