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Economia da China registra o menor crescimento em 25 anos

19/01/2016 07h01

Pequim, 19 Jan 2016 (AFP) - A economia chinesa registrou em 2015 o menor índice de crescimento em 25 anos, segundo os resultados oficiais divulgados nesta terça-feira, que aumentaram os temores sobre o momento do gigante asiático, que há muitos anos atua como o motor da economia mundial.

O Produto Interno Bruto (PIB) da República Popular da China cresceu no ano passado 6,9%, o menor resultado desde 1990, quando o avanço foi de 3,8% em um contexto de convulsão interna e isolamento internacional provocados pela violenta repressão no ano anterior do movimento pró-democracia da Praça Tiananmen (Paz Celestial) de Pequim.

Os mercados ao redor do planeta estavam agitados nas últimas semanas pela contínua desaceleração da segunda maior economia mundial, que em 2014 registrou crescimento de 7,3%.

No quarto trimestre de 2015, o PIB chinês progrediu 6,8%, o que representa um leve retrocesso na comparação com o trimestre anterior (+6,9%) e o pior resultado desde a explosão da crise financeira em 2008.

Tanto os dados anuais como os trimestrais divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONE) estão de acordo com as expectativas dos analistas consultados pela AFP.

"A economia chinesa está em processo de estabilização, mas ainda não se encontra estabilizada", disse à AFP o economista chefe do Citic Bank International em Hong Kong, Liao Qun.

As autoridades chinesas, que projetavam um avanço "por volta de 7%", atribuem a desaceleração de uma economia que há pouco tempo ostentava crescimentos de dois dígitos à "nova normalidade" de um crescimento menor, porém mais estável, baseado no consumo interno, inovação e serviços, em detrimento das indústrias pesadas, dos investimentos estimulados pelo endividamento e as exportações.

O ONE voltou a insistir nesta terça-feira nas dolorosas "transformações estruturais" em marcha: "É um período crucial no qual deveremos superar os desafios e continuará sendo imperiosa a necessidade de aprofundar as reformas".

Um projeto que os dados parecem ratificar, pois o setor de serviços representou 50,5% do PIB em 2015, superando pela primeira vez mais da metade do total, segundo a agência oficial Xinhua.

Os investimentos em bens de capital, que refletem sobretudo os gastos nas infraestruturas, aumentaram 10% em 2015, menos que a previsão do mercado (10,2%) e em forte desaceleração.

"A situação em 2016 continuará sendo mais ou menos a mesma de 2015 e o crescimento econômico da China seguirá confrontado a uma situação internacional complexa e volátil", afirmou o diretor do ONE, Wang Boan, em uma entrevista coletiva.

Alguns setores devem continuar sofrendo com o excesso de capacidade produtiva, mas novos elementos, como o comércio eletrônico e as energias renováveis, manterão o dinamismo, destacou Boan.

"Pensamos que o crescimento econômico em 2016 permanecerá estável. Confiamos nisto", declarou.

O Partido Comunista da China deve reduzir as previsões para este ano, segundo analistas. Eles recordam que o presidente Xi Jinping já afirmou que uma expansão do PIB de 6,5% deveria ser suficiente para responder às necessidades do país.

Impactos mundiaisMesmo debilitado, o gigante asiático continua sendo um dos principais motores do crescimento planetário, o personagem mais importante do comércio internacional e um colossal consumidor de matérias-primas. A afirmação é comprovada pela queda nas Bolsas ao redor do mundo no início de janeiro após os sobressaltos registrados nos mercados chineses.

Ao longo de 2015, os indicadores permaneceram no vermelho: contração da atividade manufatureira, enfraquecimento do setor imobiliário e queda do comércio exterior, todos pilares tradicionais do crescimento chinês.

A desaceleração teve um impacto severo nos países emergentes como o Brasil, que se transformaram nos últimos anos em grandes fornecedores de matérias-primas para a China.

"Os mercados emergentes devem estar preparados para um golpe potencialmente grave", alertou o presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens, em uma entrevista na segunda-feira ao jornal britânico Financial Times.

"O ajuste pode ser violento e os dirigentes políticos têm que estar preparados", completou.

wf-bfc/fp