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Serge Dassault, industrial e chefe de imprensa

28/05/2018 15h59

Paris, 28 Mai 2018 (AFP) - Serge Dassault, falecido nesta segunda-feira (28) aos 93 anos, viveu sua vida à sombra de seu pai, construtor de aviões militares e chefe de imprensa, conseguindo fazer prosperar sua herança, mas manchando suas conquistas com escândalos políticos.

O herdeiro do império Dassault esteve durante muito tempo na sombra de seu pai o pioneiro da aviação Marcel Bloch-Dassault, deportado durante a Segunda Guerra Mundial, engenheiro e inventor dos Ouragan, Mystère e Mirage, dono da revista Jours de France e deputado gaullista falecido em 1986, aos 94 anos.

Nascido em 4 de abril de 1925, Serge entrou na empresa da família aos 26 anos, egresso da Escola Politécnica como engenheiro aeronáutico. Mas atuou somente na filial Dassault Electronique, da qual se tornou presidente executivo em 1967.

"Quando entrei na empresa, senti que o incomodava", confessou ao semanário VSD em referência ao seu pai.

Serge "queria empreender, queria cargos mais importantes. Mas não havia lugar para dois", afirma à AFP o historiador Claude Carlier, autor de livros sobre Marcel e Serge Dassault.

Na Dassault Électronique suas capacidades despertaram opiniões contraditórias. Sagaz e astuto para uns, ingênuo, sem diplomacia e "de estilo abrupto" para outros.

Com a morte de Marcel Dassault, o Estado, acionista de 46% do grupo, considerou Serge como pouco capaz para sucedê-lo. Mas conseguiu se assemelhar ao pai após batalhar seis meses.

Percorreu o mundo para promover seus Mirage e o mais recente Rafale. Mas isso lhe valeu um julgamento na Bélgica, onde foi condenado em 1998 a dois anos de prisão em suspenso por corrupção ativa.

Em 2000, deixou a presidência da Dassault Aviation, mas mantendo a do holding familiar Groupe Industriel Marcel Dassault (GIMD).

Paralelamente com seus interesses industriais, se lançou na política, assim como seu pai, embora esta carreira fosse posteriormente atingida por escândalos.

Em fevereiro de 2017, Serge Dassault evitou a prisão somente por sua idade. A Justiça o considerou culpado de evasão impositiva por esconder milhões de euros em Luxemburgo, Liechtenstein e nas Ilhas Virgens.

Foi multado em dois milhões de euros e ficou proibido de se apresentar a um cargo público eleito por cinco anos.

Em abril de 2014, foi acusado de comprar votos, cumplicidade ilegal em financiamento de campanha eleitoral e de se exceder em gastos quando era prefeito de Corbeil-Essonnes, entre 1995 e 2009.

Em 1998, Dassault foi condenado a dois anos de prisão em suspenso na Bélgica por subornar membros do Partido Socialista desse país para obter um contrato para a venda de helicópteros às Forças Armadas belgas.

Aos 75 anos, começou a se dedicar à imprensa depois de comprar o grupo Valmonde (que edita a revista Valeurs Actuelles) e depois a Socpresse, do grupo Hersant, em 2004.

Chegou a controlar até 70 publicações, entre elas o jornal Le Figaro e a revista L'Express, além do clube de futebol Nantes. Dois anos mais tarde vendeu grande parte das publicações e ficou com o Le Figaro.

O industrial estava à frente da terceira maior fortuna da França, com ativos de 14,8 bilhões de dólares, segundo a revista Forbes.

Teve quatro filhos, todos com cargos no Conselho de Vigilância do holding familiar. Em 2014 detalhou as modalidades de sua sucessão: seu homem de confiança e diretor-geral do GIMD, Charles Edelstenne, o sucederá "automaticamente".

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