Zuckerberg apoia Apple em disputa contra autoridades americanas
Barcelona, 23 Fev 2016 (AFP) - O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, solidarizou-se nesta segunda-feira com o gigante tecnológico Apple em sua briga com as autoridades norte-americanas por não colaborar na desencriptação do iPhone do autor do tiroteio de São Bernardino (Califórnia).
"Sou bastante solidário a Tim Cook (diretor-executivo da companhia) e à Apple", disse ele em uma aguardada conferência no primeiro dia do Congresso Mundial de Telefonia Móvel (MWC) em Barcelona, o mais importante do setor de telecomunicações.
"Não acho que pedir uma 'entrada traseira' ao encriptado seja uma maneira efetiva para aumentar a segurança, nem que isso seja correto", acrescentou.
O eterno debate entre segurança e privacidade veio à tona novamente na indústria no início do mês, quando uma juíza americana exigiu que a Apple colaborasse com o FBI para desencriptar o telefone de um dos autores do tiroteio de dezembro da Califórnia que matou 14 pessoas.
A marca da maçã se nega a cumprir o pedido judicial, alegando que isso colocaria em xeque a proteção de dados de centenas de milhares de usuários.
Zuckerberg seguiu uma linha parecida nesta segunda-feira, depois de sua companhia já ter alertado em um comunicado que essa medida "poderia criar um precedente preocupante". Ele afirmou, porém, que está disposto a colaborar contra o terrorismo. Como exemplo, citou suas "políticas muito estritas" para evitar a publicação de conteúdos que promovam o terror.
"Não queremos que as pessoas façam essas coisas no Facebook", frisou.
De acordo com a pesquisa do Pew Research Center divulgada nesta segunda-feira, 51% dos entrevistados apoiam o esforço oficial contra a Apple. Já 38% acreditam em que a empresa não deveria desencriptar os dados do celular usado por um agressor para garantir a segurança dos usuários, enquanto 11% não deram sua opinião.
Nesta enquete, realizada entre 18 e 21 de fevereiro, foram entrevistadas 1.002 americanos. A margem de erro total é de 3,7 pontos.
Tema sensívelA privacidade é um aspecto especialmente sensível para o setor, sobretudo, após as revelações de Edward Snowden sobre o programa nacional de vigilância de conversas telefônicas com a ajuda da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) em 2013, que colocou a proteção de dados dos usuários entre suas principais preocupações.
Em Barcelona, o tema está em pauta. Durante a apresentação de seu primeiro computador portátil, o presidente de produtos de consumo da gigante chinesa Huawei, Richard Yu, também se colocou ao lado da Apple.
"É o mais importante para o consumidor. Temos de proteger realmente a privacidade e a segurança do consumidor. Pessoalmente, apoio a postura da Apple", disse Yu à Bloomberg TV.
"O Facebook e os outros grandes grupos tecnológicos são mundiais, e uma de suas preocupações é que as decisões tomadas nos Estados Unidos sejam utilizadas por outros regimes, entre eles, alguns que não são democráticos", explica à AFP Avi Greengart, da consultoria Currentanalysis.
Também temem dar as ferramentas para desencriptar seus dados e pôr em risco "a segurança das informações privadas de empresas e de transações", acrescenta.
Essas informações são uma mina de ouro para as empresas de Internet, mas também uma fonte de conflitos cada vez mais frequentes com os usuários e com as autoridades, que tomam consciência de sua importância.
Críticas na EuropaO Facebook trava várias batalhas na Europa, especialmente na França, cujas autoridades reprovam o modo como administra os dados dos usuários e suas condições de uso.
O órgão regulador da concorrência do país estimou que existiam "cláusulas abusivas" nos contratos dos usuários, criando "um desequilíbrio significativo entre os direitos e as obrigações das partes, em detrimento dos usuários".
O regulador da privacidade francês CNIL advertiu sobre a ausência de consentimento explícito do usuário para compartilhar seus dados, um dos segredos do modelo econômico da rede social, graças à publicidade personalizada.
