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Ação das Americanas, que vale menos que uma balinha, passará por grupamento

Ela já foi uma das maiores varejistas do Brasil. Hoje, com 10 centavos dá para comprar uma ação das Americanas (AMER3) e ainda sobra troco. Após a divulgação do prejuízo da empresa no segundo trimestre de 2024, que foi de R$ 1,4 bilhão, as ações que já valiam pouco derreteram ainda mais. Na sexta-feira, eram negociadas a R$ 0,08. A ação da empresa irá passar por grupamento, em que 100 ações serão transformadas em um só papel. A decisão dessa mudança foi tomada no ano passado, em meio à definição do plano de recuperação judicial da empresa

Resultado desastroso

O prejuízo é bilionário. As Americanas divulgaram os seus resultados referentes ao ano fechado de 2023 e aos primeiros seis meses de 2024 na quarta-feira (14). No ano passado, o prejuízo foi de R$ 2,27 bilhões, 82,8% menor em relação a 2022 (considerando os números reapresentados depois da descoberta da fraude de balanços da empresa). No primeiro semestre deste ano, o prejuízo foi de R$ 1,4 bilhão, 55,9% menor ante igual intervalo de 2023.

O grande problema são as dívidas. A companhia deve R$ 24 bilhões mas só tem R$ 1,1 bilhão em caixa, explica Vírgilio Lage, especialista da Valor Investimentos. E esse valor é para manter a operação da empresa.

Assim, o valor das ações despencou. Desde o começo do ano, conforme dados da Economatica, a desvalorização acumulada é de 84%.

Por isso, grandes acionistas estão reduzindo sua participação na companhia. O banco Santander (SANB11), que tinha 6,99% do total de ações, diminuiu a participação para 4,87%. O banco se tornou acionista da companhia em troca de dívidas que a varejista tinha com a instituição.

O que vai acontecer com a empresa agora?

Por uma regra da B3, nenhuma ação pode valer menos de R$ 1 por mais de seis meses. Se isso acontecer, a empresa é "deslistada" da Bolsa, ou seja, deixa de ter ações em mercado.

Para evitar isso, a companhia divulgou que vai fazer um grupamento. A decisão dessa mudança foi tomada no ano passado, em meio à definição do plano de recuperação judicial da empresa. A partir de 27 de agosto de 2024, cada 100 papéis AMER3 vão se tornar uma única ação — e o preço da ação também será multiplicado pelo mesmo fator.

A empresa vai continuar na Bolsa?

Possivelmente sim, porque ela não tem dinheiro para sair. "Uma das formas de sair da Bolsa seria fazer uma OPA, como Cielo fez", diz Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos. A OPA é uma Oferta Pública de Aquisição, quando a empresa compra todas suas ações no mercado para sair da Bolsa. Neste mês, a operadora de meios de pagamento comprou 902,2 milhões de ações ordinárias, pelo preço à vista de R$ 5,60, ajustado pelo CDI e assim deixou a Bolsa.

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Tudo isso deixa a varejista num patamar de grande dificuldade, com difícil recuperação de curto prazo, além do grande problema contábil que as fraudes geraram
Vírgilio Lage, especialista da Valor Investimentos

Com tudo isso, a ação vira objeto de especulação. Boatos de que os sócios poderão colocar mais dinheiro na varejista fazem a ação subir. Quando são desmentidos, ela cai. E como ela vale muito pouco, qualquer compra pode fazer o papel dar um grande salto, em porcentagem. "Para o investidor médio, é melhor ficar de fora", diz Lage.

Como as Americanas chegaram a esse ponto?

A antiga diretoria da Americanas maquiava os resultados financeiros da empresa, segundo denúncias. Conforme denúncia da Polícia Federal, a diretoria demonstrava um falso aumento de caixa, o que valorizava artificialmente as ações da companhia na Bolsa.

Em janeiro de 2023, as Lojas Americanas anunciaram um rombo financeiro de cerca de R$ 20 bilhões, devido a inconsistências contábeis. Os três sócios majoritários, o trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sucupira, fizeram aportes de R$ 12 bilhões na empresa, para ajudar na recuperação.

Esta semana, o ex-presidente Miguel Gutierrez conseguiu um habeas corpus concedido pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Ele chegou a ser preso na capital espanhola por um dia, mas foi solto e entregou seu passaporte às autoridades espanholas. Agora, o mandado de prisão contra ele foi revogado.

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • A decisão sobre o grupamento foi tomada em novembro do ano passado, em meio ao plano de recuperação judicial da empresa. A matéria foi corrigida.

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