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Petróleo cai a quase US$ 30 e agrava tensão na Opep

12/01/2016 15h03

Londres, 12 Jan 2016 (AFP) - Os preços do petróleo continuavam caindo e se aproximando do limite simbólico dos US$ 30 o barril, gerando tensões dentro da Opep e obrigando os gigantes do setor a suprimir empregos, como ocorreu com a decisão recente da britânica BP.

A abundância do petróleo, que deprime o mercado há vários meses, provocou no início da manhã uma queda do Brent a US$ 30,43 e do "light sweet crude" (WTI) a US$ 30,41.

Em Nova York, os preços abriram em leve alta, mas o WTI para entrega em fevereiro ganhava 69 centavos a US$ 32,10 no New York Mercantile Exchange (Nymex), depois de perder quase dois dólares na véspera, seu nível mais baixo em 12 anos.

As cotações, que chegavam a cem dólares o barril em junho de 2014, perderam mais de 30% somente em 2015, e 15% desde o início do ano, e ameaçam continuar caindo, segundo os analistas.

"Há alguns meses, o limite dos US$ 30 parecia completamente improvável. Hoje, já está ao alcance e, por isso, pode continuar caindo", afirmou Christopher Dembik, analista do Saxo Banque.

Esta desvalorização reduz os benefícios da indústria petroleira, obrigada a suprimir empregos, como o grupo petroleiro britânico BP que anunciou nesta terça-feira sua intenção de eliminar 4.000 empregos em todo o mundo dentro de dois anos.

A atividade conjunta (exploração e produção) deve passar, assim, de 24.000 a menos de 20.000 empregados até o final de 2017.

O grupo também prevê 600 demissões no Mar do Norte, segundo comunicado da empresa.

A desvalorização também afeta os orçamentos dos países produtores: os Estados mais dependentes de seu petróleo são obrigados a adotar dolorosas medidas de austeridade, como a Venezuela, em plena crise política, ou a opulenta Arábia Saudita, passando pela Rússia ou Argélia.

Os olhares críticos se voltam cada vez mais para a Arábia Saudita. De fato, Riad é acusada de inundar de propósito o mercado para preservar suas contas, defendendo-se, assim, dos produtores de petróleo e de gás de xisto americano, e do Irã, que voltará ao mercado com suas exportações assim que forem levantadas as sanções internacionais contra Teerã.

Reunião da OpepAté dentro da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep), liderada pela Arábia Saudita, a estratégia de Riad é questionada.

O ministro de Recursos Petroleiros da Nigéria, que presidiu a Opep até o fim de 2015, afirmou que deseja convocar uma reunião extraordinária da organização para o início de março, com o objetivo de examinar a forte queda dos preços do petróleo.

Emmanuel Ibe Kachikwu disse em Abu Dhabi que as cotações atuais do petróleo, as menores dos últimos 12 anos, necessitam de uma reunião extraordinária.

"Nós afirmamos que se o preço chegasse aos 35 (dólares o barril) começaríamos a examinar a convocação de uma reunião extraordinária", recordou.

O ministro nigeriano, que ocupou o cargo de presidente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo até 31 de dezembro, explicou que ainda é necessário consultar os Estados membros, incluindo a influente Arábia Saudita, que até o momento se recusou a reduzir a produção para evitar a queda dos preços.

Os membros da Opep mantêm, no entanto, divergências sobre a necessidade ou não de intervir para conseguir uma recuperação das cotações, apesar das demandas neste sentido da Venezuela, Argélia ou Nigéria.

"Um grupo sente a necessidade de intervir. Outro grupo acha que mesmo que façamos isso, apenas (na Opep) representamos de 30 a 35% da produção total", afirmou Kachikwu.

Em sua reunião anterior de dezembro, a Opep decidiu manter inalterada sua produção de petróleo, que já por si é superior à cota oficial que o cartel fixou, o que também contribuiu para acelerar a queda das cotações.

"A Opep fez uma aposta que até agora não funcionou, mas o dano já está feito", adverte Fawad Razaqzada, analista da Forex.com, que considera improvável que os pequenos membros da Opep convençam os sauditas a produzir menos o ouro negro.

Este analista destaca outro fato: as crescentes tensões entre a Arábia Saudita e o Irã, ambos membros da Opep, mas envolvidos em divergências regionais.

Isso dificultaria um possível consenso dentro do cartel, ainda mais agora, quando Teerã prepara seu grande retorno aos mercados.