Caça ao papel higiênico na Venezuela
CARACAS, 18 Mai 2013 (AFP) - Na Venezuela, papel higiênico virou artigo de luxo. A escassez do material complica a vida dos venezuelanos, e o governo importou cerca de 50 milhões de rolos.
O governo de Nicolás Maduro responsabiliza os empresários pelos constantes desabastecimentos na Venezuela.
"Vamos trazer 50 milhões de rolos de papel para mostrar a esses grupos que não vamos nos curvar", disse o ministro do comércio da Venezuela, Alejandro Fleming, na última terça-feira.
O papel higiênico é um dos produtos com os quais os venezuelanos mais sofrem com o desabastecimento sazonal. O preço de alguns alimentos e produtos básicos é controlado pelo governo desde 2003, acarretando a inflação e a escassez.
"Não tem papel porque aqui o papel é vendido muito barato, não no preço real. Ninguém quer produzir nem importar", explicou à AFP William Sayago, de 33 anos, subgerente de um centro comercial em Caracas.
Algumas lojas de Caracas parecem estar cheias, mas um olhar cuidadoso revela que só há um tipo de detergente e de cereais nas prateleiras, e que só há uma marca de leite à venda.
Quando não é o café, falta açúcar, azeite, manteiga, leite ou a farinha para arepas, pequenas torradas de milho, conhecidas como o pão dos venezuelanos.
"As coisas sempre faltaram, mas isso de não ter papel higiênico é um desastre. E como não há papel higiênico, os guardanapos e toalhas de papel começam a acabar também", lamenta Frank Washington, que trabalha numa loja que não vende os escassos rolos desde novembro, já que todo o estoque é absorvido pelos supermercados.
Um pacote com quatro rolos de papel custa 18 bolívares, preço mantido há muito tempo. Neste ano, a inflação no país já chega a 12,4%. "O custo real do papel chega a ser até quatro vezes maior", alertou Sayago.
A cotação oficial do bolívar é de 6,3 para um dólar, mas o controle de câmbio feito pelo governo, realizado desde 2003, alimenta um mercado paralelo em que as notas de dólar chegam a valer cinco vezes mais.
"Simples matemática: não é possível pedir a um empresário que ele importe ou produza e saia perdendo. Seguimos com esta ideia de manter os preços controlados, quando ficou provada que a competência econômica é fundamental para manter a inflação em um dígito", explicou à AFP Roberto Léon, presidente da Associação Nacional de Usuários e Consumidores (Anauco).
O presidente da Anauco, organização civil de defesa do consumidor, explica que, por conta da falta de variedade, há muitos anos os venezuelanos deixaram de poder optar sobre a qualidade dos produtos que entram na sua despensa.
"É preciso que o vizinho avise que chegou azeite ao supermercado. Aí você vai correndo comprar, enfrenta fila e descobre que não vai ser possível pegar o melhor", disse Léon.
León explica que 53% da planta produtora da Venezuela está sob controle do Estado, como resultado de una política de expropriações."O estado falha na produção, não atua como empresário. É preciso retomar o papel de supervisor, de regulador, que haja segurança jurídica para inversões", ponderou.
O governo de Nicolás Maduro responsabiliza os empresários pelos constantes desabastecimentos na Venezuela.
"Vamos trazer 50 milhões de rolos de papel para mostrar a esses grupos que não vamos nos curvar", disse o ministro do comércio da Venezuela, Alejandro Fleming, na última terça-feira.
O papel higiênico é um dos produtos com os quais os venezuelanos mais sofrem com o desabastecimento sazonal. O preço de alguns alimentos e produtos básicos é controlado pelo governo desde 2003, acarretando a inflação e a escassez.
"Não tem papel porque aqui o papel é vendido muito barato, não no preço real. Ninguém quer produzir nem importar", explicou à AFP William Sayago, de 33 anos, subgerente de um centro comercial em Caracas.
Algumas lojas de Caracas parecem estar cheias, mas um olhar cuidadoso revela que só há um tipo de detergente e de cereais nas prateleiras, e que só há uma marca de leite à venda.
Quando não é o café, falta açúcar, azeite, manteiga, leite ou a farinha para arepas, pequenas torradas de milho, conhecidas como o pão dos venezuelanos.
"As coisas sempre faltaram, mas isso de não ter papel higiênico é um desastre. E como não há papel higiênico, os guardanapos e toalhas de papel começam a acabar também", lamenta Frank Washington, que trabalha numa loja que não vende os escassos rolos desde novembro, já que todo o estoque é absorvido pelos supermercados.
Um pacote com quatro rolos de papel custa 18 bolívares, preço mantido há muito tempo. Neste ano, a inflação no país já chega a 12,4%. "O custo real do papel chega a ser até quatro vezes maior", alertou Sayago.
A cotação oficial do bolívar é de 6,3 para um dólar, mas o controle de câmbio feito pelo governo, realizado desde 2003, alimenta um mercado paralelo em que as notas de dólar chegam a valer cinco vezes mais.
"Simples matemática: não é possível pedir a um empresário que ele importe ou produza e saia perdendo. Seguimos com esta ideia de manter os preços controlados, quando ficou provada que a competência econômica é fundamental para manter a inflação em um dígito", explicou à AFP Roberto Léon, presidente da Associação Nacional de Usuários e Consumidores (Anauco).
O presidente da Anauco, organização civil de defesa do consumidor, explica que, por conta da falta de variedade, há muitos anos os venezuelanos deixaram de poder optar sobre a qualidade dos produtos que entram na sua despensa.
"É preciso que o vizinho avise que chegou azeite ao supermercado. Aí você vai correndo comprar, enfrenta fila e descobre que não vai ser possível pegar o melhor", disse Léon.
León explica que 53% da planta produtora da Venezuela está sob controle do Estado, como resultado de una política de expropriações."O estado falha na produção, não atua como empresário. É preciso retomar o papel de supervisor, de regulador, que haja segurança jurídica para inversões", ponderou.
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