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Rússia e Arábia Saudita querem convencer petroleiros a aumentar cotas

19/06/2018 15h01

Viena, 19 Jun 2018 (AFP) - Rússia e Arábia Saudita vão tentar convencer seus sócios petroleiros a aumentar as cotas de produção de petróleo, em uma reunião nesta semana em Viena, uma decisão que não tem consenso.

Desde 2016, os 14 membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) e outros 10 países produtores, entre eles Rússia e México, têm um acordo para limitar a produção.

O pacto rendeu frutos, com preços em alta que no segundo trimestre de 2018 superam os 70 dólares o barril, comparados aos menos de 30 dólares que valiam no começo de 2016.

O acordo atual, renovado no ano passado, obriga os 24 países (a chamada Opep+, que reúne mais de 50% da produção mundial) a reduzir sua produção em um total de 1,8 milhão de barris diários.

Mas a mudança de contexto e a possibilidade de novas sanções econômicas contra o Irã, bem como a queda da produção na Venezuela, entre outras razões, levaram a Rússia e a Arábia Saudita, as mais importantes produtoras do grupo, a querer aumentar a cota.

A questão que será discutida em duas reuniões programadas para sexta-feira e sábado em Viena.

No entanto, muitos países estão relutantes, começando pelo Irã. Por um lado, o governo iraniano está sob ameaça de novas sanções norte-americanas que o impedem de aumentar a produção e, por outro, teme que a medida faça com que os preços caiam.

"Esta reunião será muito politizada", prevê a AFP Amrita Sen, analista da Energy Aspects.

- Críticas de Trump -Somam-se às tensões as novas críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à Opep - ele considera o preço dos combustíveis excessivamente alto.

"Os preços do petróleo são muito altos, a Opep voltou a fazer isso. Não é bom!", escreveu Trump no Twitter na semana passada.

Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), apenas alguns países, como Arábia Saudita, Rússia, Emirados Árabes Unidos e Kuwait, têm capacidade de aumentar sua produção.

Os demais, como o Irã ou a Venezuela, preferem garantir preços altos para vender sua produção limitada de petróleo.

"No caso da Venezuela, não importa o que disserem [nas reuniões em Viena], porque eles não podem fazer nada", opina Bjarne Schieldrop, analista do SEB.

Na semana passada, a Agência Internacional de Energia (AIE) alertou especificamente para o declínio da produção de petróleo na Venezuela e no Irã nos próximos meses.

Segundo dados da Opep, o país latino produziu 1.392.000 barris por dia em maio, uma queda significativa em comparação com os mais de 2 milhões de barris por dia que extraiu em 2016.

"O problema da Venezuela não são as sanções dos Estados Unidos, as sanções são secundárias, essa não é a razão da queda na produção. A produção da Venezuela está caindo há anos sem investimentos, eles não têm dinheiro", destaca Sen.

Apesar das posições de cada país, muitos veem um acordo possível. "No final, guerra é guerra e negócios são negócios, a Opep sempre conseguiu superar muitas diferenças", diz o analista.

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