Por que a ação da C&A se destaca entre rivais? Pode subir mais?
Mesmo com a competição com empresas chinesas como a Shein, a C&A (CEAB3) surpreendeu no ano passado e continua crescendo neste ano. Em 2023, o lucro líquido da varejista de moda cresceu quase três vezes. Passou de R$ 800 milhões em 2022 para R$ 2,3 bilhões no ano passado, uma alta de 187,5%.
As ações também estão em alta. O papel da empresa foi o quarto mais valorizado da Bolsa de Valores de São Paulo no ano passado, com alta de 241,92%. Desde janeiro, o papel teve alta de 26,56%, para R$ 9,77. O Ibovespa, no ano, acumula queda de 3,87%.
O que está acontecendo com a C&A
A C&A se destaca em relação à concorrência. A Lojas Renner (LREN3), por exemplo, viu suas ações encolherem 11% no ano passado, quando a empresa teve lucro líquido de R$ 976,3 milhões, uma queda de 24,4% em relação ao R$ 1,29 bilhão de 2022.
O crescimento da C&A é fruto de uma reestruturação que começou em 2021. "Entre várias iniciativas da companhia, destaca-se a mudança no seu processo de criação, o que a permitiu fazer coleções de forma mais ágil e mais flexível", explica o analista Niels Tahara, da Eleven Financial.
O segredo é se adaptar rápido. Se, no início da coleção de inverno, por exemplo, uma determinada peça tem boa saída, a C&A aumenta a oferta deste item. O contrário acontece se a peça vai mal. Ou com tamanhos: caso a loja de uma cidade venda mais itens tamanho G, a entrega para ela vai de acordo com essa demanda.
As informações circulam em tempo real. "Isso proporciona à cliente uma experiência mais fluida e uma jornada de compra mais assertiva, pois encontrará mais ofertas de peças que combinam com seu estilo na unidade em que mais frequenta, facilitando, ainda mais, a compra", divulgou a empresa, em nota para o UOL. "Com isso, a empresa vem conseguindo entregar coleções mais aderentes à demanda", explica o analista.
Os preços também mudam de loja para loja. Com a ajuda de inteligência artificial, os preços são decididos conforme os desejos dos clientes e padrão de compra de cada uma das lojas C&A, informou a empresa. "Ele contribuiu para o maior giro e melhora na captura de margens", diz Tahara.
Outro ponto essencial foi a operação financeira do C&A Pay. A empresa comprou do Bradesco a operação de crédito em 2021 e passou ela mesma a gerenciar esse setor.
Com isso, a C&A lançou, por exemplo, o pagamento facial. A varejista passou a permitir que clientes paguem nas lojas físicas apenas informando o número do CPF e mostrando o próprio rosto. "Assim, a companhia vem conseguindo fornecer crédito, o que também vem contribuindo para o aumento das vendas", diz o analista.
Vale a pena comprar CEAB3?
O BTG acha que não é boa hora. Mas se você tem a ação, não venda. Isso porque o ano pode ser difícil para a companhia. "A C&A (assim como outras varejistas de vestuário mais expostas a consumidores de baixo e médio rendimento) ainda deverão enfrentar dificuldades macroeconômicas, impactos na renda disponível de seus consumidores, menor poder de precificação em relação aos varejistas mais focados em consumidores mais sofisticados", ponderou o banco, em relatório.
Mas a Genial acha que é uma boa compra a ação, sim. Ela estima ainda uma alta potencial no papel de 11% até o fim do ano. "Com a redução de 15,0% em um ano da dívida bruta ajustada e uma importante expansão do resultado operacional, a C&A conseguiu reduzir seu nível de alavancagem financeira de 3,9 x para 1,5 x", publicou a empresa. O índice de alavancagem mostra o quanto a empresa deve em relação ao que ela lucra.
A XP também aposta na compra. "Temos uma recomendação de compra para a C&A com preço alvo de R$12 por ação por cinco razões", publicou a corretora. São elas: as margens ainda têm espaço para crescer; o cenário competitivo melhorando sequencialmente, com as plataformas internacionais perdendo força; o C&A Pay continua sendo contribuindo para o aumento nas vendas; o time experiente de executivos mitiga riscos de execução e o preço da ação ainda é atrativo.
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