Imprensa se arma para novos combates com Trump na Casa Branca
Washington, 19 Jan 2017 (AFP) - Ele classificou um proeminente portal de notícias de "pobre pedaço de lixo" e criticou um repórter político veterano, acusando-o de ser fornecedor de "notícias falsas".
O presidente eleito americano, Donald Trump, em guerra contra os meios de comunicação desde que sua campanha começou, parece estar afiando seus ataques contra as organizações que desafiam seus pontos de vista, agora que se prepara para ocupar o Salão Oval.
A equipe de Trump insinuou que pode tirar da Casa Branca alguns grupos de imprensa e tomar determinadas medidas para restringir o acesso dos meios de comunicação à nova administração.
Embora muitos presidentes americanos tenham tido relações tensas com os meios de comunicação, Trump fez da depreciação da imprensa um elemento central da mensagem de sua campanha, prenunciando uma relação complicada para os próximos anos.
Em sua primeira e única coletiva de imprensa desde sua eleição, em 11 de janeiro, o futuro presidente começou atacando o site BuzzFeed News por publicar o que ele considera um relatório falso sugerindo que a Rússia tinha informações comprometedoras sobre ele.
Descrevendo este site como uma "pobre pedaço de lixo", Trump disse que "sofrerá as consequências".
Quando o correspondente da CNN para a Casa Branca, Kim Acosta, cuja rede informou sobre as mesmas alegações, pediu para fazer uma pergunta, o presidente eleito disse: "Você não" e, voltando a atacar: "Vocês são notícias falsas".
Matt Gertz, um membro de alto escalão do grupo de vigilância dos meios de comunicação Media Matters for America, afirmou que o magnata demonstrou em apenas um evento como pensa em maltratar os meios de comunicação.
- Precedente perigoso -"Vai pretender ilegalizar canais de notícias que fornecem coberturas críticas, tentar colocar uns contra os outros, recompensar os bajuladores das fontes pró-Trump e encorajar alguns a segui-lo em sua liderança", disse Gertz em um post em um blog.
Trump parece, no entanto, ter alcançado uma trégua com o New York Times após uma sessão pós-eleições com o jornal, e parece estar em bons termos com algumas redes, como a de direita Breitbart News.
Mas permanece atacando outras organizações de notícias, especialmente a CNN, ao tuitar que a gigante da tv a cabo "está afundando completamente com suas FALSAS NOTÍCIAS porque suas taxas estão desabando desde as eleições e em breve sua credibilidade terá desaparecido!".
O presidente do Clube Nacional da Imprensa, Thomas Burr, disse que a utilização da hashtag "notícia falsa" para desprestigiar histórias que não lhe convinham abria um precedente muito perigoso.
Este movimento pretende "desacreditar as novas organizações, cujas coberturas lhe desagradam" e "pode fomentar uma falta de respeito perigosa para os jornalistas que, embora às vezes tenham falhas, fazem o melhor que podem para informar ao público", estimou Burr.
- Punindo a imprensa -O jornalista russo Alexey Kovalev observa no tratamento de Trump à imprensa reminiscências do que o presidente de seu país, Vladimir Putin, faz em Moscou.
"Os fatos não importam", escreveu Kovalev em um post em um blog após a coletiva de imprensa de Trump. "Não pode ferir este homem com fatos ou raciocínios. Sempre será mais hábil que você".
A colunista Margaret Sullivan do Washington Post disse que prevê tempos horríveis com Trump "punindo jornalistas por fazer seu trabalho" e que suspeita que sua administração "estará provavelmente invadida de investigadores e perseguições a repórteres".
Lucy Dalglish, decana de jornalismo da Universidade de Maryland, disse que a postura do milionário na coletiva de imprensa não era surpreendente.
"É seu estilo, e acredito que veremos mais do mesmo", afirmou, alertando para o risco de os meios de comunicação e o público se deixem distrair pelo "teatro" ante as questões políticas mais importantes.
"Espero que meus colegas na imprensa saibam como manter o controle para cobrir os temas que preocupam as pessoas e não se distraiam quando o presidente os perturbar", disse Dalglish.
- Efeitos positivos -Alguns, no entanto, acreditam que o tratamento hostil do governo aos meios de comunicação pode ter um efeito positivo, já que impulsionará a imprensa a desempenhar seu papel de inspetora em relação ao poder.
Nos últimos anos, explica Joel Kaplan, decano associado de jornalismo na Universidade de Syracuse, os jornalistas da Casa Branca se converteram em "cenógrafos, mais que jornalistas".
"As pessoas sentem que há uma necessidade de verdadeiros jornalistas em campo", disse.
Josh Marshall, editor do TalkingPointsMemo, opina que os medos das campanhas de intimidações e retribuições são exagerados.
"Os Estados Unidos não são a Rússia. E não acredito que possa se tornar a Rússia", escreveu. "Os jornalistas devem ser incólumes e agressivos, e com certo senso de humor até que algo os previna de mantê-lo".
O redator Jack Shafer, do Político, disse que a imprensa "deve começar a pensar em cobrir o Washington de Trump como uma zona de guerra, onde um conflito é seguido por outro, onde a neblina impede a obtenção de informação direta dos combatentes e onde as missões são questão de vida ou morte".
"Quanto mais duramente Trunp lidar com a imprensa, e não parece que vai diminuir a pressão, mais elevará os jornalistas aos olhos de muitos eleitores", afirmou.
