Consórcio é mesmo furada, como diz Nath Finanças? Entenda como funciona

Por conta dos juros, muitos consumidores buscam formas alternativas ao financiamento para adquirir bens de alto valor, como um carro ou a casa própria. Também é difícil juntar o dinheiro necessário para a entrada. Uma alternativa é fazer um consórcio. No entanto, segundo a influenciadora e especialista em finanças pessoais Nath Finanças, este definitivamente não é o melhor caminho. "Não vale a pena. O banco ganha em cima de você. Diz que não tem juros, mas tem taxa e aumenta. [há] contratos abusivos de algumas instituições", afirmou ela, em post no Twitter no início do mês.
Aos seguidores, ela diz que a melhor estratégia é financiar e amortizar as parcelas. "O bem já fica para você e tu vai pagando parcelado", afirma. Mas, afinal, vale a pena fazer um consórcio? Veja o que dizem os especialistas consultados pelo UOL.
Não gente, não façam consórcio de carro/casa.
-- Nath Finanças (@nathfinancas) March 1, 2024
- Não vale a pena
- Banco ganha em cima de você
- Diz que não tem juros, mas tem taxa
e aumenta
- Contratos abusivos de algumas instituições
- Só se dar bem no consórcio o banco
Irei elaborar nas minhas redes dps sobre
Como funciona o consórcio?
Consórcio é um modelo de "autofinanciamento" para adquirir bens e serviços sem depender de empréstimos junto a instituições financeiras. Essa é a definição de Marlon Glaciano, planejador financeiro e especialista em finanças.
Estrutura da modalidade é coletiva. De forma geral, é formado um grupo de pessoas com o mesmo interesse de aquisição em comum, como um imóvel, por exemplo. Esses investidores passam a investir com parcelas prefixadas em contrato, visando a formação de um fundo de recursos para a compra do bem ou serviço.
Cada consórcio realiza uma assembleia mensal. O objetivo é identificar os ganhadores das cartas de crédito. Essas cartas viabilizam o acesso ao bem e os interessados podem ser contemplados por meio de sorteio ou lances, que podem ser livres ou fixos.
Sistema de Consórcios tem 10,3 milhões de participantes ativos. Em 2023, os créditos comercializados alcançaram 316,7 bilhões, alta de 25,6% na comparação com o ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC). Na mesma base de comparação, as cotas comercializadas cresceram 6,4%, para 4,1 milhões, enquanto o tíquete médio subiu outros 18,1%, chegando a R$ 75,6 mil.
Principais itens adquiridos são os veículos automotores. Carros, automóveis e motocicletas somavam 7,5 milhões de participantes ativos em dezembro, seguido de imóveis, com 1,4 milhão, eletroeletrônicos, com 282 mil, e serviços, com 201 mil.
Quais as diferenças para um financiamento?
Principal diferença é a taxa de juros praticada. No financiamento, o indivíduo obtém o valor total do bem ou serviço de imediato e paga parcelas mensais com juros ao longo de um período determinado, diz Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management. Os juros do financiamento são compostos e seguem como tendência a taxa básica de juros, a Selic. Por outro lado, não há o pagamento de juros no consórcio, apenas uma taxa de administração que serve para a manutenção do funcionamento do grupo.
A taxa de administração pode ser entre 15% a 20%, em média, diluída ao longo das parcelas. No longo prazo, essa taxa pode ser menor que os juros.
O valor do bem pode ser atualizado ao longo do tempo do consórcio por causa da inflação - o carro ou imóvel ficam mais caros com o tempo, por exemplo. Isso não acontece no valor de um financiamento. A dívida do financiamento tem uma taxa fixa, mas também pode ser atualizada por um indicador, como a TR, ou taxa referencial.
No financiamento, você adquire o bem de imediato, no consórcio precisa esperar o fim ou ser sorteado. Mas o financiamento depende de análise de crédito pelos bancos, que levam em conta a renda do consumidor e os scores dos birôs de crédito para autorizar ou não o financiamento.
O consórcio pode ficar mais caro?
O valor do consórcio e as prestações aumentam com a inflação. Isso serve para que o dinheiro investido possa comprar o mesmo bem no momento da contratação em alguns anos. No caso de veículos, a correção segue o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), indicador que mede a inflação oficial no país. Já no caso de imóveis, é usado o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), que monitora os valores de materiais, serviços e mão de obra destinados à construção de residências.
E quando vale a pena?
Consórcio pode ser vantajoso para quem tem tempo para esperar para o bem. Não existe a incidência de juros, mas sim a taxa e índices de inflação, diz Gonçalvez, da Box Asset. Por outro lado, algumas empresas podem cobrar uma taxa de adesão e o consórcio ainda conta com o fundo de reserva, o que garante o funcionamento do grupo em caso de insuficiência das receitas nas assembleias. Dependendo da solvência do grupo, os valores podem ser reembolsados no final.
São centenas de relatos como esse que tô recebendo na dm.
-- Nath Finanças (@nathfinancas) March 2, 2024
Não é pouco não.
Encerrado o assunto. Beijo e até segunda!? pic.twitter.com/RfVsCej9GJ
Financiamento deve ser melhor opção para usufruto rápido. No entanto, é necessário considerar os juros do negócio a longo prazo, que podem pesar no bolso do consumidor. Entre os cenários que compensam a opção pelo financiamento, estão a oportunidade de valor na compra, oportunidade de adquirir em leilões — com preços geralmente mais acessíveis — e uma aquisição para geração de renda.
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