Crise de poupança impede América Latina de crescer mais, diz BID
Santiago, 14 Jun 2016 (AFP) - A América Latina sofre uma "crise de poupança", tanto de particulares como dos governos, advertiu um relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), lançado nesta terça-feira em Santiago.
A taxa de poupança nacional dos países da América Latina foi de apenas 17,5% do PIB entre 1980 e 2014, quase a metade do registrado nas economias emergentes na Ásia e menos do que o registrado nas economias emergentes.
Só a África subsaariana, com uma média de 13,8%, tem níveis de poupança mais baixos do que a América Latina.
"Isso não deveria nos servir de consolo, porque o nível de desenvolvimento econômico e necessidade são mais altas", alertou o economista do BID, Eduardo Cavallo, um dos autores do relatório "Poupar para desenvolver-se: como a América Latina pode poupar mais e melhor".
Os níveis de poupança são praticamente homogêneos entre os países da América Latina, embora na América Central e no Caribe sejam mais baixos.
Poupar mal"Não só poupamos pouco, como poupamos mal, porque muitas de nossas economias não são bem canalizados", acrescentou Cavallo.
Algumas carências detectadas estão no sistema bancário, que oferece cerca de 30% do PIB em empréstimos ao setor privado, "muito abaixo dos sistemas bancários da OCDE ou das economias emergentes da Ásia", que contribuem com cerca de 80% do PIB em empréstimos ao setor privado.
A região sofre com um baixo nível de extensão do sistema financeiro formal. Só 16% dos adultos registra poupanças em bancos, longe dos países emergentes da Ásia, com 40%, e dos mais desenvolvidos, com 50%.
"O problema se vê acrescido pela baixa confiança nos bancos, pelo analfabetismo financeiro generalizado e grande informalidade do trabalho", explica o relatório.
Os sistemas de pensão são também outra restrição para a poupança, de acordo com o relatório, que aponta que menos da metade da população da América Latina poupa para sua aposentadoria através de um sistema de pensão contributiva.
As políticas fiscais também têm um impacto sobre a poupança, já que "o gasto púbico é muito elevado em subsídios e muito baixo em investimentos de capital".
"Não podemos justificar nossos baixos níveis de poupança simplesmente alegando que não somos bons na hora de guardar dinheiro", afirmou o economista-chefe do BID, José Juan Ruiz, durante a apresentação do relatório em Santiago.
"Poupamos pouco porque colocamos muitas barreiras e isso tem sido possível porque a poupança não era a prioridade, mas sem poupança não vamos crescer", acrescentou o economista espanhol.
Mudar o focoO BID garante que a falta de poupança impede que a região tenha um maior crescimento econômico.
Por cada ponto percentual (PP) a mais de poupança nacional, o investimento interno cresce em quase 0,4 ponto percentual. "Isso equivale a 20 bilhões de dólares adicionais disponíveis para financiar importantes projetos de infraestrutura ou outros investimentos", diz o BID.
"A crise de poupança implica que a região encontre dificuldades para ter recursos necessários para construir aeroportos, rotas e outras obras de infraestrutura imprescindíveis para impulsionar o crescimento", exemplifica o relatório.
Após esse diagnóstico, o BID propõe "mudança de enfoque".
"Se nós criamos os obstáculos, podemos desfazer os obstáculos", disse Ruiz.
Aos governo, propõem-se poupar mais e gastar de modo mais eficiente a partir de um melhor desempenho dos programas de assistência social, gastos tributários e subsídios energéticos.
"Se realmente melhora-se o foco das políticas assistenciais e tenta-se fazer política realmente redistributivas que protejam os mais vulneráveis, podem ser poupados até dez pontos do PIB", disse Ruiz.
Além disso, deve-se trabalhar na melhora da arrecadação fiscal, com uma evasão de impostos estimada em 52% da arrecadação potencial na América Latina, e aumentar a extensão do sistema financeiro.
A taxa de poupança nacional dos países da América Latina foi de apenas 17,5% do PIB entre 1980 e 2014, quase a metade do registrado nas economias emergentes na Ásia e menos do que o registrado nas economias emergentes.
Só a África subsaariana, com uma média de 13,8%, tem níveis de poupança mais baixos do que a América Latina.
"Isso não deveria nos servir de consolo, porque o nível de desenvolvimento econômico e necessidade são mais altas", alertou o economista do BID, Eduardo Cavallo, um dos autores do relatório "Poupar para desenvolver-se: como a América Latina pode poupar mais e melhor".
Os níveis de poupança são praticamente homogêneos entre os países da América Latina, embora na América Central e no Caribe sejam mais baixos.
Poupar mal"Não só poupamos pouco, como poupamos mal, porque muitas de nossas economias não são bem canalizados", acrescentou Cavallo.
Algumas carências detectadas estão no sistema bancário, que oferece cerca de 30% do PIB em empréstimos ao setor privado, "muito abaixo dos sistemas bancários da OCDE ou das economias emergentes da Ásia", que contribuem com cerca de 80% do PIB em empréstimos ao setor privado.
A região sofre com um baixo nível de extensão do sistema financeiro formal. Só 16% dos adultos registra poupanças em bancos, longe dos países emergentes da Ásia, com 40%, e dos mais desenvolvidos, com 50%.
"O problema se vê acrescido pela baixa confiança nos bancos, pelo analfabetismo financeiro generalizado e grande informalidade do trabalho", explica o relatório.
Os sistemas de pensão são também outra restrição para a poupança, de acordo com o relatório, que aponta que menos da metade da população da América Latina poupa para sua aposentadoria através de um sistema de pensão contributiva.
As políticas fiscais também têm um impacto sobre a poupança, já que "o gasto púbico é muito elevado em subsídios e muito baixo em investimentos de capital".
"Não podemos justificar nossos baixos níveis de poupança simplesmente alegando que não somos bons na hora de guardar dinheiro", afirmou o economista-chefe do BID, José Juan Ruiz, durante a apresentação do relatório em Santiago.
"Poupamos pouco porque colocamos muitas barreiras e isso tem sido possível porque a poupança não era a prioridade, mas sem poupança não vamos crescer", acrescentou o economista espanhol.
Mudar o focoO BID garante que a falta de poupança impede que a região tenha um maior crescimento econômico.
Por cada ponto percentual (PP) a mais de poupança nacional, o investimento interno cresce em quase 0,4 ponto percentual. "Isso equivale a 20 bilhões de dólares adicionais disponíveis para financiar importantes projetos de infraestrutura ou outros investimentos", diz o BID.
"A crise de poupança implica que a região encontre dificuldades para ter recursos necessários para construir aeroportos, rotas e outras obras de infraestrutura imprescindíveis para impulsionar o crescimento", exemplifica o relatório.
Após esse diagnóstico, o BID propõe "mudança de enfoque".
"Se nós criamos os obstáculos, podemos desfazer os obstáculos", disse Ruiz.
Aos governo, propõem-se poupar mais e gastar de modo mais eficiente a partir de um melhor desempenho dos programas de assistência social, gastos tributários e subsídios energéticos.
"Se realmente melhora-se o foco das políticas assistenciais e tenta-se fazer política realmente redistributivas que protejam os mais vulneráveis, podem ser poupados até dez pontos do PIB", disse Ruiz.
Além disso, deve-se trabalhar na melhora da arrecadação fiscal, com uma evasão de impostos estimada em 52% da arrecadação potencial na América Latina, e aumentar a extensão do sistema financeiro.
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