As preocupações são parecidas em outros países europeus. Na Bélgica, por exemplo, um tribunal obrigou o Facebook a interromper o armazenamento de dados de pessoas sem conta.
bur-els-laf-ds/dbh/mb/cc/tt
SAMSUNG ELECTRONICS
APPLE INC.
Facebook
"Sou bastante solidário a Tim Cook (diretor-executivo da companhia) e à Apple", disse ele em uma aguardada conferência no primeiro dia do Congresso Mundial de Telefonia Móvel (MWC) em Barcelona, o mais importante do setor de telecomunicações.
"Não acho que pedir uma 'entrada traseira' ao encriptado seja uma maneira efetiva para aumentar a segurança, nem que isso seja correto", acrescentou.
O eterno debate entre segurança e privacidade veio à tona novamente na indústria no início do mês, quando uma juíza americana exigiu que a Apple colaborasse com o FBI para desencriptar o telefone de um dos autores do tiroteio de dezembro da Califórnia que matou 14 pessoas.
A marca da maçã se nega a cumprir o pedido judicial, alegando que isso colocaria em xeque a proteção de dados de centenas de milhares de usuários.
Zuckerberg seguiu uma linha parecida nesta segunda-feira, depois de sua companhia já ter alertado em um comunicado que essa medida "poderia criar um precedente preocupante". Ele afirmou, porém, que está disposto a colaborar contra o terrorismo. Como exemplo, citou suas "políticas muito estritas" para evitar a publicação de conteúdos que promovam o terror.
"Não queremos que as pessoas façam essas coisas no Facebook", frisou.
De acordo com a pesquisa do Pew Research Center divulgada nesta segunda-feira, 51% dos entrevistados apoiam o esforço oficial contra a Apple. Já 38% acreditam em que a empresa não deveria desencriptar os dados do celular usado por um agressor para garantir a segurança dos usuários, enquanto 11% não deram sua opinião.
Nesta enquete, realizada entre 18 e 21 de fevereiro, foram entrevistadas 1.002 americanos. A margem de erro total é de 3,7 pontos.
Tema sensívelA privacidade é um aspecto especialmente sensível para o setor, sobretudo, após as revelações de Edward Snowden sobre o programa nacional de vigilância de conversas telefônicas com a ajuda da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) em 2013, que colocou a proteção de dados dos usuários entre suas principais preocupações.
Em Barcelona, o tema está em pauta. Durante a apresentação de seu primeiro computador portátil, o presidente de produtos de consumo da gigante chinesa Huawei, Richard Yu, também se colocou ao lado da Apple.
"É o mais importante para o consumidor. Temos de proteger realmente a privacidade e a segurança do consumidor. Pessoalmente, apoio a postura da Apple", disse Yu à Bloomberg TV.
"O Facebook e os outros grandes grupos tecnológicos são mundiais, e uma de suas preocupações é que as decisões tomadas nos Estados Unidos sejam utilizadas por outros regimes, entre eles, alguns que não são democráticos", explica à AFP Avi Greengart, da consultoria Currentanalysis.
Também temem dar as ferramentas para desencriptar seus dados e pôr em risco "a segurança das informações privadas de empresas e de transações", acrescenta.
Essas informações são uma mina de ouro para as empresas de Internet, mas também uma fonte de conflitos cada vez mais frequentes com os usuários e com as autoridades, que tomam consciência de sua importância.
Críticas na EuropaO Facebook trava várias batalhas na Europa, especialmente na França, cujas autoridades reprovam o modo como administra os dados dos usuários e suas condições de uso.
O órgão regulador da concorrência do país estimou que existiam "cláusulas abusivas" nos contratos dos usuários, criando "um desequilíbrio significativo entre os direitos e as obrigações das partes, em detrimento dos usuários".
O regulador da privacidade francês CNIL advertiu sobre a ausência de consentimento explícito do usuário para compartilhar seus dados, um dos segredos do modelo econômico da rede social, graças à publicidade personalizada.
As preocupações são parecidas em outros países europeus. Na Bélgica, por exemplo, um tribunal obrigou o Facebook a interromper o armazenamento de dados de pessoas sem conta.
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