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Maioria do mercado projeta corte da Selic, mas já surgem apostas contrárias

Embora o Boletim Focus do Banco Central - divulgado nesta segunda-feira (10) — projete que a Selic deve encerrar o ano em 10,25%, alguns especialistas duvidam disso. Para o Itaú, por exemplo, os cortes já acabaram.

O Focus - que é uma pesquisa com economistas do mercado feita pelo BC — prevê que ainda pode ocorrer um corte de 0,25 ponto percentual em relação à taxa atual de juros, de 10,5%. "Mas não há mais espaço para cortes adicionais de juros", publicou o Itaú, em documento para o mercado.

Essa também é a previsão de um levantamento feito pela Equus Capital. Usando Inteligência Artificial (I.A), a Equus rastreou contratos de juros futuros e opções na B3. São operações financeiras que investidores fazem apostando em cenários futuros. "Analisando os dados, vemos que a probabilidade de manutenção da Selic neste momento é de 91,8%", diz Felipe Uchida, diretor do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus Capital.

O que está acontecendo?

O que impede novos cortes de juros é a inflação. "Em meio às expectativas de inflação crescentes, atividade econômica resiliente e maiores incertezas doméstica e externa, entendemos que não há mais espaço para cortes adicionais de juros", publicou o banco, que revisamos a projeção para a taxa Selic.

Anteriormente, o Itaú previa que a Selic terminaria o ano em 10,25%. Mas agora, a previsão é de 10,50%, ao final de 2024 e 2025.

Por que a inflação deve subir?

As enchentes no Rio Grande do Sul devem pressionar o preço dos alimentos. O emprego em alta também pressiona o preço dos serviços para cima. Além disso, o governo deve gastar mais, o que também pressiona a inflação.

Para 2025, mantemos a projeção de déficit primário de 0,9% do PIB (R$ 110 bilhões), uma deterioração adicional em comparação ao déficit de 0,6% esperado para 2024.

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Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú

A piora acontece porque o governo terá menos receitas extraordinárias e mais gastos no ano que vem. "Nossa hipótese é de que novas medidas de aumento de arrecadação não serão aprovadas", publicou o banco.

E têm também os gastos com o Rio Grande do Sul. O banco estima despesas de R$ 27 bilhões (0,2% do Produto Interno Bruto). "As medidas de apoio à população e a economia do estado são altamente justificáveis e necessárias, mas é importante acompanhar o risco de ações se perenizar sem contrapartidas e do escopo destas ser ampliado para além dos efeitos da calamidade, para outros estados e regiões do país."

Por conta da calamidade, o banco espera déficit de 0,6% do PIB (R$ 75 bilhões) em 2024. Para o banco, haverá uma maior transferência de receitas a estados e municípios e as medidas de auxílio no enfrentamento à calamidade no Rio Grande do Sul devem contrabalançar o aumento da receita.

E os fatores externos?

Para o banco, o dólar deve seguir forte nos mercados globais com crescimento robusto da economia americana. Isso também pode contribuir para mais inflação aqui e para que o Federal Reserve, o banco central americano, não faça cortes nos juros americanos tão cedo. "Mantivemos a nossa projeção de câmbio em R$ 5,15 por dólar em 2024 e R$ 5,25 por dólar em 2025", diz o documento do banco.

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Qual é o reflexo disso na Bolsa?

Quanto maiores os juros, menor o investimento em Bolsa. Por isso, o Ibovespa vem acumulando queda de -9,8% no ano (de 2 de janeiro a 7 de junho, conforme a Investing.com).

Para o Banco do Brasil, a quantidade de ações com tendência de alta, caiu. Dos 203 papeis monitorados pelo BB, apenas 16% (33, no total) estão em tendência de alta ou alta consolidada. Na semana passada, eram 21% (43 ativos). Já as companhias com tendência de baixa e baixa consolidada subiram para 79% (160), contra 72% (147) da semana anterior. "Dessa maneira, a tendência média do Ibovespa segundo os indicadores técnicos analisados passou a ser de baixa consolidada", publicou o banco.

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