Americanas vão captar dinheiro, depois de cair 75% no ano na Bolsa
Depois de cair 75% desde janeiro, as ações das Americanas (AMER3, em recuperação judicial) tiveram alta hoje. Até às 15h, a ação subia 1,89%, chegando para R$ 0,54. Mas em seguida, voltaram a cair.
O que está acontecendo
O que fez as ações serem negociadas com mais força foi a aprovação de um grupamento de ações. O grupamento de ações ordinárias da rede será feito na proporção de 100 para 1, com preço passando a R$ 53, considerando a cotação de terça-feira (21).
Também haverá um aumento de capital de até R$ 40,7 bilhões na companhia. O mínimo a ser levantado e injetado na companhia é de R$ 12,2 bilhões.
O dinheiro virá dos maiores acionistas da varejista - Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, por meio de um aumento de capital social, pela emissão de 9,4 bilhões de ações (a R$ 1,30 cada). Essa emissão pode chegar, no máximo, a R$ 40,7 bilhões (31,3 bilhões de ações).
Isso justifica a alta das ações?
A operação dá um alívio financeiro para as Americanas. É o que diz Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama. "Num primeiro momento, parte do recurso levantado vai para o pagamento de dívidas e o restante será usado para reforçar o caixa da empresa", diz ele.
O grupamento de ações é vantajoso para o investidor. "Com a redução do número de ações em circulação, o preço unitário da ação sobe", diz Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da "Eu me banco".
Mas isso não significa que a empresa se valorizou. " A dívida permanece elevada, assim como as despesas financeiras. Eu sugiro ao investidor ter um posicionamento mais cauteloso em relação às ações", diz Louzada. Soares também recomenda ficar de fora.
Quem está comprando a ação
Investidores que gostam de risco e de especulação. É por isso que ela sobe num momento e cai no outro. "São investidores com perfil mais especulativo que têm maior apetite ao risco e que operam ganhando nas oscilações de preços fazendo operações de 'short squeeze'", explica Louzada.
O que é "short squeeze"? É um aluguel de ações, em que o investidor pega emprestado ações de outro investidor pagando uma taxa. Se o investidor aluga uma ação que vale R$ 10 e ela se valoriza para R$ 12 - o investidor que a alugou vende o ativo e fica com o lucro de R$ 2, menos a taxa do aluguel.
Em algum momento o investidor precisa devolver a ação para o dono original. Esses especuladores esperam o preço cair novamente para recomprá-las - mais uma vez com lucro - e só depois devolvem a ação para quem as alugou. Por isso essas ações sobem num dia e caem no seguinte. Ou na hora seguinte.
Vale a pena comprar ações das Americanas agora?
Como disseram Louzada e Soares, não. "Acredito que ainda não se sabe qual será o futuro da empresa, é tudo bem nebuloso ainda. E o mercado não gosta de indecisões. Além disso, o setor varejista como um todo tem sido fortemente impactado com juros altos, o que afugenta investidores", diz o economista.
Em março, as Americanas adiaram novamente a divulgação de seus balanços. A empresa ainda não divulgou suas demonstrações financeiras de 2023 e do primeiro trimestre de 2024, que estavam agendadas para os dias 26 de março de 2024 e 15 de maio de 2024, respectivamente.
Em novembro do ano passado, divulgou o balanço de 2022. O balancete estava suspenso desde que a empresa revelou que havia encontrado uma fraude bilionária em suas demonstrações financeiras. O prejuízo acumulado no último ano foi de R$ 12,9 bilhões, o dobro do registrado em 2021.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.