Confira 4 pontos para entender o rali do bitcoin e se vale a pena investir
Após altos e baixos ao longo de 2023, o bitcoin (BTC) alcançou novos recordes nas últimas semanas. Na quarta-feira (13), a criptomoeda mais negociada do mundo subiu 2,23% e atingiu um valor de US$ 73.066 (em torno de R$ 363.868), o seu maior patamar histórico. Para se ter ideia, o preço do ativo há um ano girava em torno de US$ 24,5 mil. Alguns fatores ajudam a explicar essa mudança de rota.
O que aconteceu
Aprovação de ETFs de bitcoin nos EUA. Em janeiro, a SEC (Securities and Exchange Commission), órgão dos Estados Unidos equivalente à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) brasileira, autorizou a listagem em Bolsa de ETFs (fundos de índices) de bitcoin à vista. Foi uma mudança importante, uma vez que os fundos de índices, como são conhecidos esses fundos, por estarem atrelados a índices de referência, só poderiam ser listados no mercado futuro.
ETFs nos EUA é o principal gatilho para valorização. É o que diz Beto Fernandes, analista da corretora Foxbix. Ele lembra que mais de 4% da oferta total de BTC está nas mãos dos nove fundos negociados em Bolsa por meio dos fundos de índice, ultrapassando mais de US$ 100 bilhões. "A aprovação dos ETFs nos Estados Unidos é bem simbólica, de diferentes formas. Uma delas é pelo simples fato de ser o maior mercado financeiro do mundo, onde os principais ativos globais são negociados. Então, existe uma espécie de "selo de qualidade social" que diz aos investidores do mundo: 'olha, o bitcoin é um ativo interessante e a gente reconhece o potencial dele'", afirma.
ETFs reduzem impasse com reguladores do governo norte-americano. Fernandes lembra que a SEC sempre foi receosa e crítica à negociação de criptomoedas, inclusive com impasses junto a empresas do setor, como Ripple Labs, Coinbase e Kraken. Agora, a expectativa é de que o país consiga estabelecer uma regulamentação saudável para a indústria, o que tem animado investidores.
Fundos de índices podem gerar "efeito dominó". Segundo Diego Guareschi, CMO da Hathor Network, uma rede descentralizada, a liberação dos ETFs nos EUA permitiu a entrada tanto de investidores de varejo quanto institucionais, sem a necessidade de lidar com a custódia direta dos ativos digitais. Ou seja, o investidor faz o aporte no fundo e não precisa fazer a gestão do ativo ou cuidar da parte burocrática. "A aprovação em outros mercados depende da regulamentação local e do apetite dos reguladores, mas o sucesso nos EUA pode incentivar outros países a considerar caminhos semelhantes", afirma.
Halving do bitcoin
Redução da moeda tende a aumentar o preço. A cada quatro anos, o bitcoin passa por um evento particular. É o chamado "halving" (de "half", metade, na tradução do inglês), que diminui pela metade a quantidade de criptomoedas que os mineradores — que usam computadores para validar e incluir as moedas digitais na rede blockchain — podem receber em troca pelo processo. Basicamente, significa que haverá uma quantidade menor de ativos no futuro.
Próximo evento deve diminuir número de bitcoins criados diariamente de 900 para 400. Esse movimento deve causar uma redução abrupta na demanda, puxando o valor para cima. "Nos halvings anteriores, por exemplo, o BTC sempre renovou de forma considerável em relação à sua série histórica. Então, há grande otimismo por trás deste evento, que costuma gerar um grande choque entre oferta e demanda", diz Fernandes.
Fortalecimento das finanças digitais com próximo 'halving'. A previsibilidade impulsiona o interesse e a atividade comercial, segundo Fábio Murad, especialista em cripto e sócio da Ipê Investimentos. "A crescente adoção por instituições tradicionais e o interesse contínuo em investimentos baseados em bitcoin indicam um mercado amadurecido, onde a principal criptomoeda é reconhecida como uma classe de ativo legítima, apesar dos desafios regulatórios e da volatilidade inerente", diz Murad.
Democratização, descentralização e aceitação institucional
Com os ETFs, cresce a aceitação institucional da criptomoeda. Murad, da Ipê, observa que grandes gestoras de ativos, como BlackRock e Fidelity, lançaram seus próprios fundos de índices, gerando grandes repercussões para o mercado. "Este movimento não apenas fortalece a posição do bitcoin nos mercados tradicionais, mas também sugere um reconhecimento mais amplo de seu papel como um componente valioso em carteiras de investimento diversificadas", afirma.
Crescimento de exchanges também é movimento impulsionador. Plataformas que simplificam a participação de investidores também ganham cada vez mais espaço e ajudam a tornar mais simples a compreensão sobre o setor. Ao crescimento das exchanges, soma-se a utilização corriqueira do ativo digital, como na aquisição de produtos e serviços. Hoje, é possível pagar desde compras em alguns estabelecimentos comerciais até adquirir um imóvel, por exemplo.
O valor máximo do bitcoin foi atingido por uma combinação de fatores. Entre eles, o aumento do interesse institucional, a adoção por parte de empresas e consumidores, a cobertura da imprensa e as condições macroeconômicas globais, como políticas de estímulo monetário adotadas por bancos centrais
Diego Guareschi, CMO da Hathor
Redução de juros nos EUA
Esse é outro fator apontado pelos especialistas. Embora não tenha uma relação direta com o bitcoin, já que a moeda não está atrelada a autoridades monetárias, isso incentiva os aportes em ativos de risco. Em janeiro, o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, manteve os juros do país na faixa de 5,25% a 5,5%. Não se sabe ao certo quando o Fed deve iniciar o corte de juros, uma vez que a inflação no país segue alta - a inflação anualizada ficou em 3,1% em janeiro. No mercado, as estimativas são de que o corte de juros deve ocorrer até o meio do ano.
Vale investir?
Depende da estratégia de investimento. Fernandes diz que para quem opta por investimentos de maior prazo, o DCA (Dollar Cost Average, ou Custo Médio em Dólares) é a melhor estratégia para mitigar o risco. Isso consiste em dividir o aporte total em 12 parcelas mensais, comprando de forma regular uma quantidade pré-definida. "Como não depende muito do preço de compra e, sim, da regularidade das aplicações para buscar um preço médio, a estratégia não tende a sinalizar um bom ou mau momento de compra", afirma.
Mercado para trader é especulativo há algum tempo. Isso exige uma dose de cautela. O investidor deve estar preparado para altas e baixas abruptas, afirma o analista da Foxbit. É necessário compreender se uma queda é o fim de um período de alta ou apenas uma correção, por exemplo.
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