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Magazine Luiza voltou a lucrar, mas é cedo para falar de fim da crise

Depois do prejuízo de R$ 15,2 milhões no último trimestre de 2022, o Magazine Luiza (MGLU3) voltou a ter lucro. Foram R$ 101,5 milhões entre outubro, novembro e dezembro de 2023. É o primeiro resultado no azul depois de dois anos no vermelho. A última vez que a empresa teve lucro foi no terceiro trimestre de 2021, quando ficou no positivo em R$ 22,6 milhões.

Como o lucro cresceu?

"A empresa conseguiu reconstituir suas margens", explica Bruno Corano, economista da Corano Capital. Ou seja: o Magazine Luiza subiu seus preços.

A margem bruta cresceu para 30,3%. É um percentual 2,5 pontos percentuais maior que o do terceiro trimestre de 2022 "Isso contribuiu para que a margem Ebitida (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) chegasse a 7,2% (40 pontos base acima da nossa estimativa)", publicou o Itaú BBA sobre a varejista. O Magalu, segundo Corano, passou a vender produtos com maior valor, e também reprecificou outros. "O desafio vai ser manter essa margem alta", diz ele.

A LuizaCred teve lucro de R$ 18 milhões no trimestre. Isso acontece após uma sequência de prejuízos da financeira do grupo em parceria com o Itaú Unibanco. "A queda dos juros pode estar começando a surtir efeito nos resultados do setor e do grupo, com o aumento do acesso ao crédito para o consumidor e a redução da despesa financeira", diz Felipe Amorim, analista de investimentos da Academia de Alta Renda.

A crise da varejista ficou para trás?

Não. Confira os principais números do balanço divulgado nesta segunda-feira que explicam que a empresa ainda não pode comemorar o fim da crise.

As lojas físicas venderam 8% menos. Nos últimos três meses do ano, as vendas caíram porque em 2022 houve a Copa do Mundo. A comparação, então, é com um número mais forte que o normal. Mesmo assim, no geral, elas ficaram praticamente estáveis ano contra ano.

As vendas do Magalu na internet diminuíram 8%. O marketplace foi o que cresceu, com alta de 9% no ano. No marketplace, a empresa vende produtos de outras lojas, chamado de 3P, e também de seu estoque próprio, o chamado 1P. Foi esse canal que teve a retração. "Essa redução foi considerável, o ponto mais negativo do balanço", diz Leonardo Piovesan, analista da Quantzed. Telefonia, segundo ele, é o segmento mais atrasado na recuperação de vendas da companhia.

Apesar do lucro no último trimestre, no ano todo houve prejuízo de R$ 550,1 milhões. "O prejuízo anual, que em 2022 foi de R$ 372,1 milhões (1,0% da receita líquida) aumentou 47,8%, chegando a 1,5% da receita líquida", relata Denis Medina, economista e professor da FAC-SP (Faculdade do Comércio).

A empresa deve R$ 7,4 bilhões. A dívida cresceu em relação a um ano antes e 40% vence a curto prazo. A dívida bruta do Magazine Luiza em dezembro de 2022 era de R$ 7,1 bilhões. Mas a situação já esteve pior. Tanto que em janeiro a família Trajano e o banco BTG injetaram R$ 1,25 bilhão na companhia, em uma operação de aumento de capital.

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Como ficam as ações?

Na segunda-feira (18), antes da divulgação do balanço, elas subiram 7,14%. Mas nesta terça-feira (19), elas encolheram 6,6%, cotadas a R$ 1,97. Nesta quarta-feira (20), abriam sem direção definida.

O mercado achou que os números viriam melhores. "A administração da empresa divulgou antes da publicação do balanço que haveria uma virada de ciclo e o mercado se empolgou. Comprou ações na segunda-feira (18). Quando os investidores viram que não era tudo isso, que eram números em linha com o previsto, passaram a vender hoje", explica Piovesan.

Vale a pena comprar?

O Itaú BBA e o BTG recomendam a compra. Para os dois bancos, a ação tem espaço para crescer. O BBA calcula que o potencial de ganhos em 12 meses pode chegar a 42,9%, com preço alvo de R$ 3. O BTG calcula preço alvo de R$ 2,10.

Mas o Bank of America acha que é cedo para apostar em MGLU3. "Os riscos permanecem equilibrados, em nossa opinião. Mantemos nossa classificação neutra", publicou o banco, em relatório, recomendando não comprar, nem vender.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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