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Banco Central voltará a cortar taxa Selic, mas em ritmo menor (analistas)

24/10/2017 09h15

Brasília, 24 Out 2017 (AFP) - O Banco Central brasileiro reduzirá nesta quarta-feira (25) sua taxa básica em 0,75 ponto percentual, a 7,50%, quase a metade do nível de há um ano, quando iniciou um ciclo de cortes para dinamizar uma economia estagnada, afirmaram analistas.

O corte, no entanto, será menor que nos últimos meses devido a dúvidas sobre a capacidade do presidente Michel Temer, desgastado pelas denúncias de corrupção, de levar adiante a reforma do sistema previdenciário, pedida pelo mercado, segundo os analistas.

Dos 33 especialistas consultados pelo jornal econômico Valor, 32 apostam em uma redução de 0,75 ponto percentual da taxa Selic, do atual 8,25% a 7,50%, em sua nona redução consecutiva.

A Selic ficaria, assim, próxima ao seu mínimo histórico de 7,25%, vigente de outubro de 2012 até abril de 2013.

E ficaria, inclusive, abaixo dessa marca se o Comitê de Política Monetária (Copom) do Bacen proceder, em sua última reunião do ano, em dezembro, a um novo corte de 0,50 ponto, até 7%, como prevê a maioria dos analistas.

A Selic, principal ferramenta da luta contra a inflação, situava-se, há um ano, em 14,25%, antes do início de uma série de quedas solicitadas pelos setores produtivos para estimular o investimento e o consumo em um país mergulhado na pior recessão de sua história.

A solicitação foi atendida, já que a inflação, que tinha chegado a 10,67% em 2015 e a 6,29% em 2016, começou a cair rapidamente.

A queda foi brusca, até o ponto de se situar, atualmente, abaixo do piso da meta fixada pelo Bacen (4,5% com uma margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo): o aumento de preços (índice IPCA) acumulado em doze meses foi de apenas 2,54% em setembro.

- Cautela política -Os cortes desta quarta e o antecipado para dezembro marcariam, no entanto, uma desaceleração em relação aos das últimas reuniões do Copom, quando chegaram a 100 pontos básicos (um ponto percentual).

Segundo Jason Vieira, da Infinity Asset Management, o Bacen optará por certa cautela ante as incertezas do mercado sobre a capacidade do presidente Temer de conseguir a aprovação de sua polêmica reforma da Previdência.

Esta reforma é fundamental na estratégia do governo para conseguir equilibrar as contas fiscais no vermelho depois de dois anos de recessão (o PIB brasileiro se contraiu 3,8% em 2015 e 3,6% em 2016, antes de iniciar este ao uma tímida recuperação).

"Após um ano de cortes bastante intensos, agora estamos observando o problema fiscal que continua" e que "o imponderável da questão política é muito grande", disse Vieira à AFP.

Por isso, o Bacen considerará provavelmente que é o momento de "parar e observar o cenário para chegar a uma conclusão".

Temer, de 77 anos, espera ganhar com folga a votação na Câmara dos Deputados, que decidirá, na quarta-feira, se as acusações de organização criminosa e obstrução de Justiça contra ele devem ser analisadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ou congeladas até a conclusão de seu mandato, no final de 2018.

O presidente atendeu a demandas orçamentárias e políticas de diferentes grupos parlamentares para garantir seu apoio, assim como havia feito antes de vencer uma primeira votação similar, no início de agosto.

Mas isso reduziu suas cartas para conseguir apoio à reforma da Previdência.

"Temer vai se salvar, mas perderá a força política que teria para a reforma da Previdência por conta do que vai gastar para se manter no governo", afirma Vieira.