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Com Selic em queda, Bolsa vai voltar a subir? Vale entrar agora?

Ciclos de queda na taxa de juros costumam ser positivos para investimentos na Bolsa. Nos dois primeiros pregões após o corte da Selic, porém, o Ibovespa fechou em queda. Entenda a reação dos mercados e as perspectivas para a B3.

O que aconteceu

O mercado recebeu com entusiasmo o corte de 0,5 ponto percentual na Selic, mas o Ibovespa recuou. Na quinta-feira, o índice fechou em queda de 0,23%, a 120.585 pontos. Na sexta (4), caiu 0,89%, encerrando a semana abaixo dos 120 mil pontos.

O mercado se adiantou à decisão do Banco Central. A Bolsa brasileira já vinha refletindo há meses a perspectiva de corte da Selic no segundo semestre, inclusive com apostas de um corte na magnitude anunciada na quarta-feira (2). Ou seja, movimentos de realização de lucros minaram parte do efeito positivo da decisão do Banco Central de iniciar o afrouxamento da política de juros.

O Ibovespa registrou em julho a quarta alta mensal consecutiva. Em junho e julho, o Ibovespa avançou 12,56%, chegando a tocar 123 mil pontos. No acumulado no ano está agora com alta de 8,9%.

Vale entrar agora na Bolsa?

O melhor momento de entrada na Bolsa já passou. Segundo Leandro Petrokas, diretor de pesquisa da casa de análises Quantzed, quem entrou em março, quando o Ibovespa estava 97 mil pontos, foi quem melhor aproveitou a virada do Ibovespa. De lá para cá, o índice subiu 25%.

Perspectivas de novos cortes na Selic trazem novas oportunidades. "Claro que o início o processo de corte de juros é um passo importante para a valorização dos ativos e melhora a atratividade dos títulos de renda variável", afirma o analista. O Copom sinalizou novas quedas no mesmo ritmo nas próximas reuniões.

Ainda há muitas ações com preços atrativos ou que podem subir mais. E agora o risco é menor, uma vez que há uma melhora geral nos indicadores e perspectivas para a economia brasileira. A corretora Rico, do grupo XP, por exemplo, consideramos o valor justo do Ibovespa para o final de 2023 próximo dos 133 mil pontos.

Ainda não chegou todo mundo. Muitos investidores que são chamados no mercado de "rentistas" vão deixar a renda fixa para ir para a Bolsa. "São os investidores que perseguem os melhores retornos. A renda fixa ainda está pagando bem, porque os juros ainda estão altos, mas lá na frente vão cair mais. Então esse pessoal já muda para Bolsa", diz Petrokas.

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Onde investir?

A dica é avaliar os setores em que há perspectivas de crescimento. As varejistas, por exemplo, ainda vêm patinando e podem ser beneficiadas pelo queda dos juros. Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, explica que a população costuma demora mais tempo para sentir no bolso a queda dos juros. "Isso deve acontecer lá pelo começo do ano que vem", diz.

Quem comprar ações de varejo agora pode se beneficiar de um potencial aumento do consumo da população. Essas empresas devem começar a vender melhor no final do ano. "Se quiser investir em Bolsa, a hora é agora. Lá na frente as ações estarão mais caras", afirma Bresciani.

Empresas de vestuário, medicamentos e farmácias podem se recuperar mais rápido. A avaliação é de Charo Alves, analista da Valor Investimentos.

O cenário mais favorável tanto de inflação, quanto de crescimento econômico acaba beneficiando todas as empresas que atuam voltadas ao mercado interno. Foi isso que vimos nos últimos meses. Setores diversos subindo já precificando essa melhora macroeconômica
Gabriela Joubert, estrategista-chefe do Inter.

Que cuidados tomar?

É necessário fazer uma boa seleção de ativos. Pesquisar a situação financeira da companhia é essencial: ver se ela está saudável financeiramente, com um preço razoável e com condições de crescer.

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Também é bom apostar numa carteira balanceada, em vez de focar num só setor. Outras ações que ainda pode render bons ganhos são as de empresas de educação, construção civil, saúde, de tecnologia.

Cautela nunca é demais. Com juros ainda elevados, a despesa financeira das empresas continua alta. Então, cuidado com empresas altamente endividadas. Procure avaliar também também papéis de empresas sólidas, mas se o objetivo for ganhos no curto prazo, evite companhias que já estejam sendo negociadas a preços já muito valorizados.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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