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Bolsa argentina despenca, mas queda do peso é controlada

18/06/2018 19h02

Buenos Aires, 18 Jun 2018 (AFP) - A Bolsa de Buenos Aires despencou mais de 8% nesta segunda-feira, um derretimento provocado pelas fortes quedas das ações de empresas de energia e dos bancos, no contexto da crise cambial que forçou o país a pedir auxílio ao FMI, embora a moeda tenha controlado sua queda.

O índice Merval da Bolsa de Buenos Aires caiu a 27.636 unidades, "pressionado pelas ações da companhias energéticas, que se desvalorizaram após a saída de Juan José Aranguren do Ministério de Energia", informou o portal especializado ámbito.com.

A taxa de câmbio fechou em 28,40 pesos por dólar, uma valorização de 1,58%, na véspera de uma nova "super-terça" pela renovação da dívida do Banco Central, equivalente a quase um terço de suas reservas.

Se os investidores não renovarem a dívida, a pressão sobre a taxa de câmbio deve crescer devido ao aumento da demanda por dólares.

- Reajustes do mercado -"Como um governo com uma minoria parlamentar, o do presidente Mauricio Macri se propôs, desde que assumiu em 2015, enfrentar o déficit com um plano gradualista. Mas esse projeto se esgotou. Ele emprestou 70 bilhões no exterior e acabou o crédito externo da Argentina", disse o economista Ramiro Castiñeira à AFP.

"A Argentina foi ao FMI para pedir mais crédito, e foi concedido, mas sob a condição de acelerar a redução do déficit fiscal, o mercado acionário está respondendo à realidade de que há menos crédito externo, os mercados estão se adaptando", explicou.

Para enfrentar a pior crise de confiança desde que assumiu o cargo, Macri substituiu na semana passada o presidente do Banco Central, Federico Sturzenegger, pelo ministro das Finanças, Luis Caputo.

Surpreendentemente, neste sábado, ele também demitiu dois importantes membros do Gabinete - Aranguren, ex-presidente da Shell Argentina, e o ministro de Produção, Francisco Cabrera, vinculado a uma poderosa rede de farmácias.

Mas as ações dos bancos também caíram, frente às novas medidas do Banco Central, agora sob o comando de Caputo, que já foi do Deustsh Bank. Seu objetivo é limitar uma corrida cambial que fez o peso perder quase 35% de seu valor desde janeiro.

- Pessimismo na Bolsa -A queda da bolsa é "a primeira reação do mercado à designação de Javier Iguacel para a pasta de Energia, onde espera-se que ele leve à frente um processo moderado de ajuste de tarifas de serviços, diferentemente de seu antecessor, que impulsionou um forte salto dos quadros tarifários", apontou a ámbito.com.

Para o Ministério de Produção foi nomeado Dante Sica, economista que trabalhou no governo peronista de Eduardo Duhalde (2002-2003).

A queda das ações dos bancos é ligada às medidas anunciadas pelo Banco Central nesta segunda-feira, que tendem a tirar liquidez do mercado, para que grandes investidores não continuem fugindo para o dólar.

Investidores esperam que o FMI entregue, nesta semana, o primeiro desembolso de 15 bilhões de dólares de um crédito "stand by" global de 50 bilhões a três anos, em troca de um plano de ajuste fiscal que leve a zero, em 2020, o déficit que foi de 3,9% do PIB em 2017.

As reservas monetárias perderam quase 15 bilhões de dólares desde janeiro, alcançando 48 bilhões devido à corrida. A inflação deste ano é calculada entre 27% e 32%, de acordo com o FMI.

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