Agência de risco corta nota da Argentina para "calote seletivo"
WASHINGTON, 30 Jul 2014 (AFP) - A agência de classificação de risco Standard & Poor's declarou a Argentina em "moratória seletiva" nesta quarta-feira, data de vencimento do prazo final para que Buenos Aires fizesse um pagamento de US$ 539 milhões a credores da dívida reestruturada.
O dinheiro foi enviado pela Argentina a Nova York, mas o pagamento foi bloqueado pelo juiz do caso, que decidiu favoravelmente aos fundos especulativos que exigem do país o pagamento da dívida em moratória desde 2001.
A agência considera esta a segunda moratória argentina em 13 anos, após intensas negociações com os fundos especulativos nos Estados Unidos.
Entenda a disputa da Argentina com os credores
Em 2001, em meio a uma grave crise econômica e social, a Argentina declarou que não tinha como pagar aos credores que detinham títulos da dívida pública do país. Foi o maior calote de sua história.
Nos anos seguintes, negociou várias propostas com esses credores. Em 2005, conseguiu chegar a um acordo com 75% deles. Em 2010, o governo tentou uma nova renegociação da dívida, e dessa vez atingiu 92,5% de adesão dos credores.
Esses credores aceitaram a oferta do governo argentino preferindo receber entre 40% e 65% em vez de perder tudo.
Uma parte dos credores, no entanto, rejeitou fazer acordo. São credores individuais e institucionais de Alemanha, Japão, Estados Unidos, Itália --neste caso, milhares de aposentados-- e também da Argentina.
Desse grupo, os fundos de investimento especulativos --os chamados “fundos abutres”-- representam apenas 1%. Eles são poucos, mas têm poder de fogo suficiente para contratar poderosos escritórios de advocacia e fazer lobby para recuperar na justiça 100% da dívida em dinheiro.
Os fundos abutres conseguiram uma decisão favorável em uma corte de Nova York em 2012, referendada por um tribunal de apelação, e conseguiram o direito de cobrar US$ 1,5 bilhão da Argentina, entre capital e juros. A Suprema Corte dos EUA negou o pedido do país para analisar o caso.
Nesta quarta-feira (30), vence o prazo final para a Argentina pagar US$ 900 milhões àqueles credores que aceitaram renegociar a dívida. O problema é que os depósitos já enviados a um banco em Nova York foram bloqueados pela Justiça. Eles só serão desbloqueados se, ao mesmo tempo, o país pagar US$ 1,3 bilhão ou fizer um novo acordo com quem não entrou na renegociação.
Se não houver avanço, a terceira maior economia da América Latina deixará de honrar seus compromissos e dará seu segundo calote em 13 anos.
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