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Bolsa de São Paulo fecha a 74.319 pontos, seu recorde histórico

11/09/2017 19h39

São Paulo, 11 Set 2017 (AFP) - A Bolsa de Valores de São Paulo registrou, nesta segunda-feira (11), 74.319 pontos, uma alta de 1,7%, estimulada, entre outros fatores, pelo enfraquecimento das denúncias de corrupção contra o presidente Michel Temer, segundo especialistas.

A marca histórica anterior do Ibovespa é de 20 de maio de 2008, quando o índice atingiu 73.516 pontos. A bolsa está há três semanas acima dos 70.000 pontos e acumula alta de 23,4% em um ano.

Segundo André Perfeito, da Gradual Investimentos, três fatores encorajaram os investidores, entre eles, as novas evidências que levaram à suspensão do acordo de leniência com a JBS - que deram início às acusações de corrupção contra Temer. Essa situação pode abrir espaço para o avanço das reformas almejadas pelo mercado, começando pela previdenciária.

Os outros dois fatores que incentivaram a alta foram o fim da recessão e os excedentes de liquidez internacional, que favorecem a compra de títulos brasileiros.

"O mercado está muito interessado nas reformas do Temer e essa história [da prisão dos sócios] da JBS dá a entender que o presidente não vai ter que fazer esforço para se defender e, sim, para passar as reformas econômicas", disse Perfeito.

A Procuradoria Geral da República revogou a imunidade concedida aos empresários ligados à JBS, Joesley Batista e Ricardo Saud, cujas delações haviam baseado a acusação de corrupção passiva de Temer.

Por causa das denúncias, entre meados de maio e julho, o Ibovespa oscilou entre 60.000 e 65.000 pontos. A sequência de valorização começou em agosto, mês em que acumulou 7,4% de alta, influenciado, em grande medida, pelos anúncios de privatização de dezenas de ativos estatais.

- 'Otimista demais' -Para Tereza Fernandes, sócia-diretora da MB Associados, esta segunda-feira apenas consolidou o movimento de alta registrado nas últimas semanas.

A economista afirma que essa tendência ficou evidente, sobretudo, nas ações das empresas ligadas a matérias-primas, como a Vale e a Petrobras.

"Para a Vale, o avanço dos preços do ferro têm sido um fator fundamental, que repercute todo dia na Bolsa, mas no caso da Petrobras, a recuperação da empresa liderada por uma nova gestão tem gerado também otimismo no mercado", comentou, por telefone.

André Perfeito acredita que a tendência ascendente deve se manter em 2017, apesar disso não dever ser interpretado como um sinal de melhoria real da economia.

"O Ibovespa não representa a economia brasileira, está muito [ligado] a bancos e commodities", advertiu Perfeito, para quem reina, no país, "um falso otimismo".

Neste ano, a economia registrou dois trimestres seguidos de expansão em comparação com o período anterior, depois de dois anos de retração do PIB. Mas, segundo Perfeito, tratam-se de melhorias conjunturais. "Acho que todo mundo está otimista demais (...). Mas, em 2018, tem uma série de questões que ainda estão abertas", completou.

As ações ordinárias e preferenciais da Eletrobras lideraram os avanços do dia, com altas de 7,06% e 5,97%, respectivamente. Os papéis ordinários da Vale foram os mais negociados, com valorização de 1,77%, seguidos pelos preferenciais da Petrobras (+1,90%).

Apesar da recessão e da crise política, a Bovespa fechou 2016 com avanço de 38,9%, a 60.227 pontos, seu primeiro ano no verde desde 2012. Em 2015, quando o país estava no auge da crise econômica, teve baixa de 13%.

Nesta segunda, foram negociados 3,058 bilhões de reais na Bovespa, em 1.154.795 operações.