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Melhora da economia abre novos apetites políticos

28/11/2017 14h45

Rio de Janeiro, 28 Nov 2017 (AFP) - Os dados de emprego e crescimento que serão publicados nesta semana devem afastar o risco de uma volta à recessão, segundo especialistas. Isso pode beneficiar os partidários das políticas de ajuste do presidente Michel Temer nas eleições do ano que vem.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai divulgar, nesta quinta-feira (28), a taxa de desemprego de outubro. Segundo a consultoria Go Associados, ela teria caído pelo sétimo mês seguido, de 12,4% para 12,1%. No primeiro trimestre do ano, tinha alcançado um recorde de 13,7%.

Na sexta-feira, é a vez de o IBGE revelar a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, que, segundo a estimativa média de 31 economistas consultados pela Bloomberg, vai registrar um aumento de 0,3% ante o trimestre anterior. Esse seria o terceiro trimestre seguido de expansão.

O governo apresenta os avanços, bem como o controle da inflação, como provas da retomada da confiança depois do impeachment da Dilma Rousseff no ano passado.

A recuperação é lenta e encontra empecilhos como o fraco investimento e a dificuldade do governo de aprovar a reforma da Previdência Social - demandada pelo mercado para melhorar o elevado déficit público. Marcado por inúmeras denúncias de corrupção, o cenário político tampouco ajuda.

Especialistas indicam, porém, que esses sinais de melhoria econômica podem dar um impulso às candidaturas de centro, afastadas dos dois primeiros colocados em pesquisas de intenção de voto para a presidência em 2018 - o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o deputado Jair Bolsonaro (PSC).

O ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni prevê que o desemprego ficará "abaixo dos 10% no segundo trimestre de 2018", um resultado "crítico, na antevéspera do processo eleitoral".

"Acredito no pragmatismo do eleitor brasileiro. A classe média está preocupada com custo da vida, o emprego", e "o candidato que melhor capitalizar" isso será beneficiado, acrescentou Langoni, hoje diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

- Mudança de cenário político? -Segundo Langoni, a melhora da conjuntura será um importante argumento para candidatos que queiram defender o legado do governo Temer.

Um dos nomes mais citados para essa missão é o atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que também foi presidente do BC durante o governo de Lula.

Embora tente se esquivar das especulações, Meirelles disse à revista Veja, nesta segunda-feira, que vai anunciar sua decisão no começo de 2018.

Temer não dá sinais de que vá se candidatar. Entretanto, Murilo Aragão, da consultoria de risco político Arco Advise, disse à AFP que "sua candidatura é uma questão de circunstâncias".

Contudo, se ganhar força política, Temer pode conseguir aprovar a reforma da Previdência, influenciando ainda mais a designação de seu sucessor, avaliou.

- Inflação e juros estimulam consumo -Operadores de mercado preveem um crescimento do PIB de 0,73% para este ano, e de 2,58%, em 2018, segundo a última pesquisa semanal Focus, do BC, que aumentou a estimativa, em comparação com os 2,50% projetados há duas semanas.

Enquanto o crescimento do primeiro trimestre (+1%) foi estimulado pelo setor agrícola e o do segundo (+0,2%), pelos serviços, a expansão do PIB entre julho e setembro deve ter como motor o consumo das famílias, graças à queda da inflação e das taxas de juros, de acordo com Langoni.

No acumulado de 12 meses em outubro, a inflação ficou em 2,70%. A alta dos preços tinha chegado a 10,67%, em 2015, e a 6,29%, em 2016.

Essa retração permitiu ao BC reduzir substancialmente a taxa básica de juros Selic, de 14,25%, em outubro de 2016, para 7,50%, no mês passado. O mercado espera um novo corte na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em 6 de dezembro.