"A seu modo, Trump nos tornou livres", concluiu Shafer.
O presidente eleito americano, Donald Trump, em guerra contra os meios de comunicação desde que sua campanha começou, parece estar afiando seus ataques contra as organizações que desafiam seus pontos de vista, agora que se prepara para ocupar o Salão Oval.
A equipe de Trump insinuou que pode tirar da Casa Branca alguns grupos de imprensa e tomar determinadas medidas para restringir o acesso dos meios de comunicação à nova administração.
Embora muitos presidentes americanos tenham tido relações tensas com os meios de comunicação, Trump fez da depreciação da imprensa um elemento central da mensagem de sua campanha, prenunciando uma relação complicada para os próximos anos.
Em sua primeira e única coletiva de imprensa desde sua eleição, em 11 de janeiro, o futuro presidente começou atacando o site BuzzFeed News por publicar o que ele considera um relatório falso sugerindo que a Rússia tinha informações comprometedoras sobre ele.
Descrevendo este site como uma "pobre pedaço de lixo", Trump disse que "sofrerá as consequências".
Quando o correspondente da CNN para a Casa Branca, Kim Acosta, cuja rede informou sobre as mesmas alegações, pediu para fazer uma pergunta, o presidente eleito disse: "Você não" e, voltando a atacar: "Vocês são notícias falsas".
Matt Gertz, um membro de alto escalão do grupo de vigilância dos meios de comunicação Media Matters for America, afirmou que o magnata demonstrou em apenas um evento como pensa em maltratar os meios de comunicação.
- Precedente perigoso -"Vai pretender ilegalizar canais de notícias que fornecem coberturas críticas, tentar colocar uns contra os outros, recompensar os bajuladores das fontes pró-Trump e encorajar alguns a segui-lo em sua liderança", disse Gertz em um post em um blog.
Trump parece, no entanto, ter alcançado uma trégua com o New York Times após uma sessão pós-eleições com o jornal, e parece estar em bons termos com algumas redes, como a de direita Breitbart News.
Mas permanece atacando outras organizações de notícias, especialmente a CNN, ao tuitar que a gigante da tv a cabo "está afundando completamente com suas FALSAS NOTÍCIAS porque suas taxas estão desabando desde as eleições e em breve sua credibilidade terá desaparecido!".
O presidente do Clube Nacional da Imprensa, Thomas Burr, disse que a utilização da hashtag "notícia falsa" para desprestigiar histórias que não lhe convinham abria um precedente muito perigoso.
Este movimento pretende "desacreditar as novas organizações, cujas coberturas lhe desagradam" e "pode fomentar uma falta de respeito perigosa para os jornalistas que, embora às vezes tenham falhas, fazem o melhor que podem para informar ao público", estimou Burr.
- Punindo a imprensa -O jornalista russo Alexey Kovalev observa no tratamento de Trump à imprensa reminiscências do que o presidente de seu país, Vladimir Putin, faz em Moscou.
"Os fatos não importam", escreveu Kovalev em um post em um blog após a coletiva de imprensa de Trump. "Não pode ferir este homem com fatos ou raciocínios. Sempre será mais hábil que você".
A colunista Margaret Sullivan do Washington Post disse que prevê tempos horríveis com Trump "punindo jornalistas por fazer seu trabalho" e que suspeita que sua administração "estará provavelmente invadida de investigadores e perseguições a repórteres".
Lucy Dalglish, decana de jornalismo da Universidade de Maryland, disse que a postura do milionário na coletiva de imprensa não era surpreendente.
"É seu estilo, e acredito que veremos mais do mesmo", afirmou, alertando para o risco de os meios de comunicação e o público se deixem distrair pelo "teatro" ante as questões políticas mais importantes.
"Espero que meus colegas na imprensa saibam como manter o controle para cobrir os temas que preocupam as pessoas e não se distraiam quando o presidente os perturbar", disse Dalglish.
- Efeitos positivos -Alguns, no entanto, acreditam que o tratamento hostil do governo aos meios de comunicação pode ter um efeito positivo, já que impulsionará a imprensa a desempenhar seu papel de inspetora em relação ao poder.
Nos últimos anos, explica Joel Kaplan, decano associado de jornalismo na Universidade de Syracuse, os jornalistas da Casa Branca se converteram em "cenógrafos, mais que jornalistas".
"As pessoas sentem que há uma necessidade de verdadeiros jornalistas em campo", disse.
Josh Marshall, editor do TalkingPointsMemo, opina que os medos das campanhas de intimidações e retribuições são exagerados.
"Os Estados Unidos não são a Rússia. E não acredito que possa se tornar a Rússia", escreveu. "Os jornalistas devem ser incólumes e agressivos, e com certo senso de humor até que algo os previna de mantê-lo".
O redator Jack Shafer, do Político, disse que a imprensa "deve começar a pensar em cobrir o Washington de Trump como uma zona de guerra, onde um conflito é seguido por outro, onde a neblina impede a obtenção de informação direta dos combatentes e onde as missões são questão de vida ou morte".
"Quanto mais duramente Trunp lidar com a imprensa, e não parece que vai diminuir a pressão, mais elevará os jornalistas aos olhos de muitos eleitores", afirmou.
"A seu modo, Trump nos tornou livres", concluiu Shafer.
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