Por que o Itaú recomenda que você invista na Bolsa de Valores agora
Apesar das retiradas de investimentos, o Itaú diz que essa não é a hora apropriada para deixar a Bolsa. Em documento para o mercado, o Itaú aconselhou o aumento de investimentos no Ibovespa, o principal indicador de ações da Bolsa. Em outubro, o banco sinalizou para seus clientes para que tivessem um nível neutro de aplicações em Bolsa. Mas agora a recomendação é subir para um nível acima do neutro (+1, em uma escala que vai até o +3).
Desde que, na semana passada, o Banco Central brasileiro avisou que o ritmo de corte da taxa de juros vai diminuir, os investidores estão fugindo da Bolsa de Valores. O volume de negociação diário, que foi de R$ 21,2 bilhões no primeiro dia de março, caiu para R$ 16,80 bilhões na segunda-feira (25). E estrangeiros também estão retirando dinheiro do Brasil. Até o dia 22 de março, dado mais recente da B3, o investidor internacional teve um saque líquido de R$ 22,19 bilhões, ou seja, sacou mais do que investiu.
O que justifica a aposta em Bolsa?
O motivo é a expectativa para um cenário de corte de juros nos EUA. "Nos Estados Unidos, a aposta agora é de uma queda de juros começando em junho. Nossa avaliação é que esse vai e vem das projeções de corte de juros não é o mais importante. O essencial é que a inflação vai continuar sua trajetória cadente", explicou o diretor de investimentos do Itaú, Nicholas McCarthy.
Esse novo ciclo redireciona os investidores para Bolsas de países emergentes, como o Brasil. O corte de juros americanos, segundo McCarthy, "deve ser positivo para os ativos de risco, tanto na renda fixa como na Bolsa", disse ele.
Mas e a Selic?
A inflação está mais pressionada. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) teve alta de 0,36% nos preços em março, informou nesta terça-feira (26) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mas a expectativa é que o processo de desinflação continue e leve o IPCA a 3,6% no final de 2024, o que embasa a continuação de corte de juros mas com parcimônia, com a Selic chegando em 9,25% no final do ano
Nicholas McCarthy, diretor de investimentos do Itaú
Além disso, o Copom está mais cauteloso com a queda dos juros por aqui. O Banco Central avalia que a incerteza da desinflação pode reduzir o ritmo de corte da Selic, a taxa básica de juros, em ata divulgada no dia 26.
Porém, mesmo que o BC diminua os cortes, a baixa da taxa americana tem mais força. Nessa disputa, a corrente puxada pelos juros americanos menores se sobressai à Selic caindo com menor intensidade.
Sendo assim, diz o banco, é hora de comprar ações. Nos próximos meses, elas devem começar a subir e deve ser uma escalada de longo prazo, diz o especialista.
Isso porque, diz o Itaú, o lucro das empresas deve subir. A maioria das empresas que atuam no Brasil espera um crescimento de receita de pelo menos 15% neste ano, de acordo com a pesquisa Plano de Voo, divulgada em fevereiro pela Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil). O levantamento foi feito com 775 executivos e estima que o faturamento anual das empresas some R$ 663 bilhões. O mercado interno seria a principal mola propulsora dessa alta.
O que dizem outros especialistas?
O Goldman Sachs também está otimista. O banco acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC vai continuar baixando a taxa de juros brasileira e que isso vai trazer mais gente para o mercado de ações. A magnitude dos cortes vai depender da inflação. "No geral, esperamos que o Copom reduza a taxa Selic em 50 pontos base na reunião de maio. A totalidade dos dados e o equilíbrio geral dos riscos para a inflação irá ditar se o comitê entregará outro corte de 50 pontos base na reunião de junho, ou reduzirá para um corte mais cauteloso de 25 pontos base", publicou o GS, em relatório para clientes.
É a mesma opinião da Galapagos Wealth Management. O desequilíbrio fiscal do Brasil pode atrapalhar. Mas segundo a empresa, a diminuição da aversão ao risco no cenário internacional é a principal variável na definição do tamanho da flexibilização monetária. "Esperamos que o cenário internacional seja benigno", publicou a Galapagos.
Quais ações são mais recomendadas?
Por enquanto, os especialistas ainda estão recomendando ações mais seguras. Dentre elas, as de bancos, de empresas de proteína e algumas do setor de consumo, como os papéis de shoppings.
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