Londres tenta apagar incêndios do Brexit
Londres, 27 Jun 2016 (AFP) - O governo britânico assegurou nesta segunda-feira (27) que o país está preparado para suportar o impacto econômico do Brexit, em uma tentativa de acalmar as Bolsas e as milhares de empresas que pretendem deixar o Reino Unido.
O primeiro-ministro David Cameron confirmou que seu governo respeitará a vontade popular e anunciou a criação de um departamento especial de altos funcionários encarregado das complexas negociações para deixar a União Europeia (UE).
O Reino Unido não invocará o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que estabelece o início da saída de um membro da UE, até que tenha "uma visão clara dos novos acordos com seus vizinhos europeus", explicou Cameron ao Parlamento.
A resposta de Alemanha, França e Itália foi clara. Não haverá discussões formais e informais sobre a saída do Reino Unido da UE, "enquanto não houver um pedido de saída da UE", disse a chanceler alemã, Angela Merkel.
O esforço negociador deve se estender para terça e quarta-feira (28 e 29), quando acontece a cúpula da UE em Bruxelas. A reunião contará com a participação de Cameron.
A incerteza que ronda o processo impacta de forma especial os mercados, e empresários e investidores já fazem planos para deslocar atividades.
A Standard&Poor's rebaixou a nota "AAA" do Reino Unido para "AA", com perspectiva negativa.
A Bolsa de Londres caiu 2,55% no fechamento, e o impacto foi especialmente ruim nos setores bancário e imobiliário e para as companhias aéreas.
A desconfiança em relação ao euro e à libra esterlina permanece: às 21H00 GMT (18H00 horário de Brasília), o euro era cotado a 1,1022 dólares contra 1,1112 de sexta-feira. A libra esterlina era cotada a 1,3228 dólares contra 1,3670 da sessão anterior.
Além dos maus resultados do mercado, a agência de classificação de risco Standard and Poor's (S&P) rebaixou em dois níveis a nota da dívida do Reino Unido, de AAA para AA, por causa do Brexit.
"O Brexit pode desembocar em uma piora dos resultados econômicos do Reino Unido, incluindo seu grande setor financeiro, que é um grande gerador de emprego", explicou.
Mais tarde foi a vez da agência Fitch fazer o mesmo. A classificadora de risco Fitch rebaixou em um nível a nota do Reino Unido.
A dívida britânica passou de AA+ para AA com perspectiva negativa, o que significa que poderá ser novamente rebaixada nos próximos meses.
Um quinto dos dirigentes empresariais britânicos prevê deslocar parte de suas atividades, enquanto que dois terços considera que o Brexit é negativo para seus negócios, revela uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira.
O Tesouro americano alertou, por sua vez, que o Brexit representa outro desafio "desfavorável" para a economia mundial.
- Incidentes xenófobos -À tensão política e financeira somaram-se alguns incidentes xenófobos em diferentes pontos do país.
Um centro cultural polonês em pleno centro de Londres amanheceu com pichações racistas. Já no sul da Inglaterra, em Huntingdon, apareceram folhetos exigindo que os poloneses deixem o país, o que motivou uma queixa na embaixada.
Uma parte dos eleitores pró-Brexit diz que há muitos imigrantes no país, e a comunidade polonesa no Reino Unido é a mais numerosa dos países da UE, com aproximadamente 654.000 membros, segundo o censo de 2011.
A deputada britânica pró-UE Jo Cox foi assassinada há duas semanas em plena campanha pelo referendo por um homem com simpatias neonazistas, causando comoção na classe política.
Cameron condenou esses ataques "desprezíveis" e assegurou que seu governo permanecerá vigilante.
A intenção de Londres é preservar os direitos de milhões de trabalhadores europeus no país para que não haja uma reação que prejudique seus pensionistas e trabalhadores no restante da UE.
- Melhor acordo -Cameron também espera conter os anseios separatistas da Escócia, uma região que votou contra o Brexit e cujo governo nacionalista ameaça com uma consulta independentista, após a de 2014.
No Congresso, o chefe de governo britânico assegurou que tanto o Parlamento escocês como o da Irlanda do Norte serão consultados durante a negociação da saída. Reiterou, contudo, que o interesse para ambos passa por obter "o melhor acordo" para o Reino Unido.
- 'Que ninguém perca a cabeça' -"É absolutamente essencial que nos mantenhamos concentrados, que ninguém perca a cabeça e aja sem pensar", pediu o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, que após visitar Bruxelas passou por Londres.
Nessa mesma linha, manifestou-se o conservador Boris Johnson, líder da campanha do Brexit e o mais cotado para substituir Cameron.
"A única mudança na vida dos britânicos, e não há muita pressa, é que o Reino Unido se separará do pouco transparente e gigantesco sistema legislativo da União Europeia", escreveu em artigo publicado no Daily Telegraph.
O choque também atingiu o Partido Trabalhista, cujo líder, Jeremy Corbyn, viu mais da metade de seu gabinete pedir demissão em protesto por sua forma de conduzir a campanha do referendo.
