Maduro reajusta mínimo em 95,4% em meio à inflação galopante
Caracas, 30 Abr 2018 (AFP) - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reajustou nesta segunda-feira (30) em 95,4% o salário mínimo, em meio a uma hiperinflação que devora a renda dos venezuelanos.
Trata-se do terceiro reajuste do ano, que coloca o salário em 2.555.500 bolívares, equivalentes a US$ 37 pela cotação oficial e a US$ 3,2 no mercado paralelo. A renda mínima inclui o salário (1 milhão) e um bônus de alimentação (1,5 milhão).
O presidente também anunciou que nesta terça-feira (1º), por motivo do Dia do Trabalhador, entregará um bônus aos funcionários públicos de 1,5 milhão de bolívares (US$ 21,5 pela taxa oficial e quase US$ 2 no mercado paralelo).
Apesar do elevado reajuste, com a renda mínima se consegue comprar hoje apenas dois quilos de frango, em um contexto de hiperinflação que pode superar os 13.800% este ano, segundo o FMI.
"Em tempo de revolução, como nunca antes na história, a política que o comandante Hugo Chávez impulsionou desde sempre e que eu aperfeiçoei, é cuidar da classe trabalhadora (...), cuidar permanentemente de sua renda", disse o presidente socialista.
Economistas criticam reajustes
Maduro, candidato à reeleição na votação antecipada de 20 de maio, reajustou a renda mínima cinco vezes em 2017.
Economistas como Jesús Casique criticam os constantes ajustes salariais, por considerar que aumentam o custo de vida e não são acompanhados de um "plano anti-inflacionário" e de "disciplina fiscal e monetária".
O candidato opositor nas eleições presidenciais, Henri Falcón, criticou o aumento, garantindo que "não é proporcional aos níveis de hiperinflação".
"Este é o único país onde os habitantes se entristecem com um aumento, porque em questão de segundos se pulveriza. A dolarização do salário garante o valor do trabalho", escreveu no Twitter, reiterando sua proposta de iniciar seu governo com um salário mínimo de US$ 75.
Cerca de 13 milhões de trabalhadores recebem salário mínimo ou o chamado "cesta ticket" em uma população economicamente ativa de 19,5 milhões, segundo o governo.
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