Os deputados trabalhistas votarão nesta quarta-feira (29) uma moção de censura a seu líder. Se prosperar, o texto será submetido ao voto dos afiliados.
al-jz/eg/cc
O primeiro-ministro David Cameron confirmou que seu governo respeitará a vontade popular e anunciou a criação de um departamento especial de altos funcionários encarregado das complexas negociações para deixar a União Europeia (UE).
O Reino Unido não invocará o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que estabelece o início da saída de um membro da UE, até que tenha "uma visão clara dos novos acordos com seus vizinhos europeus", explicou Cameron ao Parlamento.
A resposta de Alemanha, França e Itália foi clara. Não haverá discussões formais e informais sobre a saída do Reino Unido da UE, "enquanto não houver um pedido de saída da UE", disse a chanceler alemã, Angela Merkel.
O esforço negociador deve se estender para terça e quarta-feira (28 e 29), quando acontece a cúpula da UE em Bruxelas. A reunião contará com a participação de Cameron.
A incerteza que ronda o processo impacta de forma especial os mercados, e empresários e investidores já fazem planos para deslocar atividades.
A Standard&Poor's rebaixou a nota "AAA" do Reino Unido para "AA", com perspectiva negativa.
A Bolsa de Londres caiu 2,55% no fechamento, e o impacto foi especialmente ruim nos setores bancário e imobiliário e para as companhias aéreas.
A desconfiança em relação ao euro e à libra esterlina permanece: às 21H00 GMT (18H00 horário de Brasília), o euro era cotado a 1,1022 dólares contra 1,1112 de sexta-feira. A libra esterlina era cotada a 1,3228 dólares contra 1,3670 da sessão anterior.
Além dos maus resultados do mercado, a agência de classificação de risco Standard and Poor's (S&P) rebaixou em dois níveis a nota da dívida do Reino Unido, de AAA para AA, por causa do Brexit.
"O Brexit pode desembocar em uma piora dos resultados econômicos do Reino Unido, incluindo seu grande setor financeiro, que é um grande gerador de emprego", explicou.
Mais tarde foi a vez da agência Fitch fazer o mesmo. A classificadora de risco Fitch rebaixou em um nível a nota do Reino Unido.
A dívida britânica passou de AA+ para AA com perspectiva negativa, o que significa que poderá ser novamente rebaixada nos próximos meses.
Um quinto dos dirigentes empresariais britânicos prevê deslocar parte de suas atividades, enquanto que dois terços considera que o Brexit é negativo para seus negócios, revela uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira.
O Tesouro americano alertou, por sua vez, que o Brexit representa outro desafio "desfavorável" para a economia mundial.
- Incidentes xenófobos -À tensão política e financeira somaram-se alguns incidentes xenófobos em diferentes pontos do país.
Um centro cultural polonês em pleno centro de Londres amanheceu com pichações racistas. Já no sul da Inglaterra, em Huntingdon, apareceram folhetos exigindo que os poloneses deixem o país, o que motivou uma queixa na embaixada.
Uma parte dos eleitores pró-Brexit diz que há muitos imigrantes no país, e a comunidade polonesa no Reino Unido é a mais numerosa dos países da UE, com aproximadamente 654.000 membros, segundo o censo de 2011.
A deputada britânica pró-UE Jo Cox foi assassinada há duas semanas em plena campanha pelo referendo por um homem com simpatias neonazistas, causando comoção na classe política.
Cameron condenou esses ataques "desprezíveis" e assegurou que seu governo permanecerá vigilante.
A intenção de Londres é preservar os direitos de milhões de trabalhadores europeus no país para que não haja uma reação que prejudique seus pensionistas e trabalhadores no restante da UE.
- Melhor acordo -Cameron também espera conter os anseios separatistas da Escócia, uma região que votou contra o Brexit e cujo governo nacionalista ameaça com uma consulta independentista, após a de 2014.
No Congresso, o chefe de governo britânico assegurou que tanto o Parlamento escocês como o da Irlanda do Norte serão consultados durante a negociação da saída. Reiterou, contudo, que o interesse para ambos passa por obter "o melhor acordo" para o Reino Unido.
- 'Que ninguém perca a cabeça' -"É absolutamente essencial que nos mantenhamos concentrados, que ninguém perca a cabeça e aja sem pensar", pediu o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, que após visitar Bruxelas passou por Londres.
Nessa mesma linha, manifestou-se o conservador Boris Johnson, líder da campanha do Brexit e o mais cotado para substituir Cameron.
"A única mudança na vida dos britânicos, e não há muita pressa, é que o Reino Unido se separará do pouco transparente e gigantesco sistema legislativo da União Europeia", escreveu em artigo publicado no Daily Telegraph.
O choque também atingiu o Partido Trabalhista, cujo líder, Jeremy Corbyn, viu mais da metade de seu gabinete pedir demissão em protesto por sua forma de conduzir a campanha do referendo.
Os deputados trabalhistas votarão nesta quarta-feira (29) uma moção de censura a seu líder. Se prosperar, o texto será submetido ao voto dos afiliados